”Cérebro Apodrecido”: redes sociais podem estar afetando sua saúde mental, aponta novo estudo
Excesso de conteúdo digital simples e negativo pode causar letargia e dificuldade de concentração
Você já ouviu falar em “cérebro apodrecido”? A expressão, popular entre os mais jovens nas redes sociais, descreve a sensação de cansaço mental após horas rolando o feed. Em 2024, o termo em inglês brain rot foi eleito a palavra do ano pela Universidade de Oxford, após uma votação que contou com mais de 37 mil pessoas.
Embora a ideia de um cérebro “apodrecido” não tenha base clínica – não há evidências de que isso aconteça literalmente –, o conceito representa um fenômeno real: a sobrecarga digital. Pesquisadores e especialistas têm estudado como o consumo excessivo de informações simples ou negativas afeta o bem-estar mental.
Efeitos da “podridão cerebral”
Um artigo do Newport Institute, que reúne centros de saúde mental nos Estados Unidos, aponta que o chamado brain rot está associado à letargia mental, dificuldade de concentração, agitação e até sintomas mais graves, como ansiedade e depressão. “O cérebro apodrecido é uma condição de confusão mental, redução da capacidade de atenção e declínio cognitivo que resulta de uma superabundância de tempo de tela”, explica o instituto.
A pesquisa destaca ainda o impacto da exposição prolongada a feeds de redes sociais e a conteúdos de baixa qualidade. A prática não apenas diminui a produtividade, como também distancia as pessoas de atividades que exigem maior profundidade de raciocínio.
Estudos publicados na revista científica norte-americana National Library of Medicine reforçam essa ideia. Um deles observou alterações na massa cinzenta do cérebro após seis semanas de exposição intensa a um jogo de RPG online. Essa região cerebral está diretamente relacionada à tomada de decisões e ao controle de impulsos.
Origem do conceito
Apesar de parecer algo recente, a crítica ao “apodrecimento do cérebro” remonta a 1854, muito antes da internet existir. Henry David Thoreau, em seu livro Walden, ou “A vida nos Bosques”, já alertava sobre a tendência de desvalorização das ideias complexas em favor das mais simples. “Enquanto a Inglaterra se esforça para curar a praga da batata, não haverá nenhum esforço para curar a praga do cérebro?”, questionava o autor.
Com a chegada da internet e a facilidade de acesso a informações simplificadas, esse comportamento foi amplificado, intensificando os efeitos negativos no funcionamento cognitivo.
Como proteger a mente?
Segundo o Newport Institute, é possível reduzir ou até mesmo reverter os danos causados pelo brain rot. Medidas simples, como limitar o tempo de tela, desligar notificações e evitar aplicativos que desviam a atenção, podem fazer a diferença.
Além disso, buscar atividades que estimulem o raciocínio e a criatividade pode ajudar a reconectar o cérebro com seu pleno potencial. Afinal, mesmo em meio ao excesso digital, a saúde mental deve sempre ser prioridade.
*Essa matéria contém informações publicadas pelo jornal O Estadão
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