Empresários bolsonaristas defendem golpe em caso de vitória de Lula, diz jornal
Além da ameaça de um golpe, os empresários atacam frequentemente as instituições brasileiras como o STF e TSE.
Em mensagens compartilhadas em um grupo do WhatsApp, reveladas pelo site Metrópoles, empresários bolsonaristas defendem um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito no pleito deste ano.
De acordo com o colunista Guilherme Amado, as declarações foram feitas no grupo chamado Empresários & Política, criado em 2021. Além da ameaça de um golpe, os empresários atacam frequentemente as instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aos opositores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
No grupo, estão os empresários Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da administradora de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca Mormaii.
Golpe de Estado
A reportagem mostrou que José Koury, dono do shopping Barra World, declarou preferir uma “ruptura” do que o retorno de petistas ao Palácio do Planalto. Segundo o empresário, se o Brasil voltasse a ser governado por uma Ditadura Militar, o país seguiria recebendo investimentos externos. “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, disse.
Na sequência, Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, que é médico e dono da empresa de roupas e itens de surfe Mormaii, respondeu às mensagens de Koury, na sequência:
- Golpe foi soltar o presidiário
- Golpe é o “supremo” agir fora da constituição
- Golpe é a velha mídia só falar merd*
Já Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu, apoiador publico de Bolsonaro, comentou a mensagem de Koury com uma figurinha de um homem dando “joinha”.
No mesmo dia, o empresário André Tissot, do Grupo Sierra, empresa que fabrica móveis de luxo declarou que o golpe teria que ter acontecido no início do governo. “O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”, afirmou.
Morongo, um dos mais extremistas do grupo sugeriu ações extremas para defender o presidente e citou a Revolução Francesa e a Guerra Civil dos Estados Unidos.
“Se for vencedor o lado que defendemos, o sangue das vítimas se tornam [sic] sangue de heróis! A espécie humana SEMPRE foi muito violenta. Os ‘bonzinhos’ sempre foram dominados? É uma utopia pensar que sempre as coisas se resolvem ‘na boa’. Queremos todos a paz, a harmonia e mãos dadas num mesmo objetivo? masssss [sic] quando o mínimo das regras que nos foram impostas são chutadas para escanteio, aí passa a valer sem a mediação de um juiz. Uma pena, mas somente o tempo nos dirá se voltamos a jogar o jogo justo ou [se] vai valer pontapé no saco e dedo no olho”, disse.
Porém, Morongo mudou um pouco o discurso após Koury sugerir o pagamento de um “bônus” para funcionários que votassem seguindo os seus interesses. “Alguém aqui no grupo deu uma ótima ideia, mas temos que ver se não é proibido. Dar um bônus em dinheiro ou um prêmio legal pra todos os funcionários das nossas empresas”, disse Koury.
Morongo respondeu: “Acho que seria compra de votos? complicado”.
STF
Os empresários utilizavam o grupo para atacar, sem provas, o sistema eletrônico de votação e as urnas. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, costumava ser alvo dos empresários.
Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, encaminhou uma mensagem em oito de agosto com ataques ao Supremo. O texto, que não foi escrito por ele, tinha a chamada de “leitura obrigatória” e iniciava a mensagem com a frase: “O STF será o responsável por uma guerra civil no Brasil”.
Já José Isaac Peres, acionista majoritário da Multiplan, que administra diversos shoppings no país, criticou as pesquisas eleitorais. “O TSE é uma costela do Supremo, que tem 10 ministros petistas. Bolsonaro ganha nos votos, mas pode perder nas urnas. Até agora, milhões de votos anulados nas últimas eleições correm em segredo de Justiça. Não houve explicação” afirmou.
Reação de Bolsonaro
Em resposta a publicação do portal, o presidente Jair Bolsonaro chamou a publicação de “fake news”. “Que empresários? Qual é o nome deles? Chega de fake news. Qual jornalista [divulgou isso?] Toda semana quase vocês demitem um ministro meu citando fontes palacianas”, disse o mandatário durante agenda de campanha.
“Guilherme Amado? Você tá de brincadeira. Esse cara é o fim do mundo. É uma fábrica de fake news. Ele acusou o Luciano Hang de dar golpe, é isso?”, questionava ele sem deixar o repórter explicar. “Mostra isso aí. Para de minhoca na cabeça.”
Luciano Hang, dono da Havan, disse, ao jornal Folha de S.Paulo, que integra o grupo mas nunca falou sobre os poderes. “Vejo que meu nome vende jornal e gera cliques. Me envolvem em toda polêmica possível, mesmo eu não tendo nada a ver com a história”, disse “Sou pela democracia, liberdade, ordem e progresso.”