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sábado, 23 de novembro de 2024
Opinião

Professoras de verdade

Por Luiz Carlos Amorim Recebi um pedido de entrevista dos alunos da professora Mariza, de Joinville. A professora trabalha com eles nas minhas obras e já fui lá conversar com eles, inclusive. Eles me pediram, em uma das questões, um conselho para os estudantes, no que diz respeito à leitura e à educação. Eu respondi […]

Postado em 28 de abril de 2022 por Redação

Por Luiz Carlos Amorim

Recebi um pedido de entrevista dos alunos da professora Mariza, de Joinville. A professora trabalha com eles nas minhas obras e já fui lá conversar com eles, inclusive. Eles me pediram, em uma das questões, um conselho para os estudantes, no que diz respeito à leitura e à educação. Eu respondi que deveriam ler muito e escrever também, mas sobretudo, aproveitassem ao máximo a professora que eles têm, uma pessoa dedicada que lhes incutiu o gosto pela literatura e desenvolveu neles a criatividade e capacidade de realização.

Luiz Carlos Amorim

Ao receber a mensagem da professora Edna, de Minas, falando de seus alunos e da sua luta para o mesmo objetivo da professora Mariza, de Joinville, não pude deixar de perceber as semelhanças e, principalmente, como temos bons professores por esse Brasil afora.

Disse-me a professora Edna que um de seus alunos lhe perguntou, outro dia, a propósito do empenho dela em fazê-los gostar de leitura: “Porque a senhora não desiste de nós?” A resposta da professora: “Jamais, se posso fazer diferença em sua vida. Se tento chamá-los para o mundo dos livros é porque acredito que vocês são capazes.”

E ela não desiste mesmo, assim como a professora Mariza em Joinville. Além do trabalho na sala aula, a professora Edna sai à rua para angariar livros para oferecer aos alunos, para formar novas bibliotecas na comunidade, para ampliar a biblioteca da escola, para colocar livros não só nas mãos dos estudantes, mas também nas mãos de todos os integrantes das suas famílias.

Quando digo, indignado, que estão desconstruindo a educação brasileira, que estão falindo os nossos sistemas de ensino, não falo de professores como dona Edna e a minha conterrânea Mariza, mulheres lutadores e valentes, com uma garra inesgotável, que agregam valor a essa profissão tão importante para o nosso futuro. Eu me atrevo a afirmar, inclusive, que é a profissão mais importante que há, porque é o professor que forma o cidadão que vai exercer todas as outras profissões pela vida afora, inclusive a de novos mestres.

Professora Edna, obrigado por não desistir de seus alunos. Professora Mariza, também. Meu tributo de respeito e admiração a vocês e a tantos outros professores do seu calibre, que honram a missão de transmitir conhecimento aos nossos filhos, para que eles sejam adultos educados e capazes no futuro e possam dirigir este nosso Brasil com mais honestidade e consciência.

Como disse a professora Edna, com muita propriedade, “se tiver um só de meus alunos  que se tornar leitor até o final do ano, com certeza a minha missão terá sido cumprida. Não vamos esperar que o Brasil mude apenas com as promessas dos políticos, porque essas podem demorar muito, se é que vão acontecer. Mas se posso mudar o mundo que me cerca, com certeza eu o farei.” Parabéns, professora. Com certeza, as coisas começam a mudar assim. Com alguém corajoso e dedicado fazendo alguma coisa ao s eu redor. Mas não esqueçamos, nós, pais dos estudantes, de cobrar de nossos governantes melhores condições de trabalho para nossos professores, um pagamento decente, condizente com a importância da profissão, qualificação sempre sendo atualizada. Nossos mestres merecem que cuidemos dele com a mesma dedicação que eles cuidam de nossos filhos.

E não esqueçamos, também, de incluirmos o respeito e reconhecimento de nossos filhos por seus mestres. Eles precisam saber valorizar a importância que o professor tem em nossas vidas, em nosso futuro. Principalmente depois da pandemia, quando os alunos ficaram sem aulas, muitos deles – mas os professores continuaram trabalhando, tentando chegar de alguma forma até os alunos – e agora chegam às salas de aula com o ensino defasado em dois anos.

Luiz Carlos Amorim é escritor, editor e revisor

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