Anielle Franco anuncia novo secretário em meio a críticas
Clédisson dos Santos Júnior assume secretaria em meio a críticas à gestão de Anielle Franco
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, nomeou o antropólogo mineiro Clédisson Geraldo dos Santos Júnior como novo responsável pela Secretaria do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir). Ele assume o posto após a exoneração do ativista baiano Yuri Silva, uma decisão que gerou descontentamento dentro do movimento negro.
Embora o ministério afirme que a demissão de Silva faz parte de uma reestruturação interna, há especulações de que a decisão tenha sido motivada por sua proximidade com o ex-ministro Silvio Almeida, recentemente acusado de importunação sexual por Anielle Franco. O movimento negro, no entanto, critica a falta de diálogo da ministra e a maneira como a substituição foi conduzida.
Atualmente, Clédisson dos Santos Júnior trabalha no gabinete da deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) e também é secretário da Frente Parlamentar Mista Antirracismo no Congresso Nacional. Ele deixará ambas as funções para assumir a secretaria na próxima semana.
O Sinapir, um dos pilares do Ministério da Igualdade Racial, é responsável por articular as políticas de promoção da igualdade racial em estados e municípios. Segundo Anielle, Clédisson possui a experiência necessária para fomentar essas políticas em todo o país, fortalecendo a agenda de igualdade racial nas esferas municipais e estaduais.
Pesquisador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Clédisson já integrou importantes grupos de defesa dos direitos da comunidade negra, como o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e o Coletivo Nacional de Juventude Negra (Enegrecer). Em declaração à imprensa, ele se disse honrado com o convite e reafirmou o compromisso de levar adiante as políticas de igualdade racial.
O anúncio ocorre em meio a uma série de críticas à gestão de Anielle Franco, que enfrenta pressão de terreiros e entidades negras. Em carta aberta enviada ao presidente Lula, o movimento negro destacou a importância de Yuri Silva para a defesa da liberdade religiosa e a juventude negra, ressaltando que ele foi peça-chave na criação de importantes programas governamentais. A carta acusa a ministra de falta de diálogo e pede uma reunião com o presidente para discutir o futuro das políticas para terreiros.
O Ministério da Igualdade Racial ainda não comentou sobre as críticas feitas pelas entidades.