Aos 92 anos, a atriz Fernanda Montenegro foi eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL) na última quinta-feira (4/11). A atriz, irá ocupar a cadeira 17, que foi de Afonso Arinos de Mello Franco, que faleceu em março de 2020. Para ser eleita, ela precisava de pelo menos 18 votos, contabilizando a metade, porém a eleição foi praticamente unânime, com 32 votos a favor do total de 34.

Considerada uma das melhores atrizes, é frequentemente referenciada como a grande dama do cinema e da dramaturgia do Brasil, a atriz iniciou sua carreira no ano de 1950, na peça Alegres Canções nas Montanhas, ao lado de seu marido, Fernando Torres. Dentre os inúmeros prêmios nacionais e internacionais que recebeu, vale lembrar que a atriz venceu um Emmy pelo especial “Doce de Mãe” e foi a única atriz brasileira indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1999 por “Central do Brasil”. Fernanda também lançou sua autobiografia em 2019, chamada de “Prólogo, Ato, Epílogo”, o livro narra sua carreira no rádio, teatro, cinema e televisão. Ela já foi até convidada para ocupar o Ministério da Cultura no governo dos presidentes José Sarney e Itamar Franco, porém apesar do grande apoio da classe artística e intelectual, porém recusou ambas as ofertas.

Em entrevista ao jornal O Globo, a atriz disse que ficou espantada que a academia escolhesse uma atriz como imortal, comentou o aumento da presença de mulheres na ABL e lamentou o governo do presidente Jair Bolsonaro. “Já não teve nenhuma mulher. Isso não vai parar. Vai chegar uma hora que talvez tenha mais mulheres do que homens. Certamente, a chegada das mulheres vai ter força e será aceito. É do tempo atual, da justiça em torno da existência humana”, explicou. 

Durante a entrevista também perguntaram como ela estaria se preparando para a vida acadêmica, Fernanda afirmou: “Estou lendo a biografia de meu antecessor e discursos históricos de posse. Estou completamente entregue ao conhecimento interno da Academia. Cada estreia a gente se prepara, de Sófocles a Samuel Beckett. Conversa com o elenco, com os colegas, com a direção… Mas agora estou diante de um mundo completamente novo para mim, que é entrar para uma Academia com a dimensão histórica que tem”. 

Mulheres da ABL 

Segundo o jornal Poder 360, Fernanda Montenegro é uma das poucas mulheres que conseguiram ingressar na Academia Brasileira de Letras e se destacar. A primeira delas foi a escritora Rachel de Queiroz, eleita em 4 de agosto de 1977 para ocupar a cadeira número 5.