Ato do 8/1 intensifica polarização política no País
Evento do governo Lula irrita oposição, que nega as “narrativas” de golpe
O ato do governo federal, encabeçado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na última quarta-feira, 8, em celebração à democracia, no aniversário de dois anos dos ataques antidemocráticos do dia 8 de janeiro de 2023, foi encarado como instrumento político pela oposição ao petista. O evento retomou as discussões políticas polarizadas no país.
A cerimônia intitulada “Democracia Fortalecida” não reverberou o impacto popular que a cúpula do Planalto esperava. Além disso, o evento – que além de sua importância institucional serviu como palanque político para Lula – reacendeu as discussões polarizadas. As críticas da oposição foram, para além de atribuir uso político por parte do presidente no ato do 8 de janeiro, em torno da pouca adesão popular ao evento.
Rogério Marinho, senador pelo Rio Grande do Norte e filiado ao PL, disse em suas redes sociais que “quando sindicalistas e movimentos alinhados ao PT incendiaram ministérios, vandalizaram prédios públicos, feriram pessoas na Praça dos Três Poderes e provocaram até uma morte, essas ações foram minimizadas. Nenhum desses atos foi tratado como uma ameaça à democracia”.
Outros parlamentares ligados ao bolsonarismo, como o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) e a deputada Bia Kicis (PL-DF), criticaram o evento e o governo em suas redes sociais. “O Brasil é hoje talvez a única democracia no mundo que o povo não apoia o governo”, comentou Gayer. Já Kicis afirmou que o presidente e seus “comparsas fazem questão de manter a narrativa do golpe, que nunca houve”, durante vídeo publicado em sua conta oficial do Instagram.
Além das críticas da oposição, o evento não contou com a presença de líderes da cúpula dos demais líderes dos Três Poderes. O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, não compareceram ao ato. As ausências chamaram atenção e expôs que o clima entre os Poderes não é de harmonia absoluta.
Ademais, o público que foi até a Praça dos Três Poderes acompanhar os discursos de Lula e das lideranças presentes era, de forma predominante, militantes do Partido dos Trabalhadores e apoiadores do atual governo. A tentativa de transformar o evento em uma coalizão de diferentes espectros políticos em favor à democracia não foi bem sucedida.
O que aconteceu, de fato, foi mais um capítulo que reacendeu as discussões polarizadas no Brasil. As interpretações sobre o ato diferem entre apoiadores e opositores. Os apoiadores do atual governo enxergam o evento como uma exaltação à democracia. Além disso, Lula é reconhecido internacionalmente pela sua postura diplomática, e o evento podia alavancar sua imagem nesse aspecto.
Já a análise da oposição, dos moderados aos mais extremistas, é que o ato permeia entre a uma oportunidade de valorização política do governo até uma narrativa de que os ataques antidemocráticos se tratava de uma tentativa golpista – o que é negado pela ala à direita ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). (Especial para O Hoje)