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quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Ação

Feira agroecológica reúne sindicato de professores e Movimento Sem Terra

Iniciativa surge com o intuito de aproximar camponeses ao consumidor e democratizar o acesso à alimentação saudável

Postado em 27 de janeiro de 2023 por Everton Antunes
Feira agroecológica reúne sindicato de professores e Movimento Sem Terra
Iniciativa surge com o intuito de aproximar camponeses ao consumidor e democratizar o acesso à alimentação saudável. | Foto: Reprodução

O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg), juntamente com representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), inaugurou, na última quarta-feira (25), a Feira Agroecológica – que terá as instalações do sindicato localizado no Setor Leste Vila Nova como sede do evento. A feira funcionará às quartas, das 09h às 15h. 

O diretor financeiro da Adufg, Romualdo Pessoa, reforça que a instituição sempre destacou a importância da agroecologia na oferta de alimentos saudáveis e que visa estender o debate à sociedade goianiense. “A Adufg sempre esteve preocupada com essa discussão da necessidade de dar valor à agricultura familiar, à agroecologia e aos alimentos saudáveis”, afirma. 

Valdir Misnerovicz, dirigente do MST e agricultor do Assentamento de Canudos, destaca que a parceria é uma forma de estabelecer um vínculo direto entre os produtores e a população. Segundo ele, “isso faz com que o consumidor também tenha acesso a alimentos de preço mais acessível”.

Agroecologia

“Não é só um sistema produtivo, mas leva em consideração a preocupação com os agricultores, como eles vão produzir, como eles  acessam o mercado, a qualidade do produto”, explica Gislene Ferreira, professora de agroecologia da UFG. Ela conceitua esse modelo de produção enquanto movimento e prática agrícola, mas também reforça o seu status de ciência. 

Para a professora, a agroecologia “é um pouco mais ampla, preocupada com a diversidade de produtos, a cultura e com a diversidade de expressão das populações”. Esse método de produção agrícola vai desde a variedade dos alimentos oferecidos ao respeito pelos recursos naturais e a dinâmica da terra.

Gislene explica que a agroecologia diferencia-se da agricultura convencional, pois “busca trabalhar a autonomia dos agricultores e otimizar os serviços ambientais, então a ideia é que haja o mínimo possível de recursos externos”, ou seja, adubos, agrotóxicos e outros insumos. 

Controvérsias

“Um dos mitos que a gente criou é que a agroecologia não dá conta de produzir alimento para toda a humanidade. Ou seja, criou-se uma ideia de que as pessoas têm que optar por ficar sem comer ou comer alimento envenenado, produzido pela indústria da agricultura”, ressalta Valdir. Ele explica que os alimentos agroecológicos atendem à demanda da sociedade e garantem uma alimentação saudável.

O dirigente do MST observa que é comum a crença de que “os alimentos agroecológicos são feios, pequenos, diferentes. Os produtos produzidos pelo pacote são grandes, mais bonitos, o que não é verdade”. O produtor salienta que “quando se utiliza o veneno químico, você artificializa os alimentos”.

Além disso, Gislene frisa que, no início, a agroecologia exige um trabalho considerável, então o gasto “vai ser a mão-de-obra, mas, ao longo do tempo, reduz muito o custo produtivo”. Valdir ainda orienta que o alimento natural torna-se caro quando há intermediários no caminho entre o campo e a mesa do consumidor, mas enxerga a feira como uma solução para aproximá-los e baratear as mercadorias. 

Agricultura Convencional  

Para Valdir, “agroecologia e agricultura industrial, hoje sintetizada no que foi denominado agronegócio, são perspectivas totalmente antagônicas”. Ele argumenta que esse modelo visa ao lucro e impõe um ritmo intenso de produção, ou seja, não há “respeito” pela dinâmica da natureza. 

Gislene também diferencia o agronegócio quanto ao uso da monocultura – isto é, o cultivo de um único gênero alimentício em grandes terras –, além do uso de recursos como sementes e fertilizantes. A especialista destaca que a monocultura considera o mercado de exportação, ao passo que a agroecologia promove gêneros agrícolas diversificados e prioriza a alimentação regional.

A professora ainda afirma que o agronegócio não assegura a soberania e segurança alimentar do brasileiro. “Há, por exemplo, alguns processados de trigo que têm preços mais acessíveis, mas isso não quer dizer que está alimentando a população, que esse alimento está trazendo vitalidade”, complementa.  

Alimentação Saudável

Uma vez que o modelo agroecológico supõe o desenvolvimento dos mercados locais, os benefícios são observados desde a economia no bolso do cliente à qualidade e origem do alimento. “O consumidor sabe o que está consumindo, de onde vem esse produto, como foi o processo de produção”, explica Gislene.

Valdir também enfatiza sobre o esforço dos produtores agroecológicos em garantir alimentos livres de agrotóxicos e outros pesticidas. De acordo com ele, “na agroecologia, você tem um alimento que é produzido no seu tempo, nas condições que a natureza permite, então os valores nutricionais são diferenciados”.

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