Novembro Laranja: mês de conscientização da saúde auditiva
Campanha do Novembro Laranja, alerta a importância da prevenção e do tratamento de zumbido, misofonia e hiperacusia
Criada em 2006, a campanha nacional do Novembro Laranja, tem o objetivo de promover uma conscientização que alerta sobre a saúde auditiva. Durante o mês, são compartilhadas informações relevantes sobre a campanha, com o intuito de auxiliar na identificação de sintomas e alertar a sociedade sobre problemas auditivos que impactam de forma significativa a qualidade de vida, como o zumbido, a misofonia e a hiperacusia, além de incentivar a busca por tratamentos que possibilitem uma melhora na qualidade de vida da população.
A princípio, a campanha visava apenas conscientizar sobre o zumbido e suas repercussões. Entretanto, em 2017, o Novembro Laranja foi ampliado para abranger também a misofonia e a hiperacusia, duas condições auditivas que, assim como o zumbido, prejudicam a qualidade de vida de muitas pessoas, de acordo com informações da médica.
Aproximadamente 20% da população global apresenta algum nível de perda auditiva ou zumbido. No Brasil, estima-se que cerca de 28 milhões de pessoas sejam afetadas por esses sintomas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
É bastante frequente que pessoas que sofrem desses sintomas, os desconsideram pensando que são problemas relacionados à idade ou até uma ‘frescura’. Essa percepção faz com que muitos não procurem auxílio médico rapidamente, acreditando que podem lidar com eles ou que são normais para sua faixa etária e temporários.
No entanto, essa postura pode afetar de maneira significativa a qualidade de vida, uma vez que há recursos e tratamentos disponíveis para todas essas situações. Por isso, a campanha enfatiza a relevância de não desatender os sinais que o corpo manifesta e de procurar o suporte adequado, especialmente com otorrinolaringologistas e otoneurologistas, que são os profissionais mais qualificados para realizar o diagnóstico e o tratamento desses sintomas e suas causas.
Zumbido
O zumbido é um sintoma auditivo que se caracteriza pela percepção de sons sem qualquer fonte externa ou estimulação. Muitas vezes, é descrito como um apito, assobio, chiado ou sirene, água corrente, onda do mar ou cachoeira, insetos, aparelhos elétricos, cliques, estalos, pulsação como de um coração batendo, entre outros.
Esse sintoma pode vir acompanhado de estresse, aborrecimento, ansiedade, depressão, fadiga e insônia, o que sugere que está intimamente relacionado à redução da qualidade de vida do indivíduo afetado.
“O zumbido está principalmente associado à perda auditiva, mas também pode se manifestar devido a alterações e doenças metabólicas, musculares e neurológicas”, afirma a médica otorrinolaringologista pediátrica, Juliana Caixeta.
As origens do zumbido podem ser variadas. A perda ou lesão auditiva se destaca como a causa mais comum, seguida por algumas infecções, como a otite média. Além disso, transtornos do labirinto, como a enxaqueca vestibular, a doença de Ménière e a labirintite, também podem resultar em sintomas como vertigem, plenitude auricular, que é a impressão de ouvido entupido, ou dores de cabeça.
“O tratamento vai depender da causa do zumbido. Existe um leque de opções, a exemplo de aparelhos auditivos, terapia sonora, tratamento de alterações musculares ou articulares ao redor do ouvido, terapia de retreinamento de zumbido, ajustes na dieta e no sono, atividade física regular, medicamentos e até acompanhamento multidisciplinar, como terapia, psiquiatria, fisioterapia, fonoaudiologia”, explica a médica.
Misofonia
A misofonia é uma condição em que determinados ruídos, frequentemente de baixa intensidade e repetitivos ‒ como o clique das teclas, o barulho do liquidificador e unhas raspando superfícies ‒, geram reações emocionais intensas, como irritação e ansiedade.
A hipersensibilidade auditiva associada à misofonia não possui causas fisiológicas claramente identificadas, mas acredita-se que o cérebro possa interpretar esses sons de forma anômala, resultando em uma resposta emocional exagerada.
Essa condição pode estar ligada a transtornos como ansiedade, transtornos do espectro autista (TEA) e estresse pós-traumático, situações em que a sensibilidade auditiva aumentada agrava o estado emocional e neurológico, comprometendo o bem-estar social e emocional do indivíduo.
Hiperacusia
Já a hiperacusia é caracterizada pela hipersensibilidade a sons em volumes normalmente toleráveis, de intensidade moderada, que para a maioria das pessoas são considerados normais. Essa sensibilidade excessiva provoca desconforto e, em algumas situações, até dor, afetando a rotina diária do indivíduo de maneira semelhante ao zumbido e a misofonia.
Nesse contexto, a hiperacusia pode estar associada à perda auditiva, problemas no ouvido médio, como a Síndrome Tônica do Tensor do Tímpano, entre outras razões, mas sempre haverá uma causa identificável. Muitos indivíduos com esse distúrbio frequentemente relatam a presença de zumbido auditivo.
Tratamentos
A especialista explica que, se for identificada alguma enfermidade ou disfunção no quadro, o tratamento se concentrará na correção das causas subjacentes. Em quase todas as situações, no entanto, é necessário adotar medidas para amenizar o desconforto do paciente em relação aos sons e evitar o agravamento da condição.
O diagnóstico, porém, é extremamente importante para que, a partir dele, medidas sejam tomadas para atenuar o incômodo, impedir que ele prejudique a qualidade de vida do paciente e, também, para evitar que o quadro não se agrave. “Ao suspeitar de hiperacusia ou misofonia ou perceber o zumbido, o médico mais indicado a procurar é o otorrinolaringologista”, orienta.