Como lidar com a inflação sem afastar o consumidor?
O mercado financeiro voltou a subir as projeções para a inflação de 2022
Haroldo Matsumoto
O mercado financeiro voltou a subir as projeções para a inflação de 2022. Pelas novas estimativas, o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor – deve fechar o ano em 7,89%, patamar acima da meta oficial para o ano, de acordo com o Banco do Brasil, que era de 3,5%, com tolerância de 1,5%. A informação é preocupante. Isso porque de acordo com um estudo feito pelo Sebrae, 37% das empresas afirmam que o preço dos insumos e das mercadorias é o que mais pressiona os negócios. Na sequência aparecem os preços dos combustíveis, com 26%, dos aluguéis, com 14%, e da energia elétrica, com 11%.
É inegável! A inflação tem um efeito devastador sobre as pequenas e médias empresas. Empreendedores e gestores precisam de muita organização, além de desenvolver habilidades de negociação, efetuar um bom controle de gastos e tentar diminuir o repasse de custos ao consumidor, que também vem sofrendo com a constante alta de preços nos mais diversos setores.
Em um momento como o atual, algumas medidas precisam ser adotadas de imediato. É o caso do monitoramento de contas básicas da empresa, como água, luz, telefone e internet, com a implantação de políticas de redução de custos. Verifique, por exemplo, se não é possível negociar um pacote de serviços melhor com a provedora de internet.
Caso a empresa funcione em um imóvel alugado, é extremamente importante acompanhar o índice utilizado para o reajuste de valor do aluguel a fim de barganhar junto ao proprietário do imóvel sempre que possível.
Outro ponto valioso é conhecer a variação da inflação. Isso pode ajudar no momento de realizar compras para a empresa, com a troca do fornecedor que praticar valores abusivos se valendo da inflação ou substituição de uma matéria-prima por outra desde que não provoque queda na qualidade do que é oferecido ao seu cliente, para não haver impacto negativo posterior nos negócios.
Acompanhar a variação da inflação também pode ser interessante na hora de definir entre produzir o produto A ou B. Ou seja, se produzir o produto A está se tornando inviável e o consumidor está deixando de comprar aquele item, porque não investir no lançamento do produto B, que pode ser uma alternativa para movimentar o seu fluxo de caixa nesse momento?
Outra estratégia interessante pode ser reduzir, momentaneamente, o mix de produtos ofertado. Trata-se de uma medida que pode funcionar bem especialmente no caso de restaurantes com cardápios muito extensos, nos quais as chances de desperdício crescem consideravelmente.
Claro, há outras saídas que podem e devem ser adotadas: aproveite o momento e negocie dívidas; faça uma revisão do processo de precificação dos seus produtos e tenha certeza de que está praticando as margens corretamente, fique de olho no estoque para não comprometer o fluxo de caixa e promova ações para conquistar novos clientes usando estratégias eficientes, criativas e, se possível, de baixo investimento. O importante é acompanhar o andamento dos negócios de perto e não desistir. Esse cenário vai passar!
Haroldo Matsumoto é consultor e sócio-diretor de consultoria multidisciplinar de gestão de negócios