Nos últimos meses, os moradores de Goiás têm enfrentado não apenas um aumento significativo nas temperaturas, mas também preocupações com os custos de energia elétrica, especialmente durante o período de estiagem que se avizinha. Josicleide do Nascimento, de 36 anos, residente no setor Grajaú em Goiânia, viu sua conta de luz disparar desde abril deste ano.

Acostumada a pagar cerca de R$ 50 mensais pelo consumo de energia, a dona de casa se surpreendeu ao receber uma conta de R$ 300 em abril. Essa variação abrupta levou a família a adotar medidas de economia, como evitar o uso do ar condicionado, aparelho que contribui significativamente para o aumento do consumo.

“No começo foi um choque receber uma conta tão alta”, compartilhou Josicleide, que vive com o marido e três filhos. Nos meses seguintes, houve uma leve redução nos valores, com a conta de maio chegando a R$261,00 e a de junho diminuindo para R$250,00. A família tem tomado cuidados extras, como limitar o uso de eletrônicos e reduzir o tempo de uso de eletrodomésticos como geladeira, microondas e televisão.

“Decidimos não ligar o ar condicionado a menos que seja absolutamente necessário, para evitar novos aumentos na conta de energia”, explica Josicleide, destacando os esforços contínuos para equilibrar conforto e economia.

Vale destacar que estamos na estação de inverno, porém, o inverno da região central do Brasil é atípico, onde há falta de chuvas e aumento de temperaturas na maior parte do dia, apesar de ficarem mais baixas na parte da noite. A explicação é do gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo),  André Amorim.

André destaca que o ar frio de origem polar que percorre o país não tem intensidade suficiente para manter a temperatura baixa o dia inteiro. Assim, após as primeiras horas do dia, a tendência é que as  temperaturas fiquem mais altas.

Aumento de 13% em Goiás

Marcos Aurélio Silva, Executivo de Faturamento da Equatorial Goiás, confirma que nos últimos meses, Goiás tem enfrentado um aumento expressivo no consumo de energia elétrica, atribuído principalmente às altas temperaturas que têm predominado não só no estado, mas em toda a região sudeste e centro-oeste do país.

Ele explica que mudanças significativas na temperatura têm um impacto direto no comportamento de consumo dos clientes, especialmente aqueles que dependem de equipamentos como geladeiras e ar-condicionado.

Comparando o primeiro semestre de 2024 com o mesmo período do ano anterior, o estado registrou um aumento de 13% no consumo de energia. Esse crescimento substancial tem sido impulsionado pelo aumento do uso de aparelhos refrigeradores e de climatização, tanto no setor público quanto nas residências. Setores como o público, que utiliza muitos sistemas de ar-condicionado, e residências com equipamentos como geladeiras têm sido os mais afetados pelo aumento da demanda de energia devido às altas temperaturas.

Em resposta a essa alta demanda, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) acionou a bandeira amarela, que implica um adicional de R$1,88 a cada 100 kWh consumidos. Essa medida visa cobrir os custos adicionais de geração de energia pelas usinas termelétricas, necessárias para suprir a demanda crescente no cenário elétrico nacional.

Com a bandeira amarela em vigor, os consumidores em Goiás enfrentarão um aumento médio de cerca de 2,5% em suas contas de energia, já considerando os impostos locais.

Além das temperaturas elevadas, outro fator que tem impactado significativamente o consumo de energia em Goiás é a escassez de chuvas. Em uma região com muitas instalações rurais dependentes de eletricidade para irrigação, a diminuição das precipitações resulta em um aumento adicional no consumo entre os clientes rurais. Silva destacou que períodos de chuvas escassas tendem a elevar o uso de energia para a irrigação, acentuando ainda mais a demanda sobre o sistema elétrico.

A crescente incorporação de novos equipamentos elétricos no cotidiano das famílias também têm contribuído para o aumento no consumo. A proliferação de dispositivos como fritadeiras elétricas, micro-ondas e, mais recentemente, fogões elétricos reflete uma busca por maior conforto e conveniência, mas também aumenta a carga sobre o sistema elétrico.

Medidas simples ajudam a evitar o aumento da conta de luz

Diante desse cenário, a Equatorial Goiás tem fornecido orientações práticas para ajudar os consumidores a gerenciar melhor seu consumo de energia e, consequentemente, reduzir os impactos financeiros.

Uma das principais recomendações é o uso eficiente de equipamentos como geladeiras, que representam uma parcela significativa do consumo doméstico. Manter os alimentos bem organizados e evitar abrir a porta desnecessariamente são medidas simples que podem fazer uma diferença considerável ao longo do tempo.

Além disso, Silva enfatizou a importância de realizar a manutenção periódica dos equipamentos, como trocar sensores e borrachas de vedação das geladeiras. Muitas vezes, problemas simples de manutenção podem levar a um aumento no consumo de energia devido à ineficiência dos aparelhos.

Outro ponto crucial abordado pelo executivo é o uso racional do ar-condicionado. Ajustar a temperatura para 23 graus ou mais não apenas economiza energia, mas também prolonga a vida útil do aparelho, garantindo um funcionamento mais eficiente.

Quanto ao chuveiro elétrico, Silva alertou para os hábitos de consumo durante os períodos de variação térmica, com noites frias e tardes quentes. O uso excessivo e prolongado do chuveiro elétrico pode resultar em aumento significativo na conta de energia ao final do mês, destacando a importância de tomar banhos mais rápidos e eficientes.

Por fim, a Equatorial Goiás reforça seu compromisso em fornecer orientações e suporte aos consumidores para promover práticas sustentáveis de consumo de energia. Ao adotar essas estratégias simples, os clientes não apenas contribuem para a conservação de recursos, mas também ajudam a mitigar os impactos financeiros em seus orçamentos familiares.