Tudo sobre o animal mais mortal do planeta: o mosquito
Dentre as doenças transmitidas por mosquitos estão: dengue, zika e chikungunya, todas causadas por vírus que se proliferam nesses animais
Goiás tem enfrentado uma crise de saúde pública em 2024 com um número alarmante de casos de dengue. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), o Estado registrou 276.552 casos confirmados da doença até o momento, resultando em 373 óbitos. A situação é particularmente preocupante, dado o impacto significativo na saúde da população.
Além da dengue, o estado também apresentou 136 casos confirmados de Zika vírus, porém, sem registros de óbitos. A chikungunya, outra doença transmitida por mosquitos, também tem causado preocupação. Goiás contabilizou 10.213 casos confirmados e 14 mortes atribuídas a essa enfermidade.
As autoridades de saúde intensificam as medidas para controlar a disseminação dessas doenças e reforçar a conscientização sobre a importância de prevenir a proliferação dos mosquitos vetores.
O Dia Mundial do Mosquito foi comemorado em 20 de agosto, uma data que não apenas celebra uma importante descoberta científica, mas também serve como um alerta global para as ameaças contínuas que esses pequenos insetos representam para a saúde pública. O dia é marcado por campanhas de conscientização e iniciativas de combate a doenças transmitidas por mosquitos, refletindo a necessidade urgente de ações coordenadas em todo o mundo.
Origem
A origem desta data remonta a agosto de 1897, quando o médico britânico Ronald Ross fez uma descoberta revolucionária: ele identificou que a fêmea do mosquito Anopheles era o vetor responsável pela transmissão da malária aos humanos. Essa descoberta foi fundamental para o desenvolvimento de estratégias de combate à malária e destacou a importância dos mosquitos como agentes de transmissão de doenças.
A malária continua sendo uma das principais preocupações de saúde global, afetando milhões de pessoas em áreas tropicais e subtropicais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença causou aproximadamente 229 milhões de casos e 409 mil mortes em 2019.
No entanto, a malária não é a única doença transmitida por mosquitos. Outras condições sérias incluem dengue, zika e chikungunya, todas causadas por vírus que se proliferam em mosquitos, especialmente em áreas onde há condições favoráveis para sua reprodução, como água parada.
Para enfrentar essas ameaças, o Dia Mundial do Mosquito enfatiza a importância de medidas de prevenção e controle. Ações incluem a promoção do uso de repelentes de insetos, a instalação de mosquiteiros em áreas afetadas e o tratamento de água para eliminar locais de reprodução dos mosquitos. Além disso, as campanhas de conscientização buscam educar as comunidades sobre a importância de reduzir criadouros de mosquitos e procurar tratamento médico imediato em caso de sintomas.
Mobilização mundial
As autoridades de saúde em diversos países estão se mobilizando para implementar essas medidas e fortalecer a vigilância. Organizações internacionais e locais colaboram em programas de erradicação de doenças e na promoção de pesquisas para desenvolver novas vacinas e métodos de controle de mosquitos.
Marcelo Daher, infectologista, explica que os mosquitos são os transmissores de várias doenças. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), fazem parte da lista de arboviroses – doenças causadas por vírus transmitidos, principalmente, por mosquitos -, a dengue, febre do Oropouche, chikungunya, zika, febre amarela e outras.
Daher destaca outras doenças também transmitidas por mosquitos como a leishmaniose e a malária, que é uma doença grave. “No mundo, a doença causa preocupações significativas. Precisamos ter muita atenção em relação a essas infecções”.
Os “assassinos invertebrados” matam indiretamente segundo o especialista. “Eles são vetores. Eles transmitem as doenças e elas podem se agravar causando a morte do paciente.”
Daher destaca que de acordo com a perspectiva médica, a doença mais transmitida pelo mosquito atualmente é a dengue, enquanto a mais letal é a malária. A doença, transmitida pela fêmea do mosquito Anopheles, é causada por um parasita que se reproduz na corrente sanguínea e agrava a saúde da pessoa infectada.
Apesar de diferentes formas de malária, sintomas são característicos
Apesar de ter diferentes formas de malária, os sintomas da doença são característicos. Os primeiros sinais são: febre, cansaço, mal-estar, enjoo, tontura, dor de cabeça, dores no corpo, perda do apetite e pele amarelada.
Esses sintomas ocorrem em ciclos, com períodos de febre seguidos de calafrios e suores. O ciclo pode ser previsível, permitindo que a pessoa perceba quando uma crise está para acontecer. A doença pode se manifestar de forma diferente dependendo da espécie do Plasmodium envolvido e do estado de saúde do paciente.
Segundo o infectologista é importante entender alguns detalhes cruciais sobre essa doença infecciosa transmitida pela picada de mosquitos infectados, especificamente os do gênero Anopheles. “A infecção é causada por parasitas do gênero Plasmodium, que entram na corrente sanguínea e se multiplicam no fígado antes de se espalharem pelos glóbulos vermelhos”, detalha o médico.
“Isso pode levar a sintomas que variam de leves a severos, e em alguns casos, pode ser extremamente grave e até fatal”, acrescenta.
Na África, a malária é uma doença de alta relevância onde a incidência e a mortalidade são muito elevadas. O continente africano é particularmente vulnerável devido ao clima e à presença constante de mosquitos transmissores.
No Brasil, embora a malária tenha sido uma preocupação maior em décadas passadas, a situação atual está mais controlada, com a doença restrita a algumas áreas específicas e menos prevalente. No entanto, ainda há registros de casos e até óbitos relacionados à malária, como ocorreu em Goiás em 2023, onde pessoas não necessariamente viajantes para áreas endêmicas foram afetadas.
Como muitas doenças transmitidas por mosquitos não têm vacina disponível, a principal estratégia de prevenção é evitar a picada do mosquito. “Isso inclui usar repelentes, vestir roupas de manga longa e utilizar redes ou mosquiteiros em áreas de risco. É crucial também controlar os locais onde os mosquitos se reproduzem, como água parada, para reduzir a população desses insetos”, orienta o infectologista.
O médico destaca ainda que é importante estar ciente dos horários em que os mosquitos transmissores são mais ativos. Por exemplo, o mosquito Aedes aegypti, que transmite doenças como a febre amarela e a leishmaniose, é mais agressivo no final do dia e durante o início da noite. Portanto, adotar medidas como aplicar repelentes antes de sair ao entardecer e manter ambientes livres de água parada pode ajudar significativamente na prevenção.
Mesmo sem vacinas para todas as doenças transmitidas por mosquitos, focar na redução de riscos e na proteção pessoal pode fazer uma grande diferença. “Trabalhar para controlar os reservatórios e implementar medidas preventivas adequadas são passos importantes para combater a malária e outras doenças semelhantes”, destaca.