Goiás anuncia medida para melhorar produção de leite no Estado
Ao todo, foram destinados R$ 113 milhões para o programa que é dividido em quatro etapas
Pela primeira vez em 2024, o prédio principal da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) no Setor Sul ficou lotado com mais de mil produtores rurais de todas as cinco regiões do estado. Esta grande reunião se deu pelo motivo do sancionamento, e do apoio, do governador Ronaldo Caiado (UB) quanto uma lei de incentivos fiscais para produtores goianos de leite que sofrem com baixos lucros da produção.
Este problema no meio rural não é algo recente para os produtores do animal, como diz o deputado estadual Amauri Ribeiro (UB) durante a coletiva: “Está inviável produzir leite em Goiás e no País”. Esta afirmação também pode ser constatada no preço do alimento vendido pelos produtores rurais em Goiás que teve um aumento em janeiro de 2024 depois de uma queda em dezembro de 2023 seguido de outro aumento em novembro, segundo dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
De acordo com Edson Novais, Gerente Técnico e Econômico da Federação Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) para a equipe de reportagem, essa instabilidade prejudica os produtores no sentido de não haver previsão de qual valor o produto será vendido. “Atualmente os preços pagos aos produtores estão variando de R4 1,70/litro à R$ 2,40/litro, dependendo do volume, qualidade, distância, e outros fatores. É prejudicial também porque os preços apresentam uma variabilidade enorme de um mesmo produtor ao longo do ano. O produtor entrega o leite e só fica sabendo do seu preço no 25º dia do mês subsequente.”
Essa instabilidade no preço dos laticínios no mercado também provoca prejuízos para os produtores rurais que já seguem com baixas margens de lucro. Além disso, as indústrias do ramo em Goiás optaram pela importação do alimento de países vizinhos como da Argentina e do Uruguai. Esse desembolso nos produtos importados é mais uma etapa que soma uma pilha de empecilhos da produção viável de laticínios.
Devido ao impulsionamento da importação de leite, houve uma queda no preço para o produtor goiano pela inflação artificial do produto, como diz Edson: “O grande volume que tem entrado nessas importações de leite e derivados aumenta a oferta de leite de forma artificial, puxando os preços para baixo. Isso está fazendo com que inúmeros produtores saiam da atividade”, afirma o especialista.
Tudo isso provocou uma série de demandas dos produtores rurais goianos para a defesa da pecuária. Sobre isso, vale lembrar que Goiás é o 6º maior produtor de leite do Brasil, com uma parcela da produção de quase 2% de toda a nação, com uma renda no valor de US$ 9,2 milhões, segundo boletim do Seapa de março de 2024. Além disso, só no ano de 2023 foram produzidos mais de 2 bilhões de litros de leite com mais de 2 milhões de animais destinados à lactação.
Tudo isso culminou com uma nova medida do Governo de Goiás que visa a proteção da produção de leite no estado através da alteração de duas outras leis vigentes junto com novos incentivos fiscais para a agropecuária. Além disso, esta medida prevê uma regulação na entrada do alimento, bem como um fim no incentivo fiscal para a importação para a indústria dos laticínios. Ao todo, foram captados mais de R$ 113 milhões para a iniciativa a fim de resguardar a produção de Goiânia.
Uma nova adição ao Pró-Goiás
Com isso, o titular do Seapa, Pedro Leonardo, ao jornal O HOJE, diz que todas essas medidas foram elaboradas dentro da câmara técnica e conciliação do leite da secretaria que conversassem com todas as três partes da cadeia produtiva do leite: do produtor, da indústria e do varejo. Todo o projeto teve um período de duração de seis meses visando uma gama de ações para além do benefício fiscal, mas também da sobrevivência e da longevidade da atividade goiana.
A primeira parte do projeto visa uma nova linha de crédito para que os produtores possam usar para assistir os custos da produção. Ao todo, R$ 100 milhões de reais foram destinados a uma nova aba do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). “Nós criamos o FCO Leite nesse período que a cadeia passa por dificuldades para auxiliar o custeios e novos investimentos. É um crédito rural que traz as melhores taxas de juros com a maior carência, chamado de linha linha verde”, esclarece que o Banco do Brasil é a instituição responsável pelo FCO em Goiás.
Outra ação que menciona é o programa de aquisição de alimentos que planeja a compra de leite de produtores rurais da agricultura familiar. Para esta ação foi destinado R$ 10 milhões, já o leite comprado deve ser destinado a instituições filantrópicas de Goiás. “Mais uma medida será adquirir a produção de leite de produtores goianos para fortalecer na comercialização. Para isso, o leite será comprado pelos preços do leite indexados pela tabela Conab, e pretendemos fazer o pagamento em até 20 dias, comparado com 45 dias do normal.”
Por último, menciona o programa de melhoramento genético e produtivo da cadeia de leite em Goiás, especificamente os produtores da agricultura familiar. Para este último, foi destinado R$ 3 milhões na compra de material genético, como embriões, e programas de capacitação. “O que pretendemos é adquirir o material genético de animais com genética superior para implantar melhoramento genético da agricultura familiar. Além disso, vamos fazer um programa de capacitação na nutrição e sanidade animal”, afirma o gestor da pasta.
Além disso, menciona como todas essas medidas são de efeito imediato, sendo que as linhas de crédito já estão disponíveis para o uso dos produtores. Já os outros dois programas devem ser lançados com o devido edital, previsto para sair na primeira semana de abril.