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domingo, 13 de outubro de 2024
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Sobrepeso

30% das crianças em Goiás estão acima do peso

Para especialistas, isso é reflexo dos maus hábitos alimentares da família, pouca prática esportiva e excesso de telas, favorecendo o sedentarismo

Postado em 10 de setembro de 2024 por Ronilma Pinheiro

Um cenário preocupante vem sendo observado em Goiás: um número cada vez maior de crianças está acima do peso. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 30% da população goiana de até 10 anos tem, ao menos, sobrepeso. A situação é a mesma em todo o Brasil e o prognóstico para daqui 11 anos é ainda pior: este número deve chegar a 50%. 

Jéssica França, médica endocrinopediatra do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP), unidade pública administrada pelo Einstein, alerta que crianças com sobrepeso têm maior risco de alteração nos índices de colesterol, hipertensão, diabetes, apneia obstrutiva do sono, deformidades e dores nas pernas, problemas na pele e muitas outras complicações, o que se reflete na saúde pública. Na unidade, 32% das crianças que fazem acompanhamento com endócrino apresentam algum nível de obesidade.

A especialista esclarece que essa situação é multifatorial e os principais motivos estão relacionados ao ambiente em que a criança está inserida. “Hoje em dia, os principais fatores são alimentação, sedentarismo e excesso de telas”, explica. De uma forma geral, a criança deve ter acompanhamento regular com o pediatra, semestral ou anual, a depender do caso, para identificar a velocidade de ganho de peso. “Se a criança vem ganhando peso de forma rápida, perdendo roupas ou nitidamente está com a circunferência abdominal aumentada, é preciso acender o alerta, já que a obesidade é um fator que pode predispor a doenças cardiovasculares e outros problemas de saúde”, destaca.

Crianças com sobrepeso ou com alterações endócrinas, como disfunção na tireóide, puberdade precoce e baixa estatura, são encaminhadas para o HMAP por meio de um sistema de regulação municipal. As que chegam à unidade por outro motivo também são classificadas quanto ao status nutricional e podem, a partir daí, serem diagnosticadas com obesidade e iniciar um tratamento no hospital. O primeiro passo é comunicar os pais ou responsáveis. “É importante sinalizar isso de uma forma bem acolhedora. Vejo que esse é um assunto sensível para os pais, porque, às vezes, eles também convivem com a condição”, comenta a médica. 

Atualmente, o diagnóstico de obesidade infantil é feito segundo critérios da Sociedade Brasileira de Pediatria, por meio do Índice de Massa Corporal (IMC). Esse valor é classificado em gráfico que considera a idade e gênero de cada criança. O pilar do tratamento consiste na reeducação alimentar, prática de atividade física e redução do tempo de tela, mas em casos mais graves ou com comorbidades associadas, torna-se necessário o uso de medicamentos. 

Prevenção

A endocrinopediatra Jéssica França sugere a adoção de práticas saudáveis desde os primeiros meses de vida, como o aleitamento materno exclusivo até 6 meses e complementar até os 2 anos, evitar oferecer alimentos e bebidas açucaradas antes dessa idade, incentivar a realização de atividade física regular apropriada para cada faixa etária e reduzir o tempo de exposição de tela (tablet, celular, TV, videogames, entre outras).

Além da alimentação, a prática regular de atividade física desempenha um papel fundamental na prevenção da obesidade. O sedentarismo, muitas vezes incentivado pelo uso excessivo de telas como smartphones e videogames, pode ser combatido com o incentivo à prática de esportes e brincadeiras ao ar livre. Segundo especialistas, o ideal é que crianças e adolescentes pratiquem ao menos uma hora de atividades físicas moderadas a intensas por dia.

Outro ponto importante é o envolvimento da família. Pais e responsáveis têm um papel crucial ao servir como exemplo para os filhos. “Promover refeições em família e ensinar a importância de escolhas alimentares saudáveis ajuda a criar uma relação positiva com a comida. Além disso, estabelecer uma rotina que inclua horários fixos para as refeições e um sono adequado também contribui para o controle do peso e o bem-estar geral das crianças”, finalizou a endocrinologista.

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