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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Desigualdade

Mulheres são apenas 10% dos trabalhadores da construção civil em Goiás

Entre 2011 e 2021, o estoque de trabalhadores no setor em Goiás caiu de 81.848 para 69.514, queda de 15% em dez anos

Postado em 3 de fevereiro de 2024 por Ícaro Gonçalves
Os dados são do estudo Escassez de Mão de Obra na Construção Civil

Historicamente marcado por estigmas, o setor da construção civil tem uma das maiores desigualdades de gênero do mercado de trabalho. Em Goiás, a participação de mulheres no setor é tímida, respondendo por apenas 10% do quantitativo de empregados até 2021. Os dados são do estudo Escassez de Mão de Obra na Construção Civil, conduzido pelo Observatório Fieg, com execução do IEL Goiás.

Segundo o estudo, entre 2011 e 2021, o estoque de trabalhadores no setor em Goiás caiu de 81.848 para 69.514, uma queda de 15% em dez anos. No período, houve uma queda da participação de homens e aumento de mulheres no setor, porém o cenário ainda está distante de atingir um nível de equivalência entre os gêneros. Os dados ainda mostram que mais da metade do total de empregados em 2021 (54%) tinham idade entre 30 e 49 anos.

Evento discute inserção da mão de obra feminina

Para debater formas de inserir mais mulheres no setor, a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) sediou, na última quarta-feira (31), o seminário Mulheres na Cadeia Produtiva da Construção. O evento foi organizado pela Câmara da Indústria da Construção (CIC) e reuniu parlamentares, secretários municipais e lideranças empresariais e do terceiro setor.

Participante da mesa, o vice-presidente da Fieg Emílio Bittar destacou a necessidade de diversificação do setor, que ganha uma perspectiva inovadora e de crescimento a partir da presença feminina na construção. “A habilidade, determinação e competência das mulheres na construção são inegáveis, mostrando que não existem barreiras intransponíveis quando se trata de alcançar o sucesso profissional”, afirmou Bittar na abertura do evento.

Para a gerente de Desenvolvimento Empresarial do IEL, Sandra Márcia Silva, a redução no número de empregados e o baixo percentual de mulheres na construção civil está ligado a estigmas que precisam ser superados, como as ideias de que a construção é suja, pesada ou difícil de trabalhar. “Atualmente, a presença da mulher na indústria da construção é concentrada na área administrativa. Precisamos criar oportunidades para que avancem também aos canteiros de obras”, disse.

O debate também contou com apresentação da deputada federal Rogéria Santos (Republicanos-BA); da deputada estadual Vivian Naves (Progressista); das secretárias municipais de Goiânia Maria Yvelônia Barbosa (Desenvolvimento Humano e Social) e Kátia Hyodo (Políticas para as Mulheres); do novo presidente do Sinduscon-GO, Hidebrair de Freitas; e do procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT), Alpiniano Lopes.

Marias na Construção

No evento, a deputada Rogéria Santos apresentou o projeto Marias na Construção, programa de aperfeiçoamento e qualificação profissional desenvolvido pelo Senai-BA e lançado pela Prefeitura de Salvador. Em dois anos, o projeto qualificou mais de 800 mulheres com cinco cursos ofertados gratuitamente ao público feminino – pedreira polivalente, eletricista predial, marceneira, encanadora instaladora e pintora de obras.

“Precisamos pisar no acelerador quando se trata de políticas públicas voltadas às mulheres. Falar da mulher na construção civil é mais que falar sobre empregabilidade. Trata-se de inclusão e autonomia financeira. O setor precisa de mão de obra e as mulheres estão sedentas para trabalhar”, defendeu a parlamentar.

A partir do debate, o presidente da CIC, Sarkis Curi, propôs a criação de um plano com ações para a promoção da presença da mulher na indústria da construção. Dentre os eixos elencados, estão a qualificação profissional de mulheres vítimas de violência, letramento de diversidade e inclusão no setor, equidade salarial e reinserção da mulher no canteiro de obras e área administrativa no pós-licença maternidade.

“Queremos o protagonismo da mulher também na construção civil. Nosso propósito com essa discussão é criar ações que façam com que essa proposta saia do campo de debate para ações práticas que impulsionem essa participação”, sustentou Sarkis.

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