Apaixonada por cavalos, jovem que morreu na GO-222 se mudava para Nerópolis
Corpo de Rayane de 25 anos foi sepultado em clima de tristeza; os dois filhos dela, de 12 e 3 anos, lutam para sobreviver na UTI do Hugol
O pequeno distrito de Goialândia, que fica em Anápolis, vive o luto pela morte de Rayane Aparecida, de 25 anos, após o carro dela se envolver em um acidente com um caminhão na GO-222 no trecho de Nerópolis na quarta-feira (10).
O automóvel da jovem ficou destruído sob o veículo maior, deixando os dois filhos de Rayane, um de três anos – internado em estado grave no Hugol – e outro de 12 anos presos às ferragens. Rayane foi sepultada na tarde desta quinta-feira (11) às 14h horas no vilarejo em que morava.
Enquanto familiares e amigos sepultavam o corpo de Rayane, os filhos dela, Lucas, de apenas três anos, e Lana, de 12 anos, lutavam para sobreviver em leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). De acordo com a instituição, o menino Lucas ainda tem estado geral grave e respira com ajuda de aparelhos.
Conforme a reportagem apurou, o menino sofreu algumas paradas cardiorrespiratórias e teve edema cerebral. A menina, por sua vez, passou por cirurgia no maxilar por conta da gravidade do acidente.
Uma prima, Geovana Aparecida, de 26 anos, conversou com a reportagem do jornal O Hoje antes e depois do sepultamento. “Ela era minha prima, mas éramos irmãs de criação porque crescemos juntas desde criança, então sempre nos chamávamos de mana”, disse ela.
Apaixonada por cavalos e montaria, Rayane trabalhava em uma loja de embalagens em Nerópolis, para onde se mudava na hora do acidente. A prima lembra que a ideia da jovem era deixar a casa da mãe e ficar mais próxima à empresa em que cumpria expediente. E, claro, levava, nesta última viagem com alguns utensílios domésticos, os dois filhos de quem, segundo a prima, ela não se desgrudava. O filho mais novo, inclusive, deixou de mamar no peito há menos de nove meses. “Ainda dormia com a mãe”, conta a prima que passou a usar no perfil das redes sociais uma fotografia dela com a prima quando eram crianças.
Geovana diz sofrer profundamente com a morte da prima e amiga. Em uma postagem nas redes sociais, ela desabafa. “Eu escrevo aqui para me despedir, antes de te ver sem vida, pois não sei como estarei psicologicamente a partir disto. Você era mais que minha prima, mais que irmã de coração, mais que melhor amiga, era minha alma gêmea, minha companheira da vida”, escreveu.
Conhecida no distrito, a mãe da jovem, Silvandira Fernandes, que é pastora evangélica, parece não acreditar que perdeu a filha tão jovem. “Meu coração está partido por você filha, partiu tão nova com tantos sonhos ainda restando, nem deu tempo da gente te despedir”, escreveu ela, no Facebook.
Para a reportagem, Geovana contou que o tio dela, pai de Rayane, morreu aos 52 anos há pouco mais de um ano, deixando um vazio na vida da jovem. “O pai dela ajudava muito. Isso foi um baque muito grande. Desde que perdeu o pai, ela ficou muito ruim”, se recorda.
Nas redes sociais, Geovana desabafa: “Eu nunca imaginei te perder, pois sempre estivemos uma pela outra em qualquer situação, eu não sei como vai ser daqui pra frente, você era minha confidente, jamais esquecerei das nossas declarações uma pra outra, do nosso ‘sempre e para sempre’ do nosso ‘você é a minha pessoa'”.
Geovana, por fim, termina a homenagem: “Nunca imaginei que nossa despedida seria assim, e como diz esta música, depois do universo ainda existe o nosso amor, e eu te vejo lá. Não vai ser fácil caminhar sem você, e como eu queria que não fosse verdade, porque eu nunca senti uma dor tão forte. Você jamais será esquecida, minha jornada de 25 anos ao seu lado foi incrível. Eu te amo e te vejo depois do universo”.
O acidente ocorreu na manhã desta quarta-feira (10) quando Rayane, dirigindo um Volkswagen Gol 1999, colidiu na lateral de um caminhão no trevo que dá acesso à cidade de Anápolis. O carro de Rayane ficou preso sob a carroceria do caminhão no momento do acidente, ceifando a vida da mulher e ferindo gravemente seus dois filhos. Atualmente, a colisão está sendo investigada pela Polícia Civil de Anápolis pela perícia criminal da Polícia Científica.