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sábado, 23 de novembro de 2024
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Estética

Mesmo diante de crise financeira, mercado da beleza se mantém

Maquiagem e cabelo tiveram as maiores altas para o setor mesmo com a crise provocada pela pandemia

Postado em 28 de junho de 2022 por Sabrina Vilela

Segundo a Associação Brasileira da Indústria e Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) a área voltada para cabelos teve alta de 10% enquanto a de maquiagem de 18%. O setor dos cosméticos passou por alta de 6,5% em comparação com os meses de janeiro a março de 2021. Já em contrapartida, o faturamento de salões de beleza registrou crescimento de 5,5% no Brasil em 2021, principalmente com o retorno das atividades. 

O cabeleireiro Robson Assis, 45, que atua há 23 anos na área da beleza, resistiu firmemente ao período de pandemia pois foi um período em que ele encontrou dificuldade de pagar o aluguel do local visto que as restrições dificultou o atendimento de clientes e também “boa parte da clientela deixou de vir ao salão por terem suas vidas afetadas de alguma maneira”.

Além de lidar com a diminuição de clientes, os produtos que ele costuma usar passaram por reajustes e o preço teve que ser repassado para os clientes. “Os produtos de beleza mais caros são os que usamos para química, como descolorante e tintura.

Percebemos que alguns clientes sentiram diferença nos valores cobrados, mas a maioria entendeu a necessidade do aumento, porém outras desistiram de fazer algum procedimento por causa do valor”, conta.

Embora  tentar driblar a inflação seja algo nem sempre fácil, Assis e sua esposa Cláudia – que também é proprietária do salão – se esforçaram ao máximo para isso. “O que fazemos é tentar não repassar para as clientes os aumentos e em muitos casos diminuímos nossa margem de lucro. Para economizar e atender sem perder a qualidade talvez seja necessário migrar para outras marcas de produtos que sejam mais em conta, mas com a certeza que vamos entregar um trabalho que tenha o mesmo padrão”, declara o profissional.

Brenda Grazyelly Cardoso de Assis conhecida como Brenda Madeixa,24, tem um salão especializado em cabelos cacheados e a ideia nasceu através de uma necessidade que ela tinha de encontrar alguém que soubesse cuidar dos cachos dele e que “respeitasse os limites” já que ela afirma ter sofrido com profissionais que não sabiam cuidar do cabelo dela da maneira correta. 

Brenda começou a atender no final de 2019 e abriu o studio Brenda Madeixa no início de 2020, com 10 dias de estúdio aberto veio o primeiro lockdown. “Cheguei a ficar três meses fechada, foi desesperador! O que me salvou foi uma ideia que tive de vender um tipo de voucher promocional de alguns serviços com pagamento antecipado, exemplo: a cliente comprava um voucher de mechas + corte por R$500 e assim que o salão pudesse abrir ela marcava seu horário!”, relembra. 

Ela sentiu no bolso o impacto da inflação nos últimos meses.  Segundo ela, produtos que ela têm o hábito de usar tiveram aumento de 190% como é o caso das luvas para coloração, aumento de 35% em alguns cremes de pentear entre outros. “Hoje os produtos mais caros que eu trabalho são as colorações importadas, como o cabelo cacheado precisa de um cuidado maior eu escolho marcas que entregam qualidade e tecnologia para que o resultado seja excelente e seguro”. Para conseguir lidar com os aumentos ela reajustou duas vezes, mas teve que diminuir o lucro devido ao aumento dos gastos estruturais como água, energia, aluguel e transporte.

Mas, apesar das adaptações, ela explica que as clientes não têm reclamado do aumento. “Minhas clientes são compreensíveis, algumas diminuíram as idas ao salão, mas todas entenderam o aumento nos valores”. Para conseguir economizar mais ela procura evitar o desperdício de produtos. “ Muitos profissionais não sabem quanto custa cada grama do produto que usa, e dessa forma não sabe também o prejuízo que leva quando joga fora 10g de tinta, por exemplo, é a mesma coisa de jogar dinheiro no lixo”, dá a dica. 

Qualidade vs preço

Para economizar nos produtos sem perder a qualidade, ela estuda a composição dos produtos de beleza e escolhe bem as marcas que vai trabalhar. “Quando você usa produtos de qualidade geralmente você precisa de menor quantidade para obter um bom resultado. Escolher os produtos baseado na complexidade da composição e não somente pela fama da marca”.

Agora quando se trata de beleza, outro ramo que tem se destacado é o da maquiagem principalmente para eventos importantes. Natália Goes, 22, é maquiadora há 4 anos. No início da carreira até o ano de 2021 ela trabalhava a domicílio e os gastos eram maiores principalmente quando a pandemia passou a fazer parte do cotidiano. “Como trabalhava a domicílio não era muito bom não, na verdade quase não conseguia cliente, não tinha muitos eventos”. 

Agora Natália atende em um dos maiores salões especializados em noivas de Goiânia, mas a  preocupação com os gastos ainda existe, por isso pesquise sempre o preço. “Depende bastante do local em que compro os produtos, tem fornecedores que aumentaram o preço, porém tem lugares que consigo comprar os mesmos com um preço mais acessível”. O que pesa no bolso para Natália é a frequência em que ela tem que renovar os estoques já que atende vários clientes por mês. “Como são produtos bons eu normalmente não acho caro, mas a reposição deles é frequente, o que acaba pegando no bolso, que é a blindagem que usamos na preparação da pele, base e corretivos”. 

A maquiadora normalmente não tem reclamação quanto ao custo, mas sempre tem alguém que pede um desconto. Ela consegue sempre ficar de olho em produtos bons e mais baratos que de marcas mais famosas para conseguir mais lucro. “Alguns produtos como batom, conseguimos comprar uns que são de ótima durabilidade e são baratos, sombras, contorno, duram bastante tempo, então não é necessário comprar o tempo todo, o que ajuda bastante. Mas a gente sempre pesquisa muito antes de comprar produtos de reposição e só é gasto quando é extremamente necessário para os atendimentos”.

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