Publicitária filmava comercial ao lado de prédio onde filho foi morto no Centro
João Tovar Ataíde foi morto a facadas por vizinho. Ele era filho da produtora Maria Eugenia Tovar
Às 13h30 de terça-feira, dia 30, a vizinhança ouvia os últimos gritos no sexto andar do Condomínio Dona Chafia, na Rua 3, no Centro de Goiânia. Um comissário de voo de 38 anos acabara de matar, a facadas, o vizinho João Tovar Ataide, de 20 anos.
Minutos antes, João, que estava no apartamento da avó, no 7° andar do tradicional edifício do Centro, havia brigado, pelo interfone, com a vizinha, mãe do homem preso pelo crime. O motivo, segundo a Polícia e vizinhos ouvidos pela reportagem, seria desentendimento por coisas, do tipo restos de comida, jogadas pela avó de João, que tem diagnóstico de Alzheimer, no apartamento debaixo.
Naquele início de tarde, a moradora, mãe do autor confesso do crime, havia enviado uma mensagem ao síndico reclamando, outra vez, de algo que a idosa havia jogado. Ao receber a reclamação, João, que não mora no apartamento, interfonou aos vizinhos, desencadeando uma discussão. Depois, desceu as escadas e, diante do apartamento, ameaçou mãe e filho e voltou ao apartamento da avó.
Neste momento, o comissário de voo ligou para o 190, informando que havia sofrido ameaças do neto da vizinha. Enquanto falava com a policial militar, e sem dizer o endereço da confusão, o homem entrou em luta corporal com João, que terminou esfaqueado e morto.
A menos de 50 metros dali, a mãe de João, que é uma conhecida produtora de comerciais de Goiânia, a publicitária Maria Eugenia Tovar, de 54 anos, gravava um comercial, na conhecida Rua do Lazer, que fica ao lado do prédio. Ela presta serviço a uma produtora de vídeo da capital.
Sem saber o que havia ocorrido, Maria Eugênia percebeu uma movimentação em frente ao prédio da mãe e, ao se aproximar, ouviu de um vizinho que o filho havia estava morto.
Depois de esfaquear João, o comissário de voo pegou o telefone, que ainda estava com a policial militar na linha, e confessou que, para defender-se, matou o jovem. O homem foi preso pela dupla de policiais militares.
O titular da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DEIH), Vinicius Teles, disse ao jornal O Hoje que o caso deve ser interpretado pela Justiça como legítima defesa. “É o que a defesa do autor deve propor por causa do áudio [da ligação para Polícia Militar] e por ter se entregado aos militares”, afirma.
Na vizinhança o clima era, na tarde desta quarta-feira (31), de desconfiança. Um vizinho chegou a xingar o repórter ao deixar o prédio. “Vai pro inferno”, disse o idoso, não respondendo às perguntas. Funcionária de uma das lojas da Rua 3 contou que viu o momento em que a publicitária Maria Eugênia soube da morte do filho. “Ela ficou em choque. Parecia não acreditar”, conta a mulher, que pediu anonimato.
Luis Alexandre, tenente da Polícia Militar que atendeu a ocorrência, descreveu que, após as ameaças, a vítima rompeu a grade de proteção do apartamento vizinho e agrediu fisicamente a mãe do suspeito.
O apartamento estava equipado com uma grade de proteção e uma porta de entrada. Ele danificou tanto a grade quanto a porta, invadiu o apartamento. Pelo telefone, a policial que atendia à ocorrência no Copom ouviu os gritos.