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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Procedimento

Primeira cirurgia de artroscopia de quadril é realizada pelo SUS em Goiás

O procedimento minimamente invasivo possibilita menor tempo de internação e recuperação mais rápida do paciente

Postado em 6 de agosto de 2024 por Alexandre Paes
O procedimento minimamente invasivo possibilita menor tempo de internação e recuperação mais rápida do paciente
Uma vez que o paciente recebe o diagnóstico de artrose, não há possibilidade de cura e a cirurgia indicada | Foto: Divulgação/HMAP

O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia foi o primeiro a realizar a uma cirurgia de artroscopia de quadril da rede pública de Goiás. O procedimento minimamente invasivo representa uma alternativa mais custo-efetiva em comparação ao tratamento convencional para o tratamento de condições que acometem o quadril, sendo completamente custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Realizado por vídeo, o procedimento permite que o paciente se recupere mais rápido e fique menos tempo internado, além de reduzir o risco de complicações pós-cirúrgicas. A cirurgia normalmente é indicada para pacientes adultos jovens (até 40 anos) diagnosticados com impacto femoroacetabular, uma condição que ocorre quando existe um contato anormal e desgaste entre a cabeça do fêmur e o encaixe da articulação do quadril, provocando limitação da mobilidade e dor no quadril, além do risco de evolução para uma artrose.

O ortopedista Gabriel Silva, especialista em cirurgia do quadril do HMAP, foi quem conduziu, junto a outros dois médicos, o primeiro procedimento do tipo na unidade. Ele explica que uma vez que o paciente recebe o diagnóstico de artrose, não há possibilidade de cura e a cirurgia indicada seria a colocação de prótese no quadril. “A gente faz a artroscopia no intuito de aliviar a dor do paciente e, principalmente, retardar a evolução para a artrose”, esclarece o médico. A técnica é contraindicada para pacientes idosos e que já apresentam desgaste avançado ou lesão na cartilagem do quadril. Também não é indicada para pacientes com alguma infecção.

Para Gabriel, o maior ganho da técnica é a recuperação rápida. “Normalmente, o paciente recebe alta em menos de 24 horas após a cirurgia. Se não fosse por vídeo, com incisões maiores, sentiria mais dor, por causa do corte, e ficaria de 2 a 3 dias no hospital”, explica. Outros três pacientes devem realizar o mesmo procedimento neste mês.

O coordenador do departamento de cirurgia do HMAP, Leandro Flores, comemora a realização de um procedimento desse nível na rede pública. “É uma cirurgia moderna que requer um nível de formação elevado, com grande habilidade técnica e tecnologia de ponta, com grande benefício para os pacientes. Além disso, existem poucos cirurgiões que o fazem. E o HMAP tem essa capacidade técnica”, enfatiza Leandro. Ele ainda lembra que desde que o Einstein assumiu a gestão do HMAP, o número de cirurgias aumentou consideravelmente: em 2022 foram 2.147, e em 2023 esse número saltou para 7.506, um aumento de 250%. Só em junho deste ano foram 651 cirurgias.

Novidade na prevenção do câncer

Outra cirurgia realizada pela primeira vez no HMAP, dessa vez na área da coloproctologia proporcionou para uma paciente de 71 anos o tratamento mais eficaz para seu problema de saúde: a proctocolectomia total, ou seja, a retirada completa de todo intestino grosso e reto, foi indicada diante do diagnóstico de polipose adenomatosa familiar, uma doença hereditária que causa formação de pólipos intestinais e pode evoluir para câncer. 

A equipe responsável pela operação foi composta por sete mulheres, sendo cinco médicas, uma técnica em enfermagem e uma enfermeira, o que também trouxe orgulho para a coloproctologista Patrícia Romero Prete. “Essa é considerada a maior cirurgia da especialidade, um procedimento desafiador e, por isso, foi necessário contar com um time de peso. E é um orgulho que tenha sido todo formado por profissionais mulheres”, conta. 

A cirurgia ainda conta uma bolsa em formato da letra J ligando o intestino delgado ao ânus, além de uma bolsa de ileostomia chamada de protetora e temporária, que coleta fezes fora do corpo. Entre 5 e 7 dias de pós-operatório, o paciente recebe alta. A vida do paciente com ileostomia é normal, na maioria dos casos, podendo participar de atividades que já fazia antes da cirurgia, como esportes, viagens e trabalho.  É necessário, porém, cuidado com a troca da bolsa, feita em torno de 3 a 4 vezes por semana.  

A higienização é feita em casa e o SUS fornece o material. No HMAP, o paciente ainda conta com a ajuda de uma enfermeira estomoterapeuta, especializada para auxiliar nesses cuidados. De três a seis meses depois acontece a cicatrização da primeira bolsa e a ileostomia é fechada.  

A polipose adenomatosa familiar é assintomática. Geralmente, quando começam a aparecer manifestações como dor e inchaço abdominal, pode haver um indicativo de que já evoluiu para o câncer, o que pode acontecer, inclusive, em adultos jovens. A médica Patrícia Romero enfatiza que a prevenção, principalmente em quem já apresenta um histórico familiar, é indispensável. “Para pacientes sem casos na família, os exames devem começar a ser feitos, com orientação médica, a partir dos 45 anos”, reforça.

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