Comer em casa fica mais caro que alimentação na rua
Diferença só não é maior que a registrada em 2020.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados que apontam que a inflação de alimentos no domicílio aumentou 11,8% no acumulado anual até julho. Segundo o levantamento, o mesmo número em relação a comer fora de casa subiu 7,2% a menos, ou seja, 4,6%. A diferença só não é superior à registrada em 2020, quando foi imposto o distanciamento social que esvaziou todos os estabelecimentos, e, à época, a inflação para se alimentar em casa subiu 18,15%.
De acordo com Paulo Solmucci, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), considerando desde o início da pandemia, a inflação acumulada da alimentação no domicílio atinge 43%, enquanto a fora de casa é de 17,4%. “A diferença ocorre porque os estabelecimentos comerciais não estão conseguindo repassar o aumento de custos”, afirma.
Solmucci explica ainda que, com a renda contraída, é realmente difícil repassar os preços e que as pessoas estão com o “bolso apertado”. “A gente vem subindo menos do que a metade da inflação no domicílio”, diz.
A pesquisa aponta ainda que 46% dos estabelecimentos aumentaram os preços abaixo do índice de inflação em julho e 25% não conseguiram nem reajustar. Entretanto, 27% dos estabelecimentos conseguiram acompanhar a inflação e 3% subiram os preços acima do índice.
O presidente da Abrasel avalia que os restaurantes têm tentado reverter a situação dos últimos meses. Ele afirma que, desde maio, o repasse feito pelos estabelecimentos têm superado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mesmo que ainda não seja o suficiente para recuperar o percentual perdido desde o início deste ano.
Classe Média
A expectativa de Solmucci é que no segundo semestre a situação dos comerciantes melhore. “A inflação está desacelerando e isso libera dinheiro para a classe média”, avalia, citando também o Auxílio Brasil, benefício oferecido pelo Governo Federal.
O executivo entende que os restaurantes que mais têm sofrido são aqueles em que o público principal é a classe média, já que os que atendem a população mais pobre já têm sentido efeitos favoráveis desde a liberação do Auxílio Brasil, no valor de R$ 600.