EaD ganha mais alunos, mas notas são mais baixas que o presencial
A quantidade de pessoas que ingressam na educação presencial recuou quase 14% no mesmo período
O perfil dos alunos da rede superior de ensino mudou desde o início da pandemia. Cerca de 52% dos alunos têm optado pela modalidade de ensino à distância (EaD). Em 2019, havia 1,5 milhão de ingressantes nessa modalidade, número que saltou para 2 milhões em 2020, o que representa um crescimento de 26%. Por outro lado, a quantidade de pessoas que ingressam na educação presencial recuou quase 14% no mesmo período. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
As notas do Enade (Exame Nacional do Desempenho dos Estudantes), porém, mostram que os cursos presenciais têm notas melhores que os cursos à distância. Aplicadas em novembro do ano passado, os resultados apontam que apenas 2,3% dos cursos EaD tiveram nota máxima no indicador. Esse índice é de 6,2% entre as modalidades presenciais. Quase metade dos cursos à distância (47,8%) ficou com conceito 1 e 2, abaixo da nota mínima exigida pelo Ministério da Educação, que é 3.
O Enade é realizado desde 2004 e tem como objetivo avaliar o desempenho dos concluintes dos cursos de graduação. A prova é realizada com base em disciplinas ministradas ao longo do curso, de forma específica e geral. A prova é obrigatória e está prevista na lei que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). O estudante que não realizar a prova ficará impedido de colar grau.
O próximo exame acontecerá em 27 de novembro para concluintes de 26 cursos de bacharelado e superiores de tecnologia vinculados ao ano III do ciclo avaliativo do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). O Enade é realizado todos os anos, mas não em todos os cursos de uma vez. Existe um ciclo de avaliação no qual o curso é avaliado a cada três anos.
Universidades goianas
Em Goiás, o único curso a atingir nota máxima no conceito foi o curso de filosofia da Faculdade Católica de Anápolis. Pró-reitora de Graduação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Puc – Goiás) afirma que antes da pandemia havia um certo preconceito com relação a utilização das tecnologias de informação no aprendizado, mas isso mudou nos últimos dois anos.
“Uma expressão importante desse resultado que a pandemia nos trouxe é uma resolução recente que saiu do Conselho Nacional de Educação com relação ao ensino híbrido, que significa abrir uma brecha na possibilidade de utilizar as tecnologias da informação e da comunicação em todos os níveis educacionais não apenas em ensino superior como estratégia de aprendizagem dos estudantes”, afirma.
A resolução do ministério da educação que autorizava as universidades a utilizarem o ensino remoto acabou em dezembro de 2021, agora as aulas são 100% presenciais. No entanto, a maioria das instituições de ensino superior possuem cursos que são à distância, mas cada um com suas respectivas modalidades. “Um curso presencial pode ter até 40% de atividades de Ead, isso depende de cada projeto pedagógico. Já os cursos Ead podem ter até 30% de presenças ou 100% a distância”.
A pró-reitora explica que um dos motivos para a preferência por cursos online é a facilidade de conseguir conciliar o trabalho com os estudos. “Existe uma certa distância da conclusão do ensino médio dos alunos do Ead e os alunos de presencial. Em regra os jovens de 18 a 24 anos estão mais presentes no ensino presencial. Já no EaD são pessoas entre 20 e 30 anos. Outra característica do EaD é a autonomia intelectual visto que no presencial existe uma orientação mais presente no presencial que online não tem”.
Rede pública colecionam as melhores médias no Enade
Informações do Inep apontam ainda que 492.461 inscritos na última edição da avaliação são graduandos de universidades privadas. Destes, apenas 33% são de instituições públicas. Mas, a maior parte das notas máximas estavam concentradas em redes públicas de ensino superior.
A nota 5 do Conceito Enade é a maior que pode ser obtida e ela foi conquistada por 2,6% de faculdades municipais, 4,9% em estaduais e 11,4% das federais. Nas universidades particulares – instituições sem fins lucrativos -, apenas 4,9% alcançaram notas máximas e 1,5% no caso de faculdades com fins lucrativos.