Entenda o projeto voluntário que presta assistência psicológica e jurídica a mulheres vítimas de violência
Foi formalizada uma rede solidária composta por 10 voluntárias, entre psicólogas e advogadas, desde que a Câmara promulgou uma resolução.
Inicialmente desenvolvido pela psicóloga Lara Corrêa Faria e pela coordenadora da Ouvidoria, Maria Clara Dunck, em março de 2021, o projeto voluntário foi formalizado após a promulgação da resolução, de iniciativa da vereadora Aava Santiago (PSDB), em agosto deste ano, completando dois meses na última segunda-feira (25/10). Desde então, foram realizados atendimentos, que incluem acolhimento e encaminhamento das vítimas de violência a órgãos e instituições voltados aos direitos das mulheres.
As vítimas são assistidas por 10 profissionais, além de quatro entidades parceiras. Algumas voluntárias se dedicam à causa a partir de experiência pessoal e familiar marcada pela violência de gênero.
Michelle Evangelista Gonçalves é psicóloga há 20 anos e aceitou ser voluntária do projeto depois de perder sua irmã, vítima de feminicídio. “Há 03 anos atrás perdi minha única irmã, Giselle Evangelista Gonçalves, ela era advogada, assessora de juíza da vara da infância e juventude; ou seja muito inteligente e bem informada, mas nada disso conseguiu evitar a tragédia. Pude observar que quando a vítima está nesta situação de vulnerabilidade, se ela não se abrir ou contar com um apoio profissional qualificado, o pior acontecerá. Sendo assim, ao tomar conhecimento deste projeto da Ouvidoria da Mulher, me interessei de imediato. Gostaria de, através de minha formação e experiência, poder ajudar outras mulheres, como, infelizmente, não consegui com minha irmã”, explicou a psicóloga.
Foi formalizada uma rede solidária composta por 10 voluntárias, entre psicólogas e advogadas, desde que a Câmara promulgou uma resolução. O atendimento a vítimas de violência de gênero também é prestado pela organização não-governamental L.A.R (Lugar de Afeto e Respeito), por uma clínica particular de psicologia e por estudantes de Direito, em estágio obrigatório, das Faculdades Sulamericana e Uniaraguaia.
“Com base na resolução, formalizamos um contrato em que a Câmara e o voluntário definem as regras para a prestação do serviço, sem nenhum ônus para o poder público. Todo o atendimento é gratuito e desenvolvido por profissionais compromissadas com os direitos das mulheres, em alguns casos com histórico familiar e pessoal marcado pela violência”, explica Aava, que é ouvidora da mulher na Câmara.
Uma das idealizadoras do projeto, a psicóloga Lara Corrêa Faria contou que a principal ajuda se dá através do acolhimento. “Tem mulheres que estão sendo ameaçadas de morte e não sabem como agir; mulheres que sofreram violência física e não sabem como proceder diante do fato. Tem também mulheres que sofreram violência doméstica há anos atrás, não conseguiram superar o fato e buscam auxílio psicológico. Tem mulheres que não tem o que comer. Tem mulheres que sofreram violência doméstica e estão em busca de pensão, mas não tem dinheiro para pagarem um advogado”, explicou.
“É muito importante o momento em que aquela mulher é escutada e acolhida, pois através dos encaminhamentos conseguimos distinguir a demanda dela. Algumas necessitam de esclarecimentos quanto a seus direitos, em alguns casos acompanhamos a mulher no processo de denúncia, algumas são encaminhadas para tratamento psicoterápico, para aconselhamento jurídico, etc”, finalizou Lara.
Em cada caso, elas avaliam a necessidade de atendimento jurídico, acompanhamento psicológico ou encaminhamento às Polícias Civil ou Militar ou à Guarda Civil Metropolitana. Quando se encontram em situações de maior vulnerabilidade, as mulheres são direcionadas a serviços públicos para organizar documentos e conseguir proteção social, como o acesso a doações e programas de renda mínima.
O apoio da Ouvidoria pode ser acionado pelo whatsapp (62) 98222 2434, pelo instagram @ouvidoriadamulher e pelo email [email protected]
Campanha Mães na Cidade
A Ouvidoria também desenvolve campanha permanente de arrecadação de doações para mães em situação de vulnerabilidade social, desde alimentos não-perecíveis até kits de higiene e limpeza. O material é doado a mulheres vítimas de violência assistidas pela Patrulha Mulher Mais Segura da Guarda Civil Metropolitana e por mães que integram a Associação de Microcefalia e Outras Malformações por Zika Vírus, a Amiz Goiás. As doações podem ser feitas na sala da Ouvidoria no prédio da Câmara ou pelo pix 014578121-69, em nome de Maria Clara Dunk Santos.