Queijo Minas é reconhecido como patrimônio cultural imaterial da Unesco
Reconhecimento da Unesco destaca a importância cultural e histórica da produção brasileira
Os sabores e as tradições de Minas Gerais ganharam reconhecimento mundial. A Unesco declarou os “Modos de Fazer Queijo Minas Artesanal” como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A cerimônia ocorreu em Assunção, no Paraguai, marcando um feito inédito: é a primeira vez que um item gastronômico brasileiro recebe esse título.
A produção artesanal do queijo de minas não é apenas um símbolo de Minas Gerais, mas também uma manifestação cultural que ultrapassa fronteiras. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), essa tradição envolve mais de 106 municípios mineiros, cada um imprimindo suas características regionais na produção.
Desde 2002, o queijo de minas é considerado Patrimônio Cultural de Minas Gerais, e, em 2008, recebeu o reconhecimento nacional. O processo para conquistar o título internacional começou em março de 2023, com um requerimento feito pela Associação Mineira de Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo) e pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais.
Um momento histórico
Para Leandro Grass, presidente do Iphan, o reconhecimento pela Unesco é um marco histórico para a cultura brasileira. “Estamos valorizando não apenas a técnica e o produto, mas também as pessoas por trás dessa tradição. É um compromisso com o desenvolvimento sustentável e a preservação socioambiental”, afirmou.
Grass destacou que a produção artesanal depende de práticas que respeitam o meio ambiente, garantindo água limpa e o bem-estar animal, além de preservar um modo de vida que reflete a história e os costumes locais.
Embora originado em Minas Gerais, o queijo artesanal se espalhou pelo Brasil, impulsionado por regulamentações como a Lei Federal 13.680/18 e o Decreto Federal 9.918/19, que facilitam sua comercialização interestadual e exportação. No Rio de Janeiro, por exemplo, a legislação local também assegura a qualidade e a identidade dos queijos produzidos no estado, conferindo-lhes o selo “arte”.
Segundo o deputado estadual Luiz Paulo (PSD-RJ), a cadeia produtiva do queijo artesanal movimenta a economia em várias frentes, desde a fabricação até o mercado varejista e gastronômico.
Riqueza brasileira no cenário global
Margareth Menezes, ministra da Cultura, comemorou a conquista e reforçou o valor simbólico desse reconhecimento. “Os sabores brasileiros são uma de nossas maiores riquezas. O fazer queijo carrega consigo as características de um território e de seu povo”, declarou.
A conquista coloca o queijo de minas ao lado de outras manifestações culturais brasileiras reconhecidas pela Unesco, como o Samba de Roda no Recôncavo Baiano, o Frevo e a Roda de Capoeira. É também o primeiro alimento brasileiro a entrar na lista, abrindo caminho para novas candidaturas no campo da gastronomia.
O presidente da Federação de Agronegócio de Minas Gerais, Antônio de Salvo, ressaltou a necessidade de preservar a tradição para as próximas gerações. “Esse modo artesanal precisa ser resguardado. Ele conta a história de como o leite era conservado no passado”, disse.
A partir do reconhecimento, o Iphan já planeja ações para fortalecer a visibilidade e a valorização desse patrimônio, tanto no Brasil quanto internacionalmente.
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