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sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
Tabagismo

Substâncias do cigarro são prejudiciais à fertilidade

Estudos mostram que mulheres que fumam 10 cigarros por dia têm a fertilidade reduzida em 25%

Postado em 3 de janeiro de 2025 por Leticia Marielle

O consumo de cigarro, amplamente conhecido por seus impactos devastadores à saúde, também representa uma ameaça significativa à fertilidade. O que muitos não sabem é que as mais de 4 mil substâncias tóxicas presentes no cigarro podem comprometer os planos de ter um filho biológico. Estudos indicam que esses danos afetam tanto homens quanto mulheres, reduzindo suas chances de concepção.

Pesquisadores italianos, em um estudo publicado em agosto no periódico Journal of Clinical Medicine, descobriram que metais pesados presentes no cigarro convencional, como cádmio e chumbo, podem se acumular nos testículos e comprometer o funcionamento dessas glândulas, aumentando o risco de infertilidade masculina.

Por outro lado, uma revisão publicada em setembro no Journal of Applied Toxicology destacou que a nicotina tem potencial para prejudicar as funções ovarianas, afetando diretamente a capacidade reprodutiva das mulheres.

Esses não são os únicos efeitos do tabagismo sobre a fertilidade. Estudos já identificaram mais de 100 substâncias químicas no cigarro com impacto direto na saúde reprodutiva. Essas substâncias podem diminuir a quantidade e a qualidade dos gametas, além de causar alterações hormonais que afetam todo o processo reprodutivo.

De acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, homens e mulheres fumantes enfrentam o dobro do risco de infertilidade em comparação com não fumantes, evidenciando o impacto abrangente do tabaco na capacidade de concepção.

Substâncias que prejudicam a fertilidade 

Algumas substâncias presentes no cigarro são especialmente prejudiciais à fertilidade. A nicotina, por exemplo, tem efeito vasoconstritor, o que reduz o fluxo sanguíneo para os órgãos reprodutivos. Isso pode dificultar a ovulação, acelerar a perda de óvulos e diminuir a reserva ovariana, antecipando a menopausa. Além disso, interfere na receptividade do endométrio, reduzindo as chances de implantação do embrião, segundo explica Dias Junior.

Essa substância também afeta o funcionamento das tubas uterinas, comprometendo o encontro entre óvulos e espermatozoides, além de prejudicar a migração do embrião até o útero. Como resultado, há um aumento no risco de gravidez ectópica, quando o embrião se implanta fora do útero.

Nos homens, a nicotina prejudica a produção e a mobilidade dos espermatozoides, reduzindo a quantidade de gametas saudáveis. Ela também está associada ao aumento do estresse oxidativo nos testículos, que pode causar danos ao DNA dos espermatozoides.

Outras substâncias, como o alcatrão, também causam sérios danos. Esse resíduo do cigarro contém diversas substâncias químicas que podem comprometer o DNA dos óvulos e espermatozoides, diminuindo a qualidade dos embriões e aumentando o risco de aborto espontâneo.

O monóxido de carbono, por sua vez, interfere na capacidade do sangue de transportar oxigênio. Isso pode afetar a oxigenação dos tecidos ovarianos e endometriais, reduzir a reserva ovariana e comprometer a receptividade do endométrio para a implantação do embrião. Nos homens, essa substância impacta a produção de espermatozoides.

Já o formaldeído, conhecido como formol, contribui para um ambiente inflamatório nos órgãos reprodutivos. Isso pode prejudicar a função do endométrio e causar danos ao DNA de óvulos e espermatozoides.

Estudos mostram que mulheres que fumam 10 cigarros por dia têm a fertilidade reduzida em 25%. Para aquelas que fumam ainda mais, essa redução pode chegar a 43%, evidenciando o impacto severo do tabagismo na saúde reprodutiva.

Fertilização in vitro

O tabagismo também tem um impacto significativo em quem recorre à fertilização in vitro (FIV). Especialistas destacam que, em mulheres fumantes, é comum observar um menor número de óvulos disponíveis, além de gametas de qualidade inferior. Isso também afeta o embrião transferido para o útero, diminuindo as chances de implantação. Outro problema é que as fumantes frequentemente precisam de doses mais altas de medicamentos para estimulação ovariana, o que compromete o sucesso do tratamento e eleva seus custos.

Pesquisas científicas mostram que mulheres fumantes necessitam, em média, o dobro de tentativas de FIV em comparação às não fumantes. Segundo a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, as taxas de gravidez entre fumantes são 30% menores do que entre mulheres que passam pelo mesmo tratamento, mas não têm o hábito de fumar.

A única maneira de evitar que o cigarro prejudique a fertilidade é parar de fumar o quanto antes. Os especialistas apontam que, em aproximadamente três meses, os danos começam a ser revertidos. Assim, o ideal é que quem fuma abandone o cigarro pelo menos 90 dias antes de iniciar as tentativas de engravidar.

No entanto, nem todos os prejuízos são facilmente revertidos. Enquanto os danos à qualidade dos gametas podem levar até seis meses para melhorar, os efeitos sobre a reserva ovariana são permanentes, evidenciando a gravidade do impacto do tabagismo na saúde reprodutiva.

Tabagismo na gravidez 

Se a mãe conseguir engravidar e continuar fumando, o hábito pode trazer sérios prejuízos para o bebê. Ao contrário do fumante passivo, que inala a fumaça de forma indireta, o feto é diretamente afetado pelas alterações metabólicas no corpo da mãe fumante. Entre as substâncias presentes no cigarro, a nicotina reduz o fluxo sanguíneo para a placenta, comprometendo o fornecimento de nutrientes ao bebê. Já o monóxido de carbono aumenta o risco de hipóxia, uma condição em que os níveis de oxigênio no organismo ficam reduzidos, prejudicando o desenvolvimento do feto.

O bebê, se exposto às substâncias contidas no cigarro, pode nascer prematuramente, com baixo peso ou até mesmo correr o risco de morte. A nicotina tem um impacto direto na quantidade de sangue que chega à placenta, comprometendo o fornecimento adequado de nutrientes e oxigênio ao feto. Esse processo pode prejudicar o desenvolvimento de todos os órgãos, resultando em uma restrição de crescimento fetal. Um dos efeitos mais preocupantes é o subdesenvolvimento do cérebro, que pode causar dificuldades de aprendizagem e outros déficits cognitivos no futuro.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há um nível seguro para o consumo de tabaco, e todas as formas de uso, incluindo cigarro eletrônico e narguilé, são consideradas prejudiciais. A OMS recomenda que os países adotem medidas para incentivar o controle do tabagismo, como campanhas de conscientização, monitoramento e proteção das pessoas contra a exposição à fumaça.

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