Direita precisa se unir para ser competitiva em 2026
Analista não vê um nome que consiga, sozinho, repetir o fenômeno Jair Bolsonaro de 2018
Analistas políticas apontam ser um erro subestimar o atual presidente do País, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando o assunto é eleição. Não por acaso, ele já ganhou três e pode ser o candidato da esquerda em 2026. Nesse cenário, uma direita pulverizava favorece a disputa pela reeleição do petista. Para ter chance, é preciso unir.
Entre os nomes que aparecem no campo da direita – especialmente em busca do espólio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível –, estão os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSDB-RS). Além deles, o empresário goiano Pablo Marçal (PRTB) também é ventilado, bem como o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL).
Pesquisa recente da Genial/Quaest – divulgada há pouco mais de uma semana –, contudo, mostra cenário favorável a Lula. Entre os goianos, Marçal aparece com 18%, enquanto o governador de Goiás, 3%. Os números mostram, todavia, que a melhor colocada contra o petista seria a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com 21%.
Outros nomes colocados são do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, 17%, e os governadores Ratinho Júnior, com 7%; e Romeu Zema, com 4%. Ao todo, 21% não responderam.
Em cenários de segundo turno, Lula também venceria Tarcísio por 52% a 26%, Marçal por 52% a 27% e Caiado por 54% a 20%. Mesmo que Bolsonaro estivesse na disputa, o resultado seria favorável ao petista, com 51% a 35%. Ao todo, foram 8.595 entrevistas presenciais com eleitores de 16 anos ou mais. A margem de erro estimada é de 1 ponto percentual e o nível de confiança é de 95%.
O levantamento testou, inclusive, o nome do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contra os mesmos nomes em segundo turno. Ele venceria também os quatro: Bolsonaro (42% a 35%), Tarcísio (44% a 25%), Marçal (42% a 28%) e Caiado (45% a 19%).
Análise
Para o professor e consultor em comunicação política, Marcos Marinho, a situação das direitas é complexa. “A direita moderada, que pega boa parte do centrão, surfou no bolsonarismo de 2018 para cá e ‘se fez’ com o objetivo de ganhar capilaridade e força política, de pressão em relação ao Executivo”, observa.
Apesar disso, Marinho aponta que não se viu um nome capaz de ser o estandarte das direitas, como Bolsonaro, em 2018. “Agora, a situação se complica mais, pois cai uma pecha de golpista sobre o bolsonarismo mais radical.” Assim, ele afirma que será necessário a direita escolher alguém para se reorganizar. “Fechar em algum nome.”
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Conforme o professor, caso a direita se pulverize, como fez no passado, estará garantida a reeleição do Lula ou do PT – quem ele indicar, pois “a máquina do governo é forte”. Marinho reforça que, em algum nível, o governo federal vai apresentar entrega, além do petismo ter uma base consolidada e a esquerda não ter outro nome forte para emplacar.
“Agora, quem vai ser o nome da direita? Hoje, não vejo um nome que reúna as características necessárias para fazer o que o Bolsonaro fez em 2018. Para ser o vocalizador de um discurso.” Conforme ele, Tarcísio, apesar de apontado como sucessor, não tem o mesmo capital político, sobretudo pela crise de segurança que passa em São Paulo.
Marinho afirma, ainda, que dificilmente irá emergir um nome. Por isso, as direitas terão de juntar os votos que conseguirem individualmente em torno de um escolhido. “O Caiado tem uma franja que o considera, mas ainda é governador de um Estado periférico, sem tanta visibilidade e confiança da ala bolsonarista”, observa. “As agendas ainda dependem do centrão. Então, a situação é difícil.”