Brasil está em 10 lugar no ranking mundial de partos prematuros
Bebês prematuros podem precisar de cuidados mais intensos, bem como de medicamentos e em alguns casos intervenções cirúrgicas
No Brasil, 340 mil bebês nascem prematuros todo ano, número que equivale a pelo menos 930 por dia ou 6 nascimentos pré-termo a cada 10 minutos. O Brasil é o 10º no ranking mundial de partos prematuros. De acordo com dados do Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Ministério da Saúde (MS), essa totalidade corresponde a 12,4% dos nascidos vivos.
Durante o mês de novembro, o MS vai apresentar ações voltadas ao cuidado das gestantes e recém-nascidos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), visando à diminuição das taxas de parto prematuro no Brasil, bem como intensificar o cuidado aos recém-nascidos prematuros.
São considerados prematuros (ou pré-termos), os bebês que chegam ao mundo antes de completar 37 semanas de gestação (36 semanas e 6 dias). O acompanhamento médico e algumas medidas tomadas durante a gestação podem evitar o nascimento do bebê antes do tempo previsto.
Com o tema “Garanta o contato pele a pele com os pais desde o momento do nascimento”, a campanha de 2022 para o mês Novembro Roxo tem como objetivo conscientizar a população sobre os cuidados e a prevenção da prematuridade.
Nesse contexto, a Pasta vai divulgar conteúdos aprofundando temas como o contato pele a pele, formas de prevenção, amamentação na primeira hora, método canguru, cuidado neonatal, ações como a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), entre outras.
Fatores de risco
De acordo com a médica neonatal Débora Maia, inúmeros fatores podem desencadear o parto prematuro, que é aquele que antecede a 37ª semana de gravidez. “Nós temos várias causas, mas o carro-chefe é a infecção urinária materna não tratada corretamente. Mas também temos trauma, hipertensão, diabetes não controlada, doenças vasculares maternas, incompetência do útero em segurar o bebê ali. São causas não tão comuns, mas acontece”, explicou a médica.
Ainda segundo a médica, todas as causas são previsíveis com o pré-natal, que deve acompanhar a gestante durante toda a gravidez. Após o nascimento, o recém-nascido recebe a assistência necessária até que esteja apto para sair da UTI.
“Toda vez que a gente sabe de um bebê prematuro que vai nascer, nos preocupamos com som, luz, com apoio respiratório, controle de temperatura e alimentação diferenciada porque temos um bebê que não está preparado. Ele não tem pele suficiente para controlar a temperatura, não tem pulmão apto para respirar sozinho, não tem o ouvido preparado’, ressaltou.
“Se a gente não consegue fazer esse processo de adaptação do útero no pós-nascimento, esse bebê vai carregar alguns problemas. Ele pode ter problemas de visão, de audição, neurológico e respiratório. Quanto mais prematuro, maior a possibilidade de ter sequelas”, afirmou Débora.
As sequelas da prematuridade fazem parte da rotina da pequena Ieda Cechinato, de 5 anos. Apesar da mãe, Juliana Cechinato, ter recebido todo o acompanhamento médico necessário durante a gravidez e não ter problemas de saúde, o nascimento aconteceu na 21ª semana de gestação.
“O período gestacional foi tranquilo, até que comecei a sentir dores muito fortes. Pesquisei sobre isso e vi que eram dores de parto. Dali em diante fiquei internada tentando segurar, mas infelizmente ela veio a nascer antes da hora. Foi bem doloroso, não só para mim, mas para meu esposo”, disse Juliana.
Ela conta ainda que, após o nascimento, Ieda precisou passar por uma cirurgia para evitar que ficasse cega, devido ao tempo em que precisou de oxigênio. Depois disso, ainda teve uma parada dos rins e do intestino, até que finalmente recebeu alta da UTI.
“Com seis meses de vida, começou a fazer fisioterapia e cada profissional indicava outro que ela tinha necessidade, até que se fechou um laudo, que descreve tudo o que precisa fazer até que atinja um desenvolvimento adequado para a idade. Ela fala, anda, canta, mas ainda tem necessidade de fazer várias terapias.”
Ações de prevenção em Goiás
O Hospital Estadual da Mulher (Hemu), referência no atendimento de casos de média e alta complexidade, alerta para a campanha Novembro Roxo. O recém-nascido (RN) prematuro pode ter complicações respiratórias, cardíacas e intestinais e requer cuidados especiais em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. No caso do bebê não conseguir respirar sozinho, pode haver a necessidade de ventilação mecânica até que os pulmões amadurecem.
A prematuridade extrema (bebês que nascem antes de 28 semanas) é a causa individual mais frequente de morte de RNs. Além disso, eles correm um risco elevado de ter problemas de longo prazo, sobretudo atraso no desenvolvimento.
No Hemu, esse tipo de nascimento corresponde a cerca de 60% dos partos realizados. O alto índice é explicado pelo fato do hospital ser especializado nesse tipo de atendimento.
Segundo a neonatologista Daniella Portal, as causas mais comuns da prematuridade são: hipertensão na gestação; diabetes gestacional; doenças uterinas; infecções urinárias; obesidade; pré-eclâmpsia; parto prematuro anterior, gravidez gemelar entre outras.
Por tudo isso, a médica chama a atenção para a importância do pré-natal. ”O pré-natal é de extrema importância para os cuidados com a saúde das gestantes e dos bebês. É uma ótima ferramenta para controlar os fatores de risco, prevenindo a prematuridade”, afirma a neonatologista.