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sábado, 23 de novembro de 2024
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Negócios

Endividamento e inadimplência crescem no Brasil em agosto, diz CNC

O endividamento nos carnês para esta parcela da população cresceu, nos últimos quatro meses, cerca de 1,8 p.p. e chegou a 19,8%

Postado em 7 de setembro de 2022 por Ana Bárbara Quêtto

O endividamento de famílias com carnês e cartões de lojas de varejo, além da inadimplência, cresceu em agosto, chegando a 19,4%. Comparado ao mês anterior, o valor aumentou em 0,5 pontos percentuais.

Os resultados foram divulgados nesta segunda-feira (5/9), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela entidade, a quantidade de endividados com estes meios de compras vem crescendo desde maio de 2022.

O levantamento mostrou, ainda, que a alta do indicador pode ser explicada pela procura por crédito direto no varejo das famílias de menor renda. O endividamento nos carnês para esta parcela da população cresceu, nos últimos quatro meses, cerca de 1,8 p.p. e chegou a 19,8%.

De acordo com a CNC, o aumento da contratação de dívidas foi mais expressivo para famílias com rendimentos até 10 salários mínimos, isto é 1,1 p.p, do que entre casas de maior renda, como 0,9 p.p.

Para a economista Izis Ferreira, responsável pela Peic, a melhora no mercado de trabalho, bem como as políticas de transferência de renda mais robustas, tem favorecido os rendimentos das famílias brasileiras de baixa renda, no entanto, elas enfrentam dificuldades.

Foto: Reprodução

“A inflação em nível ainda elevado desafia o poder de compra desses consumidores. O crédito tem sido uma forma importante para eles sustentarem o consumo”, disse.

Anual

No ano, a alta no endividamento direto em lojas do varejo é de 0,7 p.p. entre as famílias com até 10 salários de rendimento mensal. Já em famílias com maior poder aquisitivo, cresceu 3 p.p.

A Peic apontou, também, que no mesmo período, homens estão mais endividados em 19,5%, nos carnês. As mulheres, em contrapartida, possuem uma dívida de 18,8%.

“A proporção de homens que contrataram crédito direto operado pelo varejo cresceu 2,3 p.p. em um ano; esse número caiu 1,1 p.p. entre as mulheres”, acrescentou.

No último quadrimestre, a maior proporção do endividamento em carnês do varejo ocorreu junto com a redução de endividados no cartão de crédito (de 3,2% p.p.). As duas modalidades têm forte associação ao consumo no comércio varejista. 

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, explica que o movimento é provocado pela busca de compras com crédito mais barato. “As famílias estão buscando alternativas de crédito mais baratas por conta da elevação dos juros, e o cartão de crédito foi o tipo de dívida com a segunda maior alta dos juros médios em um ano até junho, 17 pontos percentuais, segundo dados do Banco Central”, observou.

Inadimplência

A quantidade de consumidores que atrasaram o pagamento de contas de consumo, ou de dívidas, subiu pelo segundo mês consecutivo. A segunda alta, que ocorreu em agosto e atingiu 29,6%, aconteceu após a inadimplência se manter moderada entre abril e junho, reflexo das medidas de injeção de renda extra, como os saques do FGTS e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS.

No mês, a proporção de famílias com atraso em contas ou dívidas cresceu 0,6 p.p., enquanto em um ano subiu 4 pontos percentuais. Entre os inadimplentes, 10,8% relataram não ter condições de pagar contas atrasadas, e, por isso, vão continuar na inadimplência. 

“A alta do volume de famílias com contas atrasadas deu-se nas duas faixas de renda pesquisadas, mas foi maior entre as famílias de menor renda. Isso mostra os desafios que esses consumidores seguem enfrentando na gestão mensal de seus orçamentos”, disse a economista, Izis Ferreira.

Endividamento dos lares

Em agosto, o número de lares que relataram dívidas a vencer no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa, chegou a 79% do total de famílias brasileiras.

“O crescimento da proporção de endividados acelerou na passagem mensal, com aumento de 1 ponto percentual. Em relação a agosto do ano passado, a proporção de endividados apontou alta de 6,1 p.p.”, informou a entidade.

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