Museu de Fogo será inaugurado na Chapada dos Veadeiros
Primeiro do País dedicado ao tema abre espaço multicultural e tecnológico em Cavalcante (GO)
O fogo e o Cerrado convivem há milênios. Os incêndios provocados pelos raios que antecedem as chuvas moldaram o bioma de árvores de cascas grossas e troncos retorcidos; cujas sementes precisam do calor para germinarem.
As queimadas naturais, portanto, fazem parte dessa paisagem em constante renascimento e morte, e o elemento sempre foi temido pelas populações cerratenses, que há séculos desenvolveram técnicas de controle como estratégia de sobrevivência e proteção. Embora o fogo seja uma forma ancestral para o manejo de roças no Cerrado, os focos de incêndio no bioma aumentaram assustadoramente nos últimos anos, destruindo a vegetação nativa, os animais silvestres, os recursos hídricos e comunidades da região.
A fim de educar sobre essa relação simbiótica e auxiliar no fortalecimento e disseminação de mecanismos de prevenção e controle de incêndios no Cerrado, será inaugurado, dia 23 de setembro, em Cavalcante (GO), o primeiro museu do Brasil dedicado a esse tema, o Museu do Fogo.
A proposta fica dentro de um casarão colonial do século XIX, denominado Vila Nômade, novo empreendimento multicultural em Cavalcante, que também conta com espaço gastronômico, antiquário, café, centro de convivência, coworking e loja de produtos locais. No espaço dedicado ao museu; uma experiência multissensorial e tecnológica trará aos visitantes a sensação real de estarem atravessando um trecho de floresta em chamas, com sons, luzes e simulação de fumaça.
“A intenção é termos um lugar de referência e debates sobre o problema do fogo no bioma, ajudar a entender melhor esse fenômeno e criar formas de proteger a biodiversidade, os recursos hídricos e as pessoas da região”, explica Rafael Drumond, diretor da Brigada Ambiental Voluntária de Cavalcante (Brivac).
O acervo conta ainda com vídeos onde kalungas narram a história do fogo no território e de como os povos tradicionais o manejavam de forma produtiva. Exposição de antigos artefatos indígenas e os atuais usados pelos brigadistas, completam a coleção.
Renato Santos, idealizador do projeto, conta que o museu deverá ocupar um lugar estratégico na consolidação do Manejo Integrado do Fogo, um modelo inovador de planejamento e gestão que associa aspectos ecológicos, culturais, socioeconômicos e técnicos na execução, integração, monitoramento, avaliação e adaptação de ações relacionadas ao uso de queimas controladas. Além de potente instrumento de conscientização, o empreendimento deverá ainda atender a demandas locais, como a geração de receitas para a manutenção dos brigadistas, o fortalecimento da atividade turística e a entrega do primeiro espaço museológico no município.