O que esperar da logística internacional nos próximos meses?
Nos últimos meses, a logística internacional vem sendo destaque em vários canais de comunicação e redes sociais
Jonathan Roger Linzmeyer
Nos últimos meses, a logística internacional vem sendo destaque em vários canais de comunicação e redes sociais. Mas o que podemos esperar para o próximo semestre de 2022 e também para 2023?
Inicialmente, temos dois assuntos “ultrapassados”, mas que não param de atormentar aqueles que dependem de importação para os seus negócios: lockdown e Covid-19.
Na última quarta-feira (1º), encerrou-se oficialmente o lockdown em Shanghai o maior e mais importante centro financeiro da China, o que tem impactado diretamente nos espaços, e na disponibilidade de contêineres vazios, uma vez que os portos estavam parados há mais de 60 dias e as cargas, que aguardavam embarque, precisam ser escoadas.
Com os navios lotados, os comunicados dos armadores são de que cargas pesadas estão com mais chances de rolagem, uma vez que os navios estão trabalhando com os limites máximos de peso por embarcação. Outra situação agravante é o atraso nas operações dos navios. Devido à grande movimentação nos portos, os navios têm atrasado suas saídas e não estão cumprindo seus itinerários nos portos, ocasionando assim também atraso nos desembarques em seus destinos.
No quesito inflação, voltamos a enfrentar revisões de tarifas que já tivemos no início da pandemia, com aumentos significativos por conta das aplicações de taxas dos armadores para junho e julho. Os aumentos devem passar da casa dos US$ 2 mil e os fretes devem chegar por volta de US$ 8 mil por contêiner ainda em junho no trecho China-Brasil.
Uma dica importante para quem precisa importar e manter as suas operações em dia é não focar no valor do frete neste momento. Os armadores irão priorizar embarques com fretes mais altos e também para quem já tem as reservas em mãos. Os aumentos são passageiros? Não podemos afirmar, pois já sabemos que os fretes jamais irão retornar aos valores comercializados antes da pandemia.
Que está ganhando com a crise? Toda cadeia logística está sendo afetada desde os aumentos dos fretes ao longo da pandemia, sem contar os prejuízos causados pela falta de contêineres e também pela ineficiência logística de alguns portos no Brasil e no mundo. Porém, um setor está lucrando muito, muito mesmo.
E não para por aí! Novos negócios, investimentos e mercados. Os armadores estão partindo para um novo campo. O famoso “door to door”, abocanhando uma fatia do mercado que era dividida entre vários setores. O mercado que alguns armadores estão tentando pegar é perigoso, pois precisa de muitos “braços” para administrar, principalmente no Brasil, que é um país muito extenso.
Quais setores estão de “cabelo em pé” e o que eles pensam? Alguns setores já falam em contagem regressiva para acabar com as suas atividades. Os dois setores que serão mais afetados são os agentes de carga (NVOCC) e os despachantes aduaneiros. Eu não acredito que seja o fim deles, mas tenho certeza que todos terão que se adaptar aos novos mercados, inovando suas operações e trazendo seus clientes para dentro de casa.
Para os armadores oferecerem o “door to door”, o trabalho é mais complexo, pois eles precisarão criar uma cadeia completa de transportadoras em todos os países, fazendo a coleta na origem e a entrada no destino final. No meio deste processo, inclua o despacho aduaneiro e o armazém alfandegado/geral.
Confirmando o pensamento acima, uma gigantesca do setor acabou de concluir a aquisição de renomada empresa global em agenciamento de cargas. A empresa adquirida traz consigo uma organização forte e uma rede de frete aéreo, incluindo voos próprios. Mais um passo para atender a logística integrada.
Seguindo a mesma tendência de “monopolizar” o mercado de logística internacional, outra gigante passa do mar para o ar. Em maio de 2022, essa terceira empresa anunciou um acordo com nada mais nada menos que um dos mais importantes grupos de companhias aéreas. Uma parceria estratégica de longo prazo no mercado de carga aérea, em que suas aeronaves serão compartilhadas e a duas se tornarão sócias.
Acha que acabou? Não! Vem mais por aí. A bola da vez são os portos!
Jonathan Roger Linzmeyer é diretor e coordenador do núcleo de comércio exterior de empresa de soluções em comércio exterior