Como os lojistas devem se preparar para a Black Friday
Especialista explica o que o empresário precisa fazer para que as promoções não se tornem uma cilada
Ficando atrás apenas do Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio. A Black Friday já se tornou um dos principais períodos de venda no país, sendo realizado desde 2010. E este ano a expectativa é ainda mais positiva pelo incremento das compras motivadas pela Copa do Mundo.
Não apenas o consumidor deve ter cuidado ao fazer compras na Black Friday, mas os lojistas precisam ter estratégias muito bem definidas para que as promoções não se tornem uma armadilha, de difícil recuperação para as finanças de um comércio. “O empresário deve entender que é uma excelente oportunidade para aumentar o volume de negócios, mas se não fizer isso com bom planejamento e olhando para suas margens, pode gerar prejuízos que podem impactar muito o resultado financeiro da empresa”, explica Rafael Cássio, especialista em reestruturação de empresas e sócio da Ática Gestão.
Para Rafael Cássio, existem pelo menos três atitudes fundamentais para os empresários na Black Friday:
Planejamento antecipado: É importante que haja um planejamento de no mínimo 3 meses antes, para que todos os pilares fundamentais para um bom resultado sejam considerados. Experiências anteriores, público alvo, análise de esforço e resultado são alguns exemplos.
Não negligencie sua margem: De que adianta vender em alto volume se essa venda lhe entregar uma margem negativa? É importante haver um preço agressivo, mas que ainda gere uma margem de lucro positiva. Se ainda assim houver o plano de vender um produto com margem negativa, por atratividade por exemplo, uma estratégia que pode ser útil nesse caso é a estratégia de cross-selling, onde você pode atrair o consumidor para venda de um produto mas terá uma estratégia para vender um outro produto que irá compensar a margem total. O “combo” também pode ser uma alternativa. Para isso é preciso muita preparação e treinamento do time de vendas, caso contrário, o resultado pode ser devastador.
Comunicação assertiva: Importante ter uma estratégia de comunicação adequada ao seu público externo e interno. Comunicar e estruturar adequadamente os setores da empresa no processo ajudará a evitar gargalos com o provável aumento de vendas. Uma boa comunicação também envolve identificar corretamente seu público alvo, estar nos canais de divulgação adequados e criar uma espécie de aquecimento, trazendo “spoilers” e período que a campanha será feita (nem sempre a promoção é apenas no dia). Atenção: Isso gera represamento da compra, mas se bem planejada e executada, vai funcionar.
Black com muito planejamento
A Gerente de Marketing da Pérolas Make, Erika Galvão. Conta que a empresa com sete anos no mercado e atuando em 3 estados, tem se preparado a 2 meses para o evento e conta um pouco da estratégia adotada.
“Uma Black FRIDAY de sucesso deve ser planejada com muita antecedência. Deve ser planejado, de forma estratégica, desde a compra dos produtos que estarão em oferta, ao marketing em cada detalhe. Nós, da Pérolas começamos a planejar com 2 meses de antecedência e realizamos compras estratégicas e focadas na Black. Você tem que garantir também que seu produto tenha estoque suficiente para atender toda demanda da data sem gerar constrangimento por falta de produtos. Em relação ao marketing, focamos na campanha de antecipação para aquecer o público, e esse ano está dando super certo! Já notamos uma diferença significativa em relação à Black do ano passado! Mas não podemos esquecer que o marketing não é nada sem um bom comercial e uma boa logística! O segredo está no planejamento!”, afirma Erika.
Jogando limpo com o consumidor
A Voga Lingerie foi uma das lojas visitadas pelo Procon Goiás durante a Operação Black, que começou dia 22 de novembro. A fiscalização tem o objetivo de verificar a veracidade das promoções. Na Black Friday de 2020, 21 empresas foram autuadas por violações ao Código de Defesa do Consumidor (CDC), sendo 15 lojas físicas localizadas nos shoppings fiscalizados em Goiânia e em Aparecida de Goiânia, além de seis sites monitorados pela fiscalização. Andréia Alves acredita que esse tipo de Operação é muito bem vinda para os lojistas que querem estabelecer uma relação de confiança e fidelidade com o cliente. “Agora no dia da Black os fiscais do Procon vão voltar à minha loja para verificar novamente o preço dos produtos e atestar que realmente houve abatimento nos preços da loja”.
Mais dados:
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Black Friday de 2022 deve movimentar R$ 4,2 bilhões e registrar a maior movimentação financeira desde que a data foi incorporada ao calendário do varejo nacional, em 2010. A expectativa é que o faturamento seja 1,1% maior que no ano passado, descontada a inflação.
Uma projeção da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) aponta que o período deve movimentar R$ 6,05 bilhões no e-commerce brasileiro. Segundo o levantamento, o número de pedidos online deve ultrapassar os 8,3 milhões.