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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Opinião

Cobertura de riscos climáticos e o avanço do seguro rural

O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aplicou, em 2021, R$ 1,18 bi

Postado em 22 de junho de 2022 por Redação

Rodolfo Bokel

Não é surpresa para ninguém dizer que o agronegócio move a economia do Brasil e fomenta, por consequência, outros setores, como o de seguros. Só no ano passado, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, o valor segurado ultrapassou R$ 68 bilhões – o que representa um aumento de aproximadamente 49% em relação a 2020. As agriculturas que apresentaram maior demanda por seguro rural foram: soja, milho (2ª safra), trigo, milho (1ª safra), café, maçã, uva, arroz e tomate.

O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aplicou, em 2021, R$ 1,18 bilhão, valor 34% maior que o executado em 2020. Foram beneficiados aproximadamente 121 mil produtores rurais, contratadas 218 mil apólices e a área segurada total foi de 14 milhões de hectares, 2,4% superior ao resultado de 2020. Isso significa que os produtores rurais estão cada vez mais conscientes sobre a preservação de suas fazendas e plantações e querem estar preparados para as mais diversas situações, como, por exemplo, os riscos climáticos.

De fato, os sinistros mais comuns são perdas por geadas e seca e queda de produtividade pelo excesso ou falta de chuva. Independente do tamanho do agricultor, o seguro climático é essencial para assegurá-lo contra perdas ocasionadas pela própria natureza. Fenômenos naturais, mudanças bruscas de temperatura, entre outros, podem prejudicar e muito o empresário que depende da venda daquilo que produz. 

Existem três modalidades de seguros que cobrem riscos climáticos: multirrisco, nomeados e seguros de produtos paramétricos. O multirrisco, como o próprio nome sugere, cobre diversos riscos climáticos. Na cotação mais básica normalmente estão inclusos os principais, tais como chuva excessiva, seca, geada, granizo, raio e incêndio, entre outros. Quando se tratar de seguro de faturamento/receita, a variação de preço da cultura também será um dos riscos cobertos. 

Na modalidade de multirrisco é importante observar algumas variáveis. A produtividade esperada é uma delas, pois tem como referência o potencial de produção da lavoura baseado em uma média histórica. O mercado segurador geralmente define esses números com base em dados do IBGE, de cooperativas, instituições financeiras ou consultando o próprio produtor rural.

O nível de cobertura é outro fator importante a ser observado, já que ele é um percentual de proteção garantido pela apólice.  Esse número varia de 50% a 85%, dependendo da seguradora e do produto. Quanto maior o nível de cobertura, maior a proteção oferecida pela apólice. Outra variável da modalidade de multirrisco são as coberturas adicionais. Alguns produtos oferecem a possibilidade de contratação, como é o caso, por exemplo, da cobertura de replantio e de perda de qualidade. 

Já na modalidade de riscos nomeados, o segurado pode contratar proteção apenas para os riscos de seu interesse. Por exemplo, em áreas de baixa temperatura, o produtor rural pode optar por contratar apenas a cobertura de geada. Cobre diversos riscos climáticos numa única cobertura. 

Em agriculturas de frutas e hortaliças, o principal objetivo é cobrir as perdas qualitativas, além da produtividade. Em culturas de grãos e cana de açúcar, a indenização costuma se basear na proporção da área atingida em relação à área total segurada. Na apólice deve constar a franquia ou POS (Participação Obrigatória do Segurado), que é o percentual de risco assumido pelo próprio segurado, o qual normalmente varia de 10% a 30%. 

No seguros de produtos paramétricos, a cobertura é baseada na variação de um parâmetro preestabelecido na apólice, que pode ser de dois tipos: 1) Seguro de dados meteorológicos, que se baseia na variação de um determinado índice meteorológico, como pluviométrico ou temperatura, indenizando os segurados caso os índices sejam inferiores ou superiores ao estipulado na apólice, gerando prejuízos à lavoura; 2) Seguro de produtividade média de grupo onde a cobertura é dada a um conjunto de agricultores segurados e se baseia na produtividade média de todos, geralmente estabelecida pelo IBGE. O nível de proteção dependerá do percentual de cobertura contratado. 

Seja qual for a opção de seguro rural escolhido, é importante levar em consideração todos os fatores que influenciam a produtividade do seu negócio e entender todas as cláusulas e coberturas garantidas pela apólice. Se você tem dúvidas, consulte sua seguradora e tire-as antes de qualquer decisão, pois no futuro você pode estar mais preparado diante de uma situação adversa ou se arrepender por não ter dado a devida importância neste tema. 

Rodolfo Bokel é sócio de uma corretora que atua como consultora de riscos e gestão de seguros

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