Quando Cristhiane Rodrigues Gomes Ribeiro apareceu sentada no colo do marido, Amauri Ribeiro, recém-eleito pela primeira vez para uma das 41 cadeiras da Assembleia Legislativa de Goiás, as redes sociais foram à loucura. E a imprensa local e nacional se viraram para o político, conhecido tanto pelo chapéu sempre à cabeça quanto pelo vocabulário roceiro. 

Produtor rural, ex-prefeito de Piracanjuba – importante polo leiteiro goiano -, Amauri tem a fama de não levar desaforo para casa. Na tribuna, protagonizou discussões épicas que, não fosse da base governista de Ronaldo Caiado (União Brasil), teria mais assunto pelo protagonismo que uma oposição carrega. 

Como não é de se impressionar, Amauri é bolsonarista. Quando o presidente Jair Bolsonaro deu de ombros para Caiado, ficou neutro, não se metendo na briga de cachorro grande. Candidato à reeleição, Amauri, do mesmo União Brasil de Caiado, se apresenta nos programas eleitorais como “bruto, rústico e sistemático”.

O otimismo de Paulo Trabalho (PL) pela atuação na defesa do presidente Bolsonaro o fez sonhar além da Alego. Quer ser deputado federal e, para isso, faz o possível e o impossível para não se desgarrar do perfil do bolsonarismo. Em um dos últimos posts no Instagram, com uma foto – editada – ao lado do presidente, escreveu: “A gente tem certeza de poucas coisas nessa vida. E, uma dessas poucas certezas é a minha fidelidade aos meus princípios e nunca me curvei perante as injustiças. Nunca desviei  do nosso caminho em prol de um país melhor para todos”. 

Além de afirmar que é a favor de “Deus, pátria, família”, é parte da voz do agronegócio. Por isso, acabou processado pela coligação Brasil da Esperança, do candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. É que o parlamentar goiano usou as redes sociais para criticar uma fala do ex-presidente ao Jornal Nacional, da TV Globo, onde criticou o agronegócio. 

O radicalismo aqui exposto vai além da ideologia da direita, mas também pelo perfil característico de quem age e fala – não nesta ordem – o que pensa. Outro caso é o do deputado estadual e candidato a federal Humberto Teófilo (Patriota). Delegado de polícia, marcou sua trajetória com críticas a políticos, inclusive com prisão de alguns deles por onde passou à frente de delegacias. 

Teófilo, no entanto, ainda é uma incógnita eleitoral, embora fontes ouvidas pelo jornal O Hoje sinalizem que ele pode herdar votos de outro delegado, agora candidato ao Senado pelo União Brasil, Waldir Soares, que já foi o mais bem votado em Goiás. Na briga pelo voto com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), disparado na frente nas intenções de votos à única vaga ao Senado, Soares pode ficar sem mandato e, sobretudo por isso, sem sua base eleitoral, conquistada pela promessa de acabar com a criminalidade. 

Humberto Teófilo virou oposição à gestão de Ronaldo Caiado e detém apoio de parte das polícias civil e militar. Já foi acusado de espalhar mentiras nas redes sociais, sendo obrigado a apagar posts. Como político, tem se destacado em angariar apoio por diversos municípios, sobretudo na esteira do segundo lugar na disputa ao governo, Gustavo Mendanha (Patriota), de quem é apoiador. 

Outro que não vai desafiar a lei da gravidade é o deputado estadual Deputado Major Araújo e concorre à reeleição pelo PL. Pela legenda não sobram dúvidas sobre o alinhamento do parlamentar com o presidente Jair Bolsonaro, fortemente ligado ao segmento de Araújo, a Polícia Militar. 

Declaradamente ao lado do candidato ao governo Major Vitor Hugo e do candidato ao Senado Wilder Morais, Araújo compartilhou um vídeo de Giorgia Meloni, primeira-ministra recém-eleita, falando sobre a família. É a primeira vez que a extrema-direita volta ao poder na Itália desde a Segunda Guerra Mundial. 

Sem dúvidas, o mais polêmico da lista de barulhentos é o do professor Gustavo Gayer (PL). De extrema-direita, Gayer é visto como o favorito para ser o mais bem votado no domingo por ter o maior número de seguidores nas redes sociais e já ser conhecido e consolidado pelos apoiadores de Bolsonaro. 

Gayer foi candidato a prefeito em 2020 e conseguiu eleger a vereadora Gabriela Rodart (PTB), que concorre com ele ao mesmo cargo de deputado federal, mas antes disso, ela já havia se tornado um empecilho na linha que Gayer defende: completo alinhamento às pautas conservadoras, sem diálogo com qualquer segmento que pelo menos respire algo progressista.