Lago seco em parque de Goiânia provoca transtornos aos moradores
Amma diz que redução de volume na água dos lagos é natural no período de estiagem; Parque Jerivá padece com a seca
Entre os meses de agosto, até por volta de meados de outubro, o estado de Goiás experimenta sempre uma umidade do ar de deserto, atingindo médias abaixo de 20%. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a umidade ideal para os seres humanos está entre 50 e 60%, com níveis aceitáveis de até 30%.
O que poderia ser uma boa notícia é que Goiânia tem muita área verde e com lagos e nascentes que contribuem positivamente para a qualidade do ar. Mas com o extremo período de estiagem os lagos dos parques de Goiânia estão padecendo com a diminuição no nível de água. E já se tem parque que nem existe mais água.
Um exemplo é o lago do Parque Jerivá, na Vila Vera Cruz, que chegou a secar totalmente, e os moradores estão chateados com a situação. A dona Helena mora há mais de 40 anos no bairro, e viu o que antes era uma região de brejo se transformar em um parque lindo para convivência dos vizinhos. Ela que é vizinha da porta do parque Jerivá fica muito triste de ver o lago completamente seco.
“Isso aqui era pra ser um benefício, aonde a gente viesse, sentasse e conversasse enquanto nos refrescamos. Esse lago sem água deixa o ambiente até mais triste e quente. É ruim ver o descuido com o parque”, conta Helena.
De acordo com a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), os agentes realizam periodicamente o monitoramento de todos os lagos dos parques da capital. “A própria estiagem contribui para que baixem os níveis de todos os lagos e cursos hídricos que cortam a cidade e até mesmo o país devido a secura”, explica Ormando José Pires Júnior, Superintendente de Gestão Ambiental e Licenciamento da Amma.
Lago das Rosas
No parque Lago das Rosas, região central de Goiânia, a situação não é muito diferente. As margens do lago estão bem baixas, e quem frequenta o local diariamente já nota a diferença. “Eu acredito que nunca vi o lago abaixando tão rápido quanto esse ano. Além de deixar a paisagem sem vida, acaba afetando ainda mais a temperatura da cidade, e ainda faltam meses até chegar as primeiras chuvas”, disse Saulo Macedo, que corre diariamente no parque há mais de 20 anos.
O superintendente informou ainda que todos os seres vivos são remanejados quando os lagos baixam muito o nível de água. “Os nossos técnicos sempre estão averiguando, e caso ocorra situação de risco iminente, eles realizam o manejo de todos os animais para uma área mais apropriada onde possam ter qualidade de vida e alimentos até o lago de recuperar”, concluiu Ormando.
Fauna e Flora do parque ficam afetadas pela estiagem
Mesmo assim, a Bióloga Lídia Mamede, acha um descaso com a fauna presente no local, já que muitos dos animais contam com a água que existia no lago do parque Jerivá. “A Amma diz fazer o manejo desses peixes, mas nem todos são retirados dos lagos quando vão secando. Aqui mesmo começa um mau cheiro terrível conforme seca, além de se tornar um criadouro da dengue” explicou.
Ela que também possui um comércio em frente ao parque diz que algo deve ser feito o quanto antes para evitar ainda mais a degradação ambiental. “Acredito que poderiam fazer um replantio mais próximo ao lago, com uma flora mais favorável, e com a recuperação das minas d’água presentes na região”, completou.
Morador da região há pouco mais de 5 anos, o Jean Ricardo se reuniu com os outros vizinhos quando a Amma esteve no parque pela última vez, e de acordo com eles, os agentes informaram que a lona que cobre o fundo do lago pode estar danificada.
“Nós estamos sempre atrás de respostas, e da última vez que eles vieram aqui falaram pra gente que o lago seca totalmente porque a lona está com furo ou rasgo. Só que ninguém faz nada, e ficamos só esperando chover para a água acumular e o lago voltar a vida”, explicou Jean.
Lago foi esvaziado para realização de reparos
Em nota, a Amma informou que apesar de fazer o monitoramento constante de todos os lagos de parques da capital, no período de seca “é natural que os lagos sofram redução do volume de água.”
Sobre o lago do Parque Jerivá, a agência diz ter deixado o lago secar neste período de estiagem para realizar um necessário trabalho de manutenção. “Será realizada a troca da manta, para facilitar que a água permaneça no lago durante as próximas secas. Também serão feitos poços de infiltração para a água da chuva. Com a impermeabilização do entorno, é natural que o nível do lençol baixe com o passar dos anos”, dizia.
A pasta destacou ainda que, a lona possui um custo médio de R$ 50.000,00 a qual deve ter a prestação de serviço de fornecimento e instalação dela. A compra está na fase de análise jurídica, e assim que aprovada deve ser iniciada a obra de reparo.
Sobre o Lago das Rosas e os demais lagos de Goiânia, a Amma afirmou que é comum que haja redução do volume de água ou até mesmo que alguns lagos sequem por completo. “É necessário o início do período de chuvas, para que, aos poucos, o lago retome o volume de água considerado normal”.