Três milhões buscam, sem sucesso, emprego há mais de 2 anos
Mulheres são as que mais encontram dificuldades na hora de encontrar emprego
Desde 2017, a costureira Nilva Batista Braga, 50, está em busca de um emprego. Nesse período ela trabalhou como feirante com o marido e o filho, mas um acidente impossibilitou a permanência dela no trabalho. Para tentar se recolocar no mercado, ela iniciou e finalizou um curso de decoração. A situação de Nilva se repete em outros quase três milhões de lares brasileiros que buscam trabalho há mais de dois anos.
Durante o período de pandemia a situação da família foi mais difícil. “Como a feira é no ramo de alimentos, ficamos apenas 15 dias em lockdown. Tomamos cuidado e por isso não tivemos prejuízo apesar da diminuição nas vendas”, relembra.
Já Vagna de Jesus Nascimento, 38, está há dois anos desempregada. Ela deixou o emprego anterior devido a circunstâncias pessoais, uma delas era para ter mais tempo para cuidar dos dois filhos. “Eu fiz cursos para me possibilitar trabalhar de home office. Mas, faço bicos como diarista pelo menos três vezes na semana, quando aparece”, destaca.
Outra adversidade que ela teve que enfrentar foi a do casamento. Ela se casou em 2021 e junto com o marido compraram uma casa própria. Hoje, o marido também está desempregado, e eles se sustentam com a renda do seguro desemprego e na fé. “É difícil, tem a ansiedade de estar desempregada, pagar a casa e as contas. Mas, tem que confiar em Jeová de que vamos conseguir lidar com isso”, desabafa.
Francisca Lopes,59, mora com os dois filhos e está há um ano sem trabalho formal. Para complementar a renda ela faz faxinas em casas. Para ela estar fora do mercado é bem complicado visto que ela afirma trabalhar desde os 12 anos de idade. Antes de perder o emprego, ela já trabalhou como cozinheira e doméstica em uma casa de um setor nobre de Goiânia, mas acabou sendo mandada embora.
Realidade de 3 milhões
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última semana, apontam que 3 milhões de brasileiros procuram emprego há mais de anos, classificado como desemprego de longa duração. Os motivos que levam a essa situação são os mais diversos, entre eles a falta de qualificação profissional.
Levando em consideração pessoas que procuram emprego há menos de um ano , o número sobe para 4,21 milhões. Ainda no que se refere ao período acima de dois anos, a porcentagem representada de 10,01 milhões de pessoas corresponde a 29,6% do total.
A quantidade de brasileiros que tentava uma oportunidade de trabalho há mais de dois anos respondia por 29,6% do total de 10,01 milhões de pessoas que estavam sem emprego no segundo trimestre deste ano. Houve melhora em relação ao primeiro trimestre, quando essa população totalizava 3,46 milhões de pessoas, ou seja, 478 mil pessoas a menos nessa situação.
Desocupados
A taxa de desocupação em mulheres é maior que em homens, sendo 11,6% e 7,5 % respectivamente. Com relação à escolaridade, pessoas com ensino médio incompleto lideram a lista com 15,3% , enquanto nível superior incompleto é 9,9% e nível superior completo, 4,7%.
Ainda 1,23 milhão,12,2% do total de desocupados, estão na procura de um emprego há pelo menos um ano. Em contrapartida, mais 4,29 milhões de brasileiros, 42,5% do total de desempregados, procuram trabalho há mais de um mês, o que representa 592 mil pessoas a menos que no trimestre anterior.
Também 1,58 milhão de brasileiros, 15,7% dos desempregados, tentavam uma vaga há menos de um mês, ou seja, 479 mil pessoas a menos nessa situação ante o trimestre anterior.