Circula nas redes sociais um vídeo gravado pela candidata a deputada federal por Goiás, Sandra Caparrosa (Pros). Nele, a postulante desabafa quanto às dificuldades enfrentadas para tocar a campanha, especialmente por estar sem acesso aos recursos do fundo eleitoral, dinheiro destinado ao financiamento das campanhas políticas em todo Brasil. 

Na gravação de pouco mais de um minuto, a candidata relata: “Estou aqui para fazer uma denúncia. Estou lutando pelos nossos direitos, para que seja cumprida a lei. Há menos de um mês para as eleições, não recebemos nenhum repasse do fundo eleitoral”. 

Na sequência, ela relata que no site oficial da Justiça Eleitoral para divulgação de candidaturas, popularmente conhecido como Divulgacand,  já constam alguns repasses a integrantes do partido. “Inclusive um de R$ 2 milhões para um candidato que é parente do atual presidente nacional e secretário geral do Pros, Sandro Silva. Tem também um repasse de R$ 700 mil para Talitta Di Martino, que nem tem candidatura válida. Será que ela vai devolver esse dinheiro?”, questiona. 

Em outro trecho, ela diz que a falta desse recurso tem causado prejuízos a vários candidatos Brasil afora. “Estou aqui para lutar pelo que é nosso de direito. Como candidata, precisamos do fundo eleitoral para ter uma equipe bem remunerada, material de divulgação, para atingir mais pessoas e conduzir nossa campanha, contamos com seu apoio na divulgação e juntos vamos lutar pela democracia”, finalizou.

Diante das queixas apresentadas pela candidata, o presidente estadual da sigla, Dhone Rodrigues, foi procurado pela reportagem. Ao comentar o assunto, endossou as falas da candidata. “Ela está certa de reclamar. Infelizmente não é algo que depende de mim. Dependendo do Eurípedes [Euripedes Junior, presidente nacional do Pros]. Ele não repassou nem um centavo para o diretório estadual. Repassou apenas e diretamente a quatro de nossos  18 candidatos a federal por Goiás”. 

Questionado quais seriam os quatro beneficiados, ele nomeou: Zé Carapô, Talita D Martino, Julio Proarmas e Karlão Leonardo. “Eu não sei qual a alegação dele [presidente nacional], estão passando [o dinheiro] para quem querem. Já fui atrás, mas como a gente não estava no grupo deles [um racha interno na sigla dividiu o grupo em duas grandes forças, uma que apoiava a presidência nacional nas mãos de Eurípedes Jr, outra contrária], então eles nem nos respondem”, desabafou. 

O presidente do Pros em Goiás ainda assegurou à reportagem já ter ingressado com um recurso judicial onde solicita providência em relação a arbitrariedade da nacional quanto à gestão e repasse dos valores. 

O jurídico da sigla também foi consultado, mas apresentou uma versão diferente da narrada pelos demais. O advogado do partido, Bruno Pena, considerou à reportagem a denúncia da candidata é improcedente. “Os recursos são encaminhados de acordo com a demanda. A lei exige que se tenha requerimento por escrito. Além disso, a gente exige uma declaração racial para que saibamos o recurso [que o candidato tem direito] e façamos a distribuição”.

Depois ele explicou que em Goiás já foram distribuídos os valores para quatro ou cinco candidatos. “Tudo de acordo com critério estabelecido pela Executiva Nacional, que é a de viabilidade eleitoral. Inclusive, a própria Sandra tem parecer do Ministério Público pelo indeferimento do registro de candidatura e por isso não recebeu o recurso. Mas eles seguem sendo distribuídos”, pontuou.