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domingo, 22 de dezembro de 2024
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Desafiando Esteriótipos

Mulheres alçam voo: o crescimento da presença feminina na aviação

Em uma concessionária aeroportuária, as mulheres compõem 38% do quadro de funcionários e ocupam 35% de todos os cargos de liderança

Postado em 8 de março de 2024 por Alexandre Paes
Dos 16 anos de carreira

De pilotas a engenheiras, de gestoras aeroportuárias a mecânicas, é certo que as mulheres estão conquistando os céus e desafiando estereótipos enraizados. Enquanto o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher, a indústria da aviação comemora os progressos notáveis na promoção da igualdade de gênero e valorização das mulheres em todos os níveis do mercado. Para se ter uma ideia, nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de mulheres ocupando cargos de destaque na aviação.

Foi em 2008 que a Tassia Fráguas começou a carreira profissional na aviação. Na época ela atuou como Fiscal de Pátio, função essencial para as operações aeroportuárias que vai desde a inspeção de pista até monitoramento e balizamento das aeronaves. Após quase um ano, ela foi promovida como Apoio Administrativo da gerência de operações no Aeroporto de Curitiba. Em 2010, Tassia deu mais um passo no crescimento profissional sendo Coordenadora de Segurança Operacional. Após dois anos, em 2016, se tornou a primeira gerente de operações do Aeroporto de Curitiba. 

“São 16 anos de carreira como aeroportuária. Hoje eu já ganhei um espaço muito importante no setor, mas em algumas situações já me senti desrespeitada, tendo menos poder de voz, e como se o meu parecer necessitasse de uma validação de um homem para que eu fosse ouvida”, expõe a gerente do Aeroporto Internacional de Goiânia. “Nós mulheres temos ganhado cada vez mais espaço no setor do transporte aéreo”, expõe Tassia.

Júlia Darc é a única mulher que trabalha como técnica em manutenção de aeronaves na equipe de uma grande empresa de aviação executiva em Goiânia. Com pouco mais de quatro anos de experiência, ela passou por situações conflitantes na carreira, como assédio moral e desvalorização. 

“As pessoas acham que eu só fico com papel averiguando a manutenção da aeronave, ou que só fico lubrificando. Mas a verdade é que ponho a mão na massa. Pego peças pesadas, trem de pouso, parte mecânicas da turbina. Então assim como o trabalho ‘masculino’, no meu ambiente ninguém da equipe passa a mão na minha cabeça. Sou mulher, mas tenho a mesma preparação e conhecimento técnico como quaisquer outras pessoas”, explica Júlia.

A história da Jessica Rossi Colantonio é algo de anos. Foi em uma feira de profissões da escola que ela descobriu o desejo de trabalhar pelo céu. Vinda de uma família que não é da aviação, ela teve que encarar uma jornada de aproximadamente dez anos para alcançar o sonho da infância e tornar-se uma pilota.

“Não foi fácil, pois não tive uma mulher piloto para me inspirar, mas fico feliz por hoje inspirar mulheres a entrarem na aviação”, argumenta Jessica. A preparação para chegar ao posto de copiloto na Latam começou em 2012. “Nunca quis ser comissária de bordo, queria comandar a máquina. E foi isso que não lhe fez desistir”, conta.

Atualmente muitas mulheres desempenham várias funções essenciais na aviação, desde cargos em companhias aéreas até papéis de liderança em aeroportos. Na CCR Aeroportos, por exemplo, as mulheres compõem 38% do quadro de funcionários e ocupam 35% de todos os cargos de liderança. 

“Assim como eu, muitas mulheres conciliam diariamente suas responsabilidades profissionais com o papel vital de mãe e esposa. Nos esforçamos para participar das atividades dos filhos, oferecendo apoio e amor. A função profissional exige 24 horas de disponibilidade, igualmente a nossa função de mãe e esposa”, argumenta Tassia.

Até ser chamada de pilota pela primeira vez, Jessica teve que trilhar um longo caminho: iniciou o curso de piloto privado, atuou como instrutora de voo, fez o curso de formação como piloto comercial até, enfim, conseguir bater pela primeira vez na porta de uma companhia aérea para pedir um emprego como piloto.

“É difícil emocional e financeiramente. Te demanda muito estudo e dedicação, mas digo para todo mundo que no final vale muito a pena”, diz a copiloto que tem licença para operar a família das aeronaves Airbus A320 por cerca de 50 destinos do Brasil e sete da América Latina. 

“O importante é não desistir dos sonhos”

Os desafios não param por aí. Para muitas mulheres, a pressão social e as expectativas culturais podem tornar ainda mais difícil conciliar suas carreiras com a maternidade e a administração do lar. “Há uma certa pressão para ser a ‘supermulher’ que faz tudo”, observa Tassia. “Mas é importante lembrar que não podemos fazer tudo sozinhas e que precisamos de apoio.”

Felizmente, as empresas de aviação estão começando a reconhecer a importância de apoiar as mulheres em todas as facetas de suas vidas. Programas de licença maternidade estendida, creches no local de trabalho e flexibilidade de horários são apenas algumas das iniciativas que estão sendo implementadas para ajudar as mulheres a conciliar trabalho e família.

Na indústria da aviação, especificamente, o cenário está mudando rapidamente, com mais mulheres ocupando cargos de destaque e comandando as alturas. A Capitã Jessica enfatizou a importância de programas de mentoria e apoio contínuo para mulheres que aspiram a uma carreira na aviação. “Devemos continuar incentivando e apoiando umas às outras”, disse ela. “Juntas, podemos alcançar grandes alturas”.A verdade é que essas mulheres estão liderando o próprio caminho, provando que não há limites para o que as elas alcancem qualquer lugar. “A presença feminina em cargos-chave, desde pilotos até engenheiras ou técnicas em mecânica como eu, estão elevando os padrões da indústria. Estamos mais fortes e mais resilientes como resultado”, completou Júlia. “Gerenciar pessoas e um dos grandes aeroportos da região centro-oeste exige um compromisso significativo de tempo e energia, alfo que é minha paixão”, finalizou Tassia.

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