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quarta-feira, 16 de outubro de 2024
Descaso

Moradores do Jaó reclamam da falta de cuidado com gameleiras

Um galho da árvore caiu na última semana e quase causou vítimas. Segundo associação falta vistoria por parte da prefeitura.

Postado em 20 de setembro de 2022 por Sabrina Vilela

Mata-pau, Muda de Figueira Branca ou Gameleiras, esses são alguns nomes dados a uma árvore que tem uma caraterística peculiar: se desenvolver em volta de outras espécies. Para moradores do setor Jaó, a árvore chama a atenção por sua beleza e cumpre com o papel de fazer boas sombras, mas segundo eles falta fiscalização por parte da prefeitura. Na última semana uma parte da árvore caiu na pista e por questão de segundos não causou estragos aos motoristas que trafegavam na região. 

De acordo com uma das moradores e integrante da Associação dos moradores do setor Jaó, a advogada Adriana Garcia Reis, não houve nenhuma razão externa para a queda do galho da espécime. “O galho simplesmente caiu. Eu acredito que a trepidação dos carros que passam podem causar algum dano a gameleira já que é muito movimentado”. 

Na manhã desta segunda-feira,19, foi oficializado pelos moradores junto à Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) o pedido de um diagnóstico fitossanitário das gameleiras da Avenida Professor Venerando de Freitas Borges. “Esperamos que a Amma venha até o local fazer essa avaliação porque vão dizer se a árvore precisa de uma poda, de manutenção preventiva, se precisa de cuidados ou ser suprimida”, explica a advogada. 

Ela afirma ainda que os moradores do Jaó tem um grande apego a essas árvores porque são muito antigas, chamam a atenção pela beleza e também proporcionam sombra. Por isso não pedem  que a árvore seja arrancada, mas a avaliação para que ela possa ser tratada e não cause danos. É comum ver casos de crimes e falta de cuidado com relação a essas gameleiras, mas Reis afirma que as árvores do setor Jaó são bem cuidadas porque o bairro foi concebido com a idealização de jardim. “Temos uma visão do meio ambiente aqui, qualquer pessoa que é vista tentando fazer algum mau é denunciado na hora. Não temos problemas de vandalismo com as árvores do Jaó”.

Ela destaca que a árvore gera excesso de folhas e as raízes ocupam parte das vias devido a sua extensão. Mas, agora as pessoas estão com medo de passar por baixo da gameleira, por isso uma ação preventiva é necessária. 

Monitoramento 

Professor Associado do Departamento de Botânica do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), Aristônio Magalhães Teles explica que as gameleiras  são árvore exóticas do Brasil originárias da Ásia tropical e são amplamente cultivadas no país, especialmente na arborização urbana. Segundo o especialista, as que estão localizadas no setor Jaó são árvores muito antigas, plantadas há mais de 50 anos e exibem uma beleza exuberante, especialmente pelos seus ramos com raízes pendentes e ocupam grande parte do canteiro central da avenida que dá acesso à entrada do setor. 

Devido a idade das espécimes, ele detalha que elas têm necessidade de serem monitoradas quanto ao seu estado fitossanitário. “Elas podem ser acometidas por doenças provocadas por insetos, nematóides e fungos que provocam o apodrecimento de seus tecidos internos fazendo com que a planta fique fragilizada”. 

Para ele, o ideal é que a prefeitura, por meio de sua equipe técnica de agrônomos, engenheiros florestais e biólogos, tenha um programa de monitoramento permanente das espécies arbóreas utilizadas no plano de arborização da cidade. De modo que essas árvores passem por inspeções das suas condições de saúde.

“É desejado que esses indivíduos passem por podas executadas por equipe técnica especializada. Como por exemplo poda de limpeza para remoção de galhos secos, mortos e doentes. E também poda de contenção para  adequar as copas das árvores aos espaços físicos disponíveis para evitar que esses galhos adentrem em residências de forma indesejada ou atinjam a fiação da rede elétrica”, ressalta.

As podas de limpeza são muito importantes, especialmente para evitar acidentes como a do setor Jaó com a queda de um grande galho que quase causou uma tragédia, conforme afirma o biólogo. De acordo com ele, o que não pode acontecer são as podas drásticas que promovem a remoção completa ou quase completa das copas das árvores, deixando apenas o tronco. “Esse tipo de poda deve ser evitada ao máximo, pois provoca muitos danos ao individuo”, conclui. 

A Amma informou por meio de nota que enviará equipe técnica para vistoriar as Gameleiras no setor Jaó, a fim de averiguar a saúde da árvore, para possivelmente recomendar, se necessário for, ação de poda na espécie. Também que a ação mais comum no caso das gameleiras é somente a poda.