X (Twitter) atualiza termos para utilizar dados dos usuários no treinamento de IA
Mudanças aumentam retenção de dados e permitem compartilhamento com terceiros
A rede social X, anteriormente conhecida como Twitter e agora controlada por Elon Musk, anunciou mudanças significativas em seus Termos de Serviço e na Política de Privacidade. A partir do dia 15 de novembro, as novas regras permitirão que a empresa utilize dados dos usuários, como textos, imagens, fotos e vídeos, para treinar sua inteligência artificial, a Grok, da empresa xAI. Esse comunicado foi feito por meio de um pop-up exibido na plataforma, onde os usuários que clicarem no botão “Entendi” aceitam as novas condições e podem continuar utilizando a rede social.
As atualizações, publicadas no blog oficial do X no dia 16 de outubro, ampliam as permissões para coleta e uso de dados, e os usuários serão diretamente impactados por essa nova abordagem. A seção revisada “Seus direitos e concessão de direitos no conteúdo” agora permite que o X utilize as publicações feitas na plataforma para alimentar e aprimorar seus modelos de aprendizado de máquina, tanto os de IA generativa quanto os não generativos.
De acordo com os novos termos, a empresa afirma que o conteúdo dos usuários será analisado e utilizado para melhorar os serviços oferecidos pela rede social. Além disso, a Política de Privacidade também foi alterada para permitir o compartilhamento de dados com terceiros, o que levanta preocupações sobre o uso e até a venda dessas informações para desenvolvedores de inteligência artificial. Isso cria uma nova fonte de receita para a plataforma, mas ainda não está claro como os usuários poderão questionar ou optar por não participar dessa coleta.
Outra mudança notável é a ampliação do período de retenção de dados. Antes limitado a 18 meses, o X agora poderá manter os dados por tempo indeterminado, um ponto que pode gerar debates em torno da privacidade dos usuários.
Essa mudança ocorre após o X ter sido liberado para voltar a operar no Brasil, país onde questões de privacidade digital são sensíveis. Em julho, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) havia proibido a Meta de usar dados de brasileiros para treinar sua IA, devido à falta de transparência. Apenas após a Meta cumprir exigências de notificação e esclarecer o uso dos dados, a empresa pôde retomar suas atividades com IA no Brasil.
As novas regras do X evidenciam a crescente dependência das grandes plataformas digitais na coleta massiva de dados para treinar modelos de inteligência artificial, o que levanta questões sobre o equilíbrio entre inovação tecnológica e a proteção dos direitos dos usuários.