Desperdício de alimentos pela prefeitura de Goiânia revolta vereadores
Produtos estavam estocados em galpão da Conab, em Goiânia, desde março
Em sessão realizada na Câmara Municipal de Goiânia na última quinta-feira (7/7), vários vereadores tiveram a oportunidade de se manifestar e cobrar explicações quanto a entrega de 21 mil cestas básicas paradas no galpão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Goiânia. Conforme revelado pela imprensa local, os alimentos estão retidos no local desde março.
O açúcar, por exemplo, perdeu a validade e deverá ser substituído por novos produtos. Durante o encontro, os parlamentares questionaram a demora e quais seriam os motivos por trás de toda a polêmica envolvendo a distribuição das cestas básicas.
Mauro Rubem, vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT), relembrou casos de pessoas que vivem diariamente nos sinaleiros da cidade, nos quais pedintes imploram por dinheiro e por um pouco de comida.
‘’É uma vergonha nacional, uma cidade com milhares de pessoas passando fome e os alimentos não sendo distribuídos e ainda por cima vencendo’’, afirmou, enfurecido, durante a sessão. O petista cobrou uma explicação oficial do Estado e respeito com a população goianiense. “Estou pedindo que respeitem a população goianiense e as famílias necessitadas, isso não pode acontecer’’, complementou o vereador.
Anderson Sales Bokão (PRTB) foi outro que manifestou sua indignação durante o encontro da última quinta. Ele contou, durante a sessão, que todos os membros da Câmara são capazes de identificar onde as famílias que necessitam dessas cestas estão. Bokão, como é conhecido por todos, relembrou que as pessoas estão passando ainda mais por dificuldades nesse momento pós-pandemia.
“As pessoas estão passando fome, desempregadas, a gente precisa ajudar. No nosso gabinete sempre chega alguém pedindo comida, com fome’’, contextualizou o vereador. Ele, como Mauro Rubem, demonstrou sua indignação afirmando que o fato de não entregar as cestas caracteriza uma “incompetência muito grande’’.
A vereadora Aava Santiago (PSDB) também foi procurada pela reportagem para comentar o assunto. Para ela, um fato como esse em meio ao agravamento da fome é algo “trágico”. “Foi noticiado recentemente que cerca de 700 mil goianos estão passando fome e que o leite está mais caro que a gasolina, essa conjuntura torna essa notícia muito pior”, lamenta a parlamentar.
A tucana cobrou uma investigação por parte do Ministério Público de Goiás (MPGO) para averiguar se essa retenção dos alimentos não foi algo “planejado” a fim de que as entregas ocorressem mais próximas da eleição. “Lembrando que isso é recurso público e que uma má gestão como essa jamais deve acontecer”, disparou a vereadora.
Ao dar início à distribuição dos alimentos até então retidos e depois de substituir os pacotes vencidos, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), comentou a situação. “Já estamos apurando a situação para verificar, junto aos responsáveis, o que aconteceu. De acordo com a licitação, o prazo de validade mínimo para os produtos era de seis meses, e a entrega ocorreu em março. Ou seja, de março até agora não se passaram seis meses”, ressaltou.
E continuou: “Desde março, já fizemos várias entregas, foram milhares de alimentos. Mas, por conta da necessidade de famílias em situação de vulnerabilidade que não possuem o cadastro [CadÚnico] atualizado, muitas vezes os alimentos não podem ser entregues”, justificou.