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quinta-feira, 21 de novembro de 2024
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Visita de EStado

Lula recebe Xi Jinping para jantar e celebra relação estratégica entre Brasil e China

Lula e Xi Jinping assinam 37 acordos, fortalecendo laços entre Brasil e China

Postado em 20 de novembro de 2024 por Vinicius Lima
Jinping
Diplomacia sul-sul ganha força com visita de Xi Jinping ao Brasil | Foto: Governo Federal

Na noite desta quarta-feira (20/11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o presidente chinês, Xi Jinping, para um jantar no Palácio do Itamaraty, em Brasília. O evento, que marcou o encerramento da visita de Xi ao Brasil, contou com a presença de diversas autoridades brasileiras, incluindo os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso, além de ministros e outras figuras políticas, como o vice-presidente Geraldo Alckmin e a ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do Banco dos Brics.

Antes do jantar, Lula falou brevemente com a imprensa, mas se limitou a comentar sobre a vitória do Corinthians no Campeonato Brasileiro, sem abordar questões políticas ou a visita oficial de Xi. Por outro lado, o presidente chinês preferiu não se manifestar. O jantar foi acompanhado de um cardápio sofisticado, que incluiu pato laqueado como entrada e pratos principais como pirarucu, xinxim de galinha e lombo suíno.

Fortalecimento dos laços comerciais e diplomáticos

A cerimônia marcou o encerramento de uma série de compromissos entre os dois presidentes. Antes do jantar, os dois líderes assinaram 37 acordos e memorandos, destacando a cooperação nas áreas de comércio, ciência, tecnologia e energia. Entre os acordos, destaca-se o memorando de entendimento com a empresa chinesa SpaceSail, que busca estreitar a colaboração na área de satélites, competindo com a Starlink de Elon Musk. Além disso, a China segue como o maior parceiro comercial do Brasil, sendo responsável por uma grande parte das exportações brasileiras do agronegócio, o que fortalece ainda mais os laços econômicos entre os dois países.

A visita de Xi Jinping ao Brasil reflete o bom momento das relações bilaterais, especialmente após o governo de Jair Bolsonaro, que havia adotado uma postura mais distante em relação à China devido a divergências ideológicas. Desde que Lula reassumiu a presidência, as relações entre Brasil e China foram retomadas com força. Uma das primeiras viagens internacionais de Lula foi à China, em março de 2023, quando foi recebido por Xi Jinping. Agora, o presidente chinês retribui a visita, com uma agenda repleta de discussões sobre investimentos e novos acordos comerciais.

Xi Jinping não poupou elogios durante a visita e destacou o “melhor momento da história” nas relações entre os dois países. Ele ressaltou ainda que a China e o Brasil se tornaram “amigos de confiança mútua e futuro compartilhado”, com ambos desempenhando papéis significativos na promoção da paz e estabilidade global.

A importância estratégica do Brasil para a China de Xi Jinping 

Embora o Brasil seja mais dependente das relações comerciais com a China do que o contrário, o país asiático também vê no Brasil uma parceria estratégica fundamental. A China, com sua grande população, depende do Brasil como fornecedor de alimentos essenciais, como soja, carne e minério de ferro. Além disso, o Brasil ocupa um lugar importante no plano de desenvolvimento da China para se tornar a maior potência global, tanto econômica quanto militarmente.

Em sua fala, Xi Jinping afirmou que, nos últimos anos, os dois países trabalharam juntos para fortalecer uma parceria estratégica. “Nossos dois países passaram a ser amigos de confiança mútua e futuro compartilhado”, declarou o presidente chinês. A colaboração entre as duas nações visa não apenas a ampliação do comércio, mas também o fortalecimento de laços diplomáticos e a contribuição para a paz e o desenvolvimento global.

A diplomacia sul-sul e a relação com os Estados Unidos

A visita de Xi Jinping também ocorre em um contexto global marcado pela eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, o que pode alterar significativamente as dinâmicas do comércio internacional. Trump já adotou uma postura anti-China e tem planos de aumentar tarifas sobre produtos chineses e de outros países. Esse cenário tem gerado incertezas no comércio global, o que, por sua vez, reforça a importância das parcerias com países em desenvolvimento, como o Brasil.

Lula tem se dedicado a fortalecer a chamada “diplomacia sul-sul”, uma estratégia que visa estreitar laços com países em desenvolvimento, especialmente da África e Ásia. Em seus primeiros mandatos, Lula já havia intensificado esses laços, e agora, com a chegada de Xi, essa estratégia se consolida ainda mais. O presidente brasileiro reafirmou a intenção de diversificar a pauta de negócios com a China, ao mesmo tempo que busca expandir a cadeia de valor dentro do Brasil.

“Queremos adensar a cadeia de valor em nosso território, além de ampliar e diversificar a pauta com nosso maior parceiro comercial”, afirmou Lula. A visita e os acordos firmados demonstram o alinhamento entre os dois países, que se veem cada vez mais como aliados estratégicos no cenário global.

O desafio da dependência comercial e os acordos assinados

Apesar dos avanços, o Brasil ainda reluta em se aprofundar em alguns projetos ambiciosos da China, como a “Nova Rota da Seda”, que é um projeto trilionário de investimentos em infraestrutura. Embora a China tenha se mostrado disposta a investir no Brasil, há uma cautela quanto ao aumento da dependência do país em relação ao gigante asiático. Especialistas apontam que é fundamental diversificar os parceiros comerciais e não colocar todos os ovos na mesma cesta.

No entanto, os 37 acordos assinados durante a visita de Xi Jinping representam um avanço significativo nas relações bilaterais, abrangendo áreas como infraestrutura, saúde, energia e tecnologia. Entre os acordos, destaca-se o plano de cooperação para o desenvolvimento de satélites e a ampliação das exportações de produtos agrícolas brasileiros para a China, que inclui novos protocolos de inspeção para produtos como uvas, gergelim e sorgo.

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