PSB insiste em Eliton na disputa pelo governo de Goiás, mesmo sem apoio do PT
PT evita opinar sobre postura do partido aliado. “Trabalho para estarmos juntos no primeiro turno”, diz a presidente Katia Maria
A direção executiva do PSB em Goiás ainda quer que o ex-governador José Eliton (PSB) seja o pré-candidato do partido, mesmo sem apoio do PT. Eliton, vale lembrar, retirou o nome que tinha colocado à disposição da federação (PT, PCdoB e PV) em 26 de maio.
Na quarta-feira (1º), entretanto, o ex-governador se reencontrou com o pré-candidato do PT, Wolmir Amado, pela primeira vez após a retirada do nome. Na ocasião, ele visitou o ex-reitor da PUC com os advogados Cristiano Zanin e Fernando Tibúrcio. Sobre o desejo do PSB de mantê-lo na disputa, Eliton não vai comentar.
O anúncio da desistência ocorreu logo após o PT adiar de 28 de maio para 11 de junho o encontro estadual que definiria a opção do partido por um pré-candidato – ou Eliton ou o ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Wolmir Amado (PT).
Vale citar, o PT mudou a reunião sob justificativa de construir um nome de consenso e anunciar junto com a federação o escolhido para entrar na disputa. A demora desagradou o ex-governador, que se manifestou por nota, em 26 de maio.
Mal-estar
As incertezas têm gerado mal-estar entre alguns petistas. Fontes revelaram ao O Hoje que o encontro de Eliton e essa conversa do PSB coloca ainda mais em dúvida a já conturbada situação do PT – que tem Wolmir no aquecimento, mas existiria a negociação com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), cada vez mais certo como pré-candidato ao governo.
Eliton desistiu oficialmente, mas entre petistas, a foto dele com Wolmir pode ter sido um novo aceno dele no cenário eleitoral. Outros, contudo, dizem ser somente gesto de amizade, e que a carta do ex-governador deixa claro a saída dele do cenário.
Inclusive, pessoas ligadas a Wolmir reforçam que o encontro foi de cortesia e que eles não possuem desavenças – pelo contrário. Além disso, o ex-reitor acredita que o nome dele estaria certo.
Opinião oficial do PT
Para a presidente do PT em Goiás, Katia Maria, os dois partidos deveriam estar juntos no pleito. “Tenho defendido que PT e o PSB estejam juntos na eleição independente do nome. São dois partidos com estrutura e presença política no Estado. Os dois têm deputados federais, estaduais, prefeitos e vereadores. Nós teremos o presidente da República e o PSB o vice”, avalia.
Mesmo quando questionada sobre o que acha da postura do PSB, ela reforça e desconversa: “Trabalho para estarmos juntos no primeiro turno.”
Retirada da pré-candidatura
Segundo José Eliton, “não foi possível chegar a um consenso e como sempre defendi a necessidade de ampliação da frente, desejando deixar mais livres os partidos envolvidos nessas tratativas para que encontrem uma alternativa de nome que continue traduzindo as aspirações de uma frente no campo progressista, comuniquei ao Pré-candidato a Vice-Presidente Geraldo Alckmin, ao Presidente do PSB nacional Dr. Carlos Siqueira e ao Presidente do PSB/GO, deputado Elias Vaz, que decidi abrir mão da minha pré-candidatura a governador”.
E ainda: “Destaco que o PSB solicitou uma definição ainda nesse mês de maio, por entendermos que qualquer candidatura, para minimamente avançar com objetivo de vencer as eleições estaduais desse ano, necessita de um tempo para ajustar suas diretrizes, para formatar sua estrutura de campanha, para formalizar o plano de governo que norteará as ações em caso de vitória e, principalmente, necessita de estabelecer um amplo diálogo com a sociedade, mediante ações de pré-campanha e posterior campanha.”
Extraoficialmente, conforme interlocutores, o PT nacional estaria tentando articular com o PSDB nos estados, após a desistência do ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Em Goiás, as investidas seriam no ex-governador Marconi Perillo (PSDB) – para assumir a cabeça de chapa. Eliton, que defende uma frente ampla com a inclusão do PSDB teria ficado insatisfeito de como as articulações se deram, deixando de lado tanto ele quanto Wolmir.
Marconi não deve anunciar nenhuma decisão antes de pacificar o PSDB, contudo. A conversa de bastidor indica que há uma “minoria barulhenta” contrária, mas que boa parte da sigla já é adepta à possibilidade.