Lula abre mão do PT em reforma ministerial que pode minar Caiado
Representatividade petista deve diminuir para ascender visibilidade do Centrão no governo
A reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve marcar uma aproximação do terceiro mandato do petista com o Centrão, em detrimento do espaço do Partido dos Trabalhadores na atual gestão. Lula deve abrir mão do espaço que o PT possui na Esplanada dos Ministérios, para acomodar representantes dos partidos de centro, em um movimento político que pode refletir nas articulações de apoio para as eleições presidenciais de 2026.
No comando de 12 das 39 pastas do governo federal, o PT já antevê o movimento de Lula. Para o jornal Valor Econômico, Gleisi Hoffmann, presidente do partido, afirmou que está “esperando o presidente Lula me chamar para tratar desse assunto”. Ministro da Casa Civil, Rui Costa afirmou na última semana que algumas mudanças podem acontecer ainda este mês.
“Teremos uma reunião ministerial em 21 [de janeiro] e eventualmente alterações, se o presidente assim decidir, podem ser feitas antes dessa reunião”, disse. As alterações seriam feitas para que os novos ministros tenham “mais tempo para trabalhar”. Segundo Rui Costa, o governo está entrando em uma nova fase da gestão. “É como se estivesse terminando o 1º tempo e estivéssemos entrando no 2º tempo”, explicou em entrevista à GloboNews.
Como mostrado anteriormente pela reportagem do jornal O Hoje, os rumores de mudanças no corpo ministerial do governo acenderam na reta final do último ano. A expectativa é que tais mudanças, que devem resultar em mais cargos para os partidos do Centrão, atrapalhem a viabilidade da candidatura do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). O governador conta com o apoio do União Brasil para ser o nome do partido na disputa pelo Palácio do Planalto. Porém, visando dar musculatura ao seu projeto político, é natural que Caiado busque apoio de demais partidos, sobretudo as legendas à direita e centro-direita.
Em sua expedição rumo ao Poder Executivo federal, Caiado já disputa espaço no campo direitista. O governador viu sua relação estremecer com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um apoio do ex-chefe do Executivo ao governador é, nos dias atuais, visto como improvável.
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Na equação, resta os partidos de centro-direita para o governador. Porém, além da disputa com o possível candidato apoiado por Bolsonaro – o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aparece como nome mais provável -, Caiado terá a concorrência de Lula, com a máquina pública federal nas mãos. Levando isso em consideração, o petista possui maior poder de barganha que o governador.
A reforma ministerial deve abranger os principais partidos do Centrão – leia-se União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos -, que formam a maioria do Congresso Nacional. As legendas buscam maior protagonismo no governo. Atualmente, as siglas possuem, somadas, 11 cargos ministeriais – número menor do que o PT ocupa sozinho.
A representatividade petista incomoda alguns líderes do Centrão, pois o partido além de ficar atrás de outras siglas em número de deputados e senadores, ocupa os principais ministérios da Esplanada, como o da Fazenda, chefiado por Fernando Haddad; Casa Civil, com Rui Costa; Advocacia-Geral da União (AGU), com Jorge Messias; e Relações Institucionais, com Alexandre Padilha – um dos cotados a perder o cargo para abrir espaço para o Centrão.
Os ministérios da Educação, dos Direitos Humanos, do Desenvolvimento Social, da Igualdade Racial, das Mulheres, do Trabalho, do Desenvolvimento Agrário e a Secretaria-Geral da Presidência também são ocupados por petistas. (Especial para O Hoje)