Cerca de 500 caminhoneiros pararam devido à alta do diesel
Os caminhoneiros do Estado estão deixando de rodar por conta da alta no preço dos combustíveis. Diante deste cenário, representantes da categoria se mobilizam para realizar manifestações
Os aumentos sucessivos no preço do combustível têm afetado diversos setores. Estima-se que cerca de 500 caminhoneiros já pararam de rodar no Estado, aponta o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Goiás (Sinditac), Vantuir Rodrigues. Segundo ele, anteriormente eram em torno de 49 mil autônomos, mas muitos sumiram. Categoria se mobiliza para realizar manifestações.
Grande parte dos sindicatos da categoria manifestaram insatisfação após anúncios da alta no diesel. O diretor do Sindicato dos Caminhoneiros de Goiás, Jaci Alves de Souza está entre os profissionais da categoria que optaram por dar uma pausa e parar de rodar. “Estou parado há 30 dias, porque o frete não compensa e o preço na bomba hoje é R$ 4 mil”, diz.
Caminheiros autônomos alegam que, com o atual cenário, fica inviável trabalhar.“O retorno é pouco e não ganhamos nada, porque já temos que pagar o pedágio, manutenção e outras despesas alimentares. E quem sai mais prejudicado são os autônomos, as grandes empresas com 600 caminhões não param porque tem seguro e garantia de cinco anos”, diz um motorista que preferiu não se identificar. Em uma viagem que ele faz para Brasília, por exemplo, gasta em torno de R$ 2 mil durante três dias e o lucro é baixo.
Conforme dados da Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT), os transportadores autônomos de carga tiveram redução de 14,3% em cinco anos no Brasil. A categoria já organiza manifestações, que terão datas estabelecidas ainda nesta semana, aponta Vantuir. De acordo com ele, será necessário o apoio da sociedade neste ato dos caminhoneiros. “O aumento do impacta todos os produtos e afeta todos os brasileiros”, ressalta.
O presidente do Sinditac também é um dos autônomos que está com o caminhão parado, já que não tem compensado o gasto com a oferta de frete. “Tem muitos parando e não é somente em Goiânia. A categoria está parando paulatinamente por não dar mais conta de trabalhar, o que pode acontecer também com taxista, motoboy, porque ninguém dá mais conta”, lamenta.
Consumidor paga
Em alguns postos de combustíveis do Estado, o preço da gasolina chega a R$ 8,65. “O consumidor é o maior prejudicado, mesmo os que não possuem veículos. Acreditamos que as novas medidas aprovadas pelo congresso, possam amenizar e suavizar esse preço da gasolina para que toda a economia possa ser beneficiada”, avalia o titular do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Marcio Andrade.
Por meio de nota, a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) manifestou indignação com o novo aumento do diesel. A entidade afirma que, com a decisão do governo, “o fantasma da inflação voltou”. Isso porque o impacto é direto e rápido sobre os produtos que são transportados pelos caminhões. Desse modo, a Associação defende o fim do Preço de Paridade de Importação (PPI).
Regulação
Segundo o economista e doutor em Transportes, Adriano Paranaiba, do Mova-Se, a questão da distribuição e revenda do combustível constitui um grande problema. De acordo com ele, existe muita regulação em cima da distribuição. Isso termina por criar arranjos constitucionais que encarecem a forma de distribuir o combustível. Para o especialista, há vários pontos importantes que o governo não está discutindo.
“O governo poderia estar oferecendo bilhões de economia para o mercado fazendo o preço cair, a partir do momento em que se oferece uma diversidade de opções de matriz energética para o transporte. Toda ela, principalmente a de carga e de passageiros, é extremamente dependente de combustíveis fósseis, mais especificamente a gasolina e o diesel. Temos um problema que é a dificuldade de o consumidor encontrar alternativas. Ele fica refém de comprar do único fornecedor que é a Petrobras”, ressalta.
Congelamento do ICMS
O congelamento da pauta do ICMS dos combustíveis resultou em uma queda de arrecadação estimada em R$ 375,8 milhões, segundo cálculos da Secretaria de Estado da Economia. O número abrange os últimos sete meses e demonstra que o preço que chega ao consumidor não é impactado pelo imposto estadual, afirma o Estado.
Nas bombas, segundo dados levantados na última semana, tendo como base os cupons fiscais, o litro é vendido por R$ 7,46 em média. Ou seja, uma diferença de R$ 0,91. E, caso o governo não tivesse congelado, o litro da gasolina estaria sendo de R$ 7,72, o que resultaria em preço médio R$ 0,26 mais caro. (Especial para O Hoje).