Luiz Henrique Mandetta vice de Leite cria dilema para Ronaldo Caiado e Marconi
Adversários em Goiás, União Brasil e PSDB podem estar na mesma chapa para presidente, mas os líderes goianos não subirão ao mesmo palanque
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM/União Brasil) é cotado para ser candidato a vice-presidente na chapa do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, caso ele vença as prévias do PSDB contra o governador de São Paulo, João Doria.
A informação foi revelada pelo ex-governador Marconi Perillo durante uma reunião interna do PSDB goiano e a reportagem do jornal O Hoje teve acesso a uma parte do encontro por meio de um vídeo vazado.
“Se isso acontecer, como é que fica aqui em Goiás?”, questiona Marconi. “Nós, do PSDB, com candidato à Presidência da República, e esse partido [União Brasil], com Caiado candidato a governador e o vice na chapa do Eduardo Leite.”
No vídeo, o tucano conta que a possibilidade de Mandetta compor com Leite foi repassada a ele por uma pessoa que talvez seja “a mais influente de todas”.
Marconi fala especificamente sobre o governador gaúcho, mas também existe a chance de aliança entre o governador paulista e o ex-ministro da Saúde. No 14º Encontro de Líderes, realizado no dia 7 de outubro pela Comunitas, Mandetta, Leite e Doria se comprometeram a recuar de suas candidaturas e apoiar aquele que estiver mais forte.
“Imagina essa situação se houver uma composição desse partido com um dos nossos candidatos a presidente. Vai ser um negócio engraçado, né? Como é que vai ser o palanque aqui? Nós não misturamos com o Caiado. Ele não mistura com a gente”, afirma Marconi.
2018
Portanto, o ex-governador goiano reconhece que uma chapa para presidente com Leite e Mandetta pode causar um problema em Goiás, já que ele e Caiado são adversários no estado.
Nas eleições de 2018, ocorreu algo semelhante e que pode dar pistas sobre o comportamento no ano que vem, caso essa possibilidade comentada por Marconi se confirme.
Naquelas eleições, Geraldo Alckmin, do PSDB, foi candidato a presidente. Ele teve a ex-senadora Ana Amélia Lemos, do Progressistas (PP), como vice, e o apoio oficial do DEM à chapa.
Em Goiás, Marconi, claro, esteve ao lado do presidenciável do seu partido. Caiado, contudo, ficou neutro. Mesmo com a aliança entre DEM e PSDB, o contexto local o impediu de declarar voto em Alckmin.
No entanto, agora há duas importantes diferenças em relação a 2018. Primeiro, naquele ano, o DEM não participou diretamente da chapa. Em 2022, se tiver candidato a vice, o peso será maior.
Além disso, Mandetta é amigo pessoal de Caiado. Aliás, foi justamente o governador goiano que indicou o ex-ministro da Saúde para o cargo no governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Logo, com Mandetta na vice de Leite, Marconi e Caiado, de fato, terão um dilema. Ainda é cedo para bater o martelo sobre essa chapa e mais cedo ainda para prever o que ambos farão, mas existe uma certeza: não há chance alguma de eles estarem no mesmo palanque.
Prévias e fusão
As prévias do PSDB estão marcadas para o dia 21 de novembro. As principais projeções indicam Leite como favorito contra Doria. Ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio corre por fora.
O PSDB goiano está rachando sobre esse assunto. Enquanto Marconi tende a apoiar Doria, o ex-governador José Eliton e outras lideranças tucanos já emitiram nota a favor de Leite.
Quanto à União Brasil, este será o resultado da fusão entre DEM e PSL, oficializada no dia 6 de outubro. Ainda é necessário que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprove a medida, o que pode levar de três a quatro meses.
Com as saídas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (ex-DEM), e do apresentador José Luiz Datena (ex-PSL) para o PSD, restou Mandetta como o único presidenciável da União Brasil. (Especial para O Hoje)