Parece coisa do destino. Coisa que favorece, e muito, a biografia do prefeito de Iporá Naçoitan Araujo Leite (sem partido), que foi preso ano passado depois de disparar 15 vezes contra o quarto onde dormia a ex-mulher e o atual namorado dela. Depois de alguns dias fugindo da polícia, ele se apresentou sob o intermédio de um advogado.

Agora, a situação preocupa aliados que não sabem o que fazer com o que existe, ainda, de força política de um dos homens mais respeitados da história da cidade. Ele, que foi solto nesta sexta-feira (16) pela Justiça, vai ter que correr atrás contra o prejuízo que cada uma dessas 15 balas provocou em sua imagem de político na cidade.

O prefeito teve o pedido de liberdade provisória concedido em meio à tensão no município no final da tarde. Ele deverá ser monitorado com tornozeleira eletrônica. 

Em tempos em que cada vez mais aumenta o número de casos de feminicídios, houve pressão da população da cidade de Iporá para que o prefeito fosse afastado do cargo de prefeito. Ele, inclusive, chegou a despachar da prisão. 

Pressionada pela opinião pública, a Câmara Municipal de Vereadores instaurou uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para entender o processo e, posteriormente, cassar o mandato de Leite que, inclusive, seria ouvido na sexta-feira em que acabou solto. Ele ia ser ouvido, mas a Justiça não permitiu. É que o prefeito seria ouvido, logo mais tarde, na audiência.

A informação foi confirmada pela  presidente da CEI, a vereadora Heb Keller Fernandes. O argumento era que o prefeito teria um compromisso na data e horário em que seria ouvido pelos vereadores. 

É bom lembrar que, em ano eleitoral, sobretudo municipal, há uma expectativa na cidade sobre quem vai tapar o buraco causado no grupo de Naçoitan Leite. É possível que a oposição se movimente para fritar qualquer um que apareça em nome do prefeito. 

A situação do político vem sendo acompanhada pelo jornal O Hoje desde que a notícia do tiroteio e tentativa de feminicídio veio à noite. 

Naçoitan parece longe de desistir da batalha de, ao menos, minimizar os danos causados à sua trajetória política. Na tentativa de alcançar a soltura do político, a defesa incluiu no pedido de habeas corpus informações que apontam para problemas de saúde e psiquiátricos. 

A equipe jurídica de Naçoitan argumenta que o prefeito ainda sofre com as sequelas da covid-19 e lembra que o gestor enfrenta problemas de coração, fígado e cérebro. Conforme mostrado pela reportagem do jornal O Popular, no documento, o advogado ainda lembra que o prefeito passou por cirurgia bariátrica há menos de um ano. 

Durante a prisão, Naçoitan precisou ser levado à uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Iporá. A defesa também diz que o gestor enfrenta problemas psíquicos e, por isso, defende a reversão da prisão preventiva. Isso, segundo os advogados, além de preservar a integridade física do prefeito, ainda seria condizente com uma abordagem humanitária e sensível às questões de saúde mental”.