Centrão pode se fortalecer no governo Lula
Bloco deve ganhar mais destaque em possível reforma ministerial de Lula
A possível reforma ministerial no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) movimentou os corredores em Brasília nas últimas semanas. Com a possibilidade de Lula nomear novos ministros, as articulações políticas já começaram no final deste ano e devem se intensificar a partir do próximo ano.
Principal representante do centrão – bloco que já ocupa cargos importantes e estratégicos na Esplanada dos Ministérios – o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), é um dos entusiastas para que os partidos ao centro ganhem maior relevância junto ao Executivo. A reforma administrativa é vista como essencial para equilibrar as forças das legendas, de acordo com a representatividade no legislativo.
Um dos expoentes do centrão, o PSD pode alçar mais cargos ministeriais. A legenda chefiada por Gilberto Kassab comanda, atualmente, o ministério de Minas e Energia, com Alexandre Silveira; Pesca e Aquicultura, com André de Paula; e Agricultura e Pecuária, com Carlos Fávaro. O principal peessedista cotado a assumir um novo cargo por indicação de Lula é o atual presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Pacheco é próximo de Lula, e o petista deseja que o senador dispute o governo de Minas Gerais em 2026. Torná-lo ministro é uma estratégia de deixá-lo em evidência nos últimos dois anos de mandato, já que sua gestão enquanto presidente do Congresso acaba em fevereiro de 2025.
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Atualmente com três ministérios, o União Brasil também pode aumentar sua representatividade no governo. O partido, que caminhou com o petista em 2022, planeja lançar Ronaldo Caiado em 2026. A sigla é dividida entre a ala pró-governo e aqueles mais à direita. Caso aconteça uma aproximação de Lula com a alta cúpula do partido, o movimento pode desidratar o movimento de Caiado, que busca apoio para ser candidato ao Planalto nas próximas eleições.
Além disso, outras siglas – como MDB, PP e Republicanos – buscam maior protagonismo. Os partidos, somados, possuem cinco cadeiras ministeriais. O PT, por exemplo, soma 13 ministérios. A representatividade petista incomoda alguns líderes do centrão, pois o partido além de ficar atrás de outras siglas em número de deputados e senadores, ocupa os principais ministérios da Esplanada – como o da Fazenda, chefiado por Fernando Haddad.
Lira, que negocia cargos para o centrão, pode ser um dos beneficiados. O presidente da Câmara ganhou pontos com o poder Executivo após engajar em pautas prioritárias da equipe econômica do governo Lula. O parlamentar foi o principal responsável pela aprovação do pacote fiscal, que corta gastos para o governo cumprir o arcabouço fiscal. Lira também articulou a aprovação da PEC que regulamenta as regras da reforma tributária.
Sua atuação em seu final de mandato na Câmara foi quem garantiu as vitórias do governo, e garante poder de barganha ao deputado na hora de negociar cargos ministeriais. O Progressistas de Lira possui apenas um ministério. Após deixar a presidência da Câmara, o parlamentar pode ser o segundo da sigla a assumir um cargo por indicação do presidente. (Especial para O Hoje)