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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Política

Marconi pode sucumbir caso perca disputa ao Senado

Nestas eleições, para evitar processo de desaparecimento, Marconi não tinha opção de não ser candidato

Postado em 10 de agosto de 2022 por Izadora Resende

Com a desistência do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) à disputa ao governo, houve uma grande mudança no jogo político. Como já revelado em reportagem do jornal O Hoje, semanas antes de pular fora desta disputa, Marconi estava articulando a corrida eleitoral ao governo em aliança com o PT. Influenciado ou não pela cúpula do PSDB, o político revelou na convenção estadual do partido que disputará o Senado, não o governo. Na ocasião, foram definidos também os suplentes, Jalles Fontoura de Siqueira e Marcos Ermirio de Moraes.

Quando questionado do porquê não se lançar a deputado federal, Marconi explicou que ele e os aliados entenderam que, mesmo ao Senado, ele poderia impulsionar os candidatos à Câmara. Dessa forma, alguns dirigentes entenderam que ele não tiraria votos das bases dos candidatos à Câmara Federal. 

Como já mostrado pelo O HOJE, Marconi é um nome expressivo em Goiás. Do partido, de longe o mais importante. Foi Perillo, inclusive, o responsável pela montagem da chapa de federal, que tem a vereadora por Goiânia Aava Santiago, os deputados estaduais Lêda Borges e Hélio de Souza, o apresentador Matheus Ribeiro, entre outros na corrida. Nos bastidores, a chapa é considerada forte.

Incertezas

Mas, e se Marconi não for eleito ao Senado? Qual será o futuro político dele e do PSDB, em Goiás? 

O proprietário do Instituto Verus Assessoria e Pesquisa de Marketing, Luiz Felipe Gabriel, que é também especialista político em opinião pública e marketing político, pontuou que existem dois possíveis cenários para Marconi, que estão associados à postura política que ele adotar durante a campanha. 

Segundo ele, existe um favoritismo grande à reeleição do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que avançando, pode impulsionar fortemente os candidatos da base. “Nessa eleição Marconi ainda tem peso negativo muito grande. Pode ser um cenário arriscado para ele. O processo de perdão dele por parte do eleitorado ainda não se concluiu, não aconteceu integralmente”, explicou. Apesar disso, Gabriel afirmou que essa foi a “decisão mais pensada do cenário político dessas eleições”. 

Assim como em 1998, quando Marconi Perillo derrotou Iris Rezende — falecido em decorrência de um AVC em novembro de 2021 —, na disputa ao governo de Goiás, Iris ainda com o peso da derrota se lançou candidato ao senado, em 2002. Apesar de não ter vencido novamente, conseguiu sair melhor do que quando entrou na disputa. Iris aproveitou o tempo de mídia, as oportunidades de fala e de publicidade para se reconstruir, refazer sua imagem política e voltar fortalecido para as próximas disputas. Para o especialista político, a decisão de Marconi de disputar vaga ao Senado pode-se comparar com a postura adotada por Iris Rezende.

“Marconi não vai sucumbir, necessariamente, em caso de derrota. Vai depender muito dos conteúdos e debates que acontecerão durante a campanha”, destacou. De acordo com Gabriel, existem duas possibilidades de foco da campanha de Marconi. A primeira, fazer uma campanha mais voltada ao reposicionamento de imagem, aproveitando o tempo de mídia para se defender, explicando ao eleitorado o que for necessário para se construir novamente”. Ou, então, optar por uma campanha “tudo ou nada”. “Marconi pode decidir agir ao melhor estilo de quem tem poder e recurso na mão, tem a própria máquina partidária, fazendo um discurso mais soberba e forte. Nesse caso uma derrota tende a não ser positiva, podendo afundá-lo mais ainda”, pontuou o especialista. 

A medida que forem acontecendo os embates, a campanha tende a ir se moldando. Se, por acaso, as majoritárias se preocuparem muito com Marconi, citando-o e abrindo espaço para que ele tenha direito de resposta, ele terá mais espaço para se defender. 

“Dependerá das estratégias do conjunto. Ele não está sendo visto como um político que disputa com deputados federais, o que não deixa de representar que ele desceu um degrau. A disputa ao senado é de expectativa de vitória, dentro das análises do grupo político dele”, reforçou Gabriel.

Caiado pode seguir como rolo compressor eleitoral

Em uma projeção das campanhas continuarem como estão, Gabriel afirmou que “a candidatura de Caiado deve seguir como rolo compressor, levando um da base à vitória no senado”. Isso deve acontecer ao passo que o governador ocupar cada vez mais o espaço de mídia, colocando Marconi numa instância mais inferior, “exclusivamente como um candidato de disputa ao senado”, disse.

Entretanto, se Marconi conseguir ser ouvido, pode conquistar um espaço importante. “Se o Marconi conseguir levantar polêmicas e fazer seus desafios serem ouvidos e respondidos, pode conquistar um espaço benéfico para ele. Caso seja ignorado, vai sair menor do que entrou”, avaliou o especialista político. 

E o PSDB?

O PSDB estadual deverá sofrer as mesmas consequências e benefícios que chegarem à Marconi, ao passo que há alguns anos o partido passou a ser “a cara dele”. “Apesar de estar buscando pautas com Mário Covas, Fernando Henrique, com um lastro ideológico do PSDB nacional, essa roupagem não cai bem a Marconi. Percebe-se que é forçado”, analisou Gabriel. 

Estrategicamente, a cúpula estadual do PSDB está agindo de forma calculada, analisando as informações e os números a que têm acesso, para que a candidatura de Marconi tenha mais benefícios que pontos negativos.

Para Gabriel, o grupo entendeu que não existia a opção de Marconi não ser candidato, afim de evitar “ocaso maior do que ele já havia vivido nos últimos”. “É melhor perder do que sumir. Ele corria o risco de entrar em processo de desaparecimento mesmo”, concluiu.

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