Moradores da Região Sudoeste estão há duas semanas sem coleta de lixo
Companhia de Urbanização alega falta de equipamentos para realizar o serviço.
Moradores dos bairros Madre Germana II, Real Conquista e Campos Dourados, na Região Sudoeste de Goiânia, sofrem com a falta de coleta de lixo. O Centro de Saúde da Família (CSF) do Madre Germana II ficou por quase um mês sem o recolhimento do lixo hospitalar e orgânico. Os funcionários e quem passa pelo local reclamam do odor forte dos entulhos acumulados.
Vídeos enviados à reportagem pelos moradores dos três bairros citados mostram todas as lixeiras das ruas cheias de sacos de lixo. O líder comunitário do Madre Germana, Miguel Veloso, relata que já tentou por diversas vezes entrar em contato com a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e o órgão informa que a coleta está sendo realizada, mas a realidade é outra, conforme mostram as imagens.
“Os funcionários não aguentaram o fedor que está insuportável e colocaram a lixeira para fora. Essa situação se repete em todas as ruas do bairros. No Colégio Militar também a lixeira está transbordando, a situação está muito feia e difícil”, afirma.
Outro morador, que prefere não se identificar, afirma que a situação tem gerado diversos transtornos à população. “O cheiro é muito forte. Às vezes, os cães de rua passam e rasgam as sacolas, sujando as ruas. Também tem a questão da saúde pública, já que há muitos insetos e muito lixo. São situações que têm trazido transtornos para os moradores”.
De acordo com ele, não é a primeira vez que isso acontece. “No início do mês também ocorreu essa situação e agora o mesmo problema novamente. Não tá recolhendo e nenhum caminhão está passando. É mentira porque não tem nada normalizado. Queremos uma solução”, pontua.
Quebra de equipamentos
Em nota ao O Hoje, a Comurg informa que alguns problemas pontuais afetaram durante a semana a coleta orgânica em parte dos setores: Madre Germana 2, Real Conquista, Campos Dourados, Santa Fé e Privado das Oliveiras. De acordo com o órgão, a coleta já seria normalizada ainda na última sexta-feira (2).
“A coleta de resíduos de saúde foi feita no dia de ontem. Os problemas foram causados por quebra de equipamento. Como é sabido, existem algumas dificuldades na aquisição de itens eletrônicos que são importados”, afirma.
Contudo, de acordo com os moradores da região, o local estava há mais de 20 dias sem coleta e foi realizado na sexta-feira (2) o recolhimento do lixo da Unidade de Saúde, porém, nos bairros vizinhos, o lixo ainda não teria sido retirado até o fechamento desta edição.
Jaó e Bueno
Moradores dos bairros Jaó e Bueno também enfrentaram o mesmo problema com a coleta seletiva duas semanas atrás. Eles denunciaram que o caminhão começou a passar nas ruas de forma irregular, com a sirene desligada. Muitos deles iam levar os materiais recicláveis assim que ouviram a sirene.
Dados do projeto Coleta Seletiva, parceria da Comurg com a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), mostram que, em 2021, foram recolhidos 36.050,18 toneladas de resíduos sólidos e materiais recicláveis e 2.114 toneladas de material reciclável. O número corresponde a 5,5% do total recolhido.
Segundo especialistas, o problema ocorreu devido à falta de educação ambiental, que deveria ser feita pela administração pública de forma mais acentuada, contínua e tecnológica. O problema ambiental também afeta o desenvolvimento econômico. Isto porque há baixo aproveitamento do que é recolhido.
Falta de pagamento
A Companhia de Urbanização havia explicado que a falta da coleta ocorreu por falta de acordo em contrato com a ITA Frotas, empresa que faz locação de caminhões e fornece motoristas para a companhia. O funcionamento teria voltado ao normal após consenso entre as partes.
Por meio de nota, a ITA informou que a paralisação dos serviços tinha sido iniciada em 13 de agosto, mas foi encerrada no último dia 17 após parte dos débitos serem pagos pela Prefeitura. Depois dos atrasos consecutivos, a empresa decidiu suspender a parceria e só voltou a operar com o pagamento parcial.
Prefeitura afirma que nenhum bairro fica sem coleta por 15 dias
Ao contrário do que dizem os moradores, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, afirmou em entrevista que nenhum bairro da Capital fica 15 dias sem coleta de lixo. “Nós temos um cronograma da Comurg e esse cronograma tem sido respeitado”, disse.
Ele também falou da burocracia para a regularização de contratos entre a prefeitura e a empresa que presta o serviço. “É importante lembrar que no final do ano passado nós fizemos um novo contrato com a Comurg, pois quase todos os dias éramos chamados pelo Ministério Público (MP). Fizemos um novo contrato que hoje está recebendo ajustes para que possamos trabalhar na conformidade, manter a Comurg de pé e os serviços prestados à população sem medo de errar”, destacou.
A Comurg alerta que é importante que os resíduos recicláveis não sejam misturados com outros tipos de resíduos, para que não prejudiquem a reciclagem dos resíduos secos. “Todo cidadão pode fazer a coleta seletiva, desde que se oriente sobre o dia e horário. O resíduo deve estar devidamente embalado na lixeira externa”, aponta.
O material recolhido pela coleta seletiva em Goiânia é encaminhado para 14 cooperativas cadastradas no Programa Goiânia Coleta Seletiva contribuindo com o sustento de várias famílias. “A coleta seletiva proporciona uma redução dos níveis de poluição ambiental, bem como melhora a saúde da população”. (Especial para O Hoje).