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sábado, 23 de novembro de 2024
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Opinião

A pandemia e uma nova relação com os espaços de trabalho

A pandemia nos voltou para dentro de casa e limitou muito nossa circulação física, mas ao mesmo tempo deixou o mundo à nossa disposição

Postado em 23 de junho de 2022 por Redação

Paulo Renato Alves

Sim, a pandemia nos voltou para dentro de casa e limitou muito nossa circulação física, mas ao mesmo tempo deixou o mundo ainda mais à nossa disposição. A partir do momento em que a comunicação por meio da internet deixou de ser uma opção a mais para se tornar a única opção segura de interação durante o momento mais grave da Covid-19, vimos que a distância de 10 metros ou 10 mil quilômetros não faz diferença. Agora, com um maior controle da pandemia após a vacinação, temos uma nova realidade na relação com o trabalho e seus espaços.

Já no fim de 2020, uma pesquisa feita pela consultoria Robert Half, com 1,5 mil executivos de quatro países, incluindo o Brasil, ouviu de 95% dos entrevistados que o modelo de trabalho híbrido, com rodízio entre home office e o escritório, era visto como uma alternativa permanente. 

Outro estudo, este feito agora em 2022 pela PwC, juntamente com a PageGroup Brasil, mostra que a maioria dos funcionários estão satisfeitos com trabalho remoto adotado em larga escala nos últimos dois anos, 67% dos entrevistados. Entre os chefes, essa preferência é menor, mas ainda sim é a maioria, com  58%.

Temos aí o grande paradoxo trazido pela pandemia: fomos obrigados a ficar mais reclusos, mas ao mesmo tempo, a tecnologia deixou o mundo inteiro ao nosso alcance. Da minha casa ou de qualquer lugar posso interagir instantaneamente com o meu vizinho de prédio ou com um cliente no Japão. A presença física no ambiente de trabalho deixou de ser essencial. E claro que aqui me refiro às atividades viáveis de serem desenvolvidas de forma remota. 

Hoje meu notebook e meu celular são o meu escritório, esteja eu onde estiver. Obviamente isso não quer dizer que nossos lares viraram um local de trabalho em tempo integral. E jamais deve ser assim. O que temos é uma adaptação, que já era tendência, para que, se necessário, o trabalho de casa seja possível. 

Porém, também vemos que os escritórios modernos também estão muito mais voltados à convivência, à descompressão, à sociabilização, ao estímulo à criatividade do que à produção full time, ou seja, estão muito mais parecidos com uma casa do que com que um local de trabalho.

Muitos falam que o novo sistema de trabalho será híbrido, outros dizem que será a maioria home office, e alguns falam no anywhere office, mas na verdade teremos tudo isso, ou seja, num mundo pós-confinamento pandêmico a regra é não ter regra. Diante disso, o grande desafio em pensar os espaços corporativos a partir de agora é a personalização. 

Não teremos apenas uma mudança na organização dos ambientes, do mobiliário, da paleta de cores. Cada empresa terá seu modus operandi e o desafio da arquitetura moderna estará aí: pensar o ambiente de trabalho de forma única e, ao mesmo tempo, que atenda a rotina de cada empresa, que também é única. 

Paulo Renato Alves é arquiteto, urbanista e sócio de escritório de arquitetura

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