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quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Saúde Pública

Goiás registra aumento nos acidentes com escorpiões em 2024

No ano de 2024 somente em Goiânia a SMS recolheu mais de 68 escorpiões em ambientes urbanos

Postado em 22 de janeiro de 2025 por Renata Ferraz
Escorpiões
Foto: Divulgação/Ses-GO

Apesar de o período reprodutivo dos escorpiões ocorrer entre agosto e setembro, é nos meses mais chuvosos, como dezembro e janeiro, que os acidentes envolvendo esses animais peçonhentos são mais frequentes. Nessa época, o aumento da umidade e do calor que tem nas casas cria condições ideais para o deslocamento dos escorpiões, que tendem a buscar abrigo em locais próximos aos seres humanos.

Esse comportamento resulta em uma maior interação entre pessoas e esses animais, elevando o número de ocorrências. Além disso, as enchentes e a reorganização do habitat natural desses animais acabam contribuindo para seu aparecimento em áreas urbanas, gerando preocupação nas comunidades afetadas.

A combinação de umidade e calor cria condições ideais para sua proliferação e deslocamento, aumentando o risco de encontros com humanos. Esses incidentes representam uma preocupação constante para a saúde pública, especialmente em regiões tropicais como o Brasil.

Keyla Sousa, professora e moradora de Goiânia, compartilhou sua experiência com um acidente escorpiônico ocorrido no início de 2024. “Eu estava em casa, limpando a área externa, e ao retirar uma caixa do canto, senti uma picada no dedo. Quando olhei, vi um escorpião amarelo. Entrei em desespero e chamei meu marido, que conseguiu capturar o animal e o levou para o hospital junto comigo.”

Ela recorda que, no momento, sentiu um misto de dor intensa e ansiedade, temendo pelas possíveis complicações. Ela foi imediatamente atendida no hospital, onde recebeu o soro antiescorpiônico e orientações médicas sobre o tratamento. “A dor era quase insuportável, mas o suporte rápido fez toda a diferença”, relatou.

Keyla relata que, após ser atendida, recebeu medicação e o soro antiescorpiônico, que ajudou a neutralizar os efeitos do veneno. Mesmo assim, a dor persiste por dias, acompanhada de vermelhidão e formigamento no dedo afetado. “O pior foi o medo e a insegurança por não saber muito a respeito desses bichos” desabafou.

Nos dias que se seguiram, Keyla sentiu os efeitos do veneno do animal como vermelhidão, formigamento e uma leve febre, mas conseguiu se recuperar completamente após o tratamento. 

Em Goiânia, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou avanços nas ações de controle em 2024, com 691 visitas técnicas realizadas, resultando no recolhimento de 68 escorpiões, além de outros animais sinantrópicos.

A secretária enfatiza a necessidade de eliminar fontes de alimento e abrigo, como lixo acumulado, entulho e vegetação densa, para conter a população desses aracnídeos.

No Estado de Goiás, os dados de 2024 revelam 7.204 acidentes com escorpião, com 154 internações e sete óbitos investigados, dos quais dois foram confirmados. Esse número representa um aumento significativo em relação aos anos anteriores, refletindo a crescente urbanização e a adaptação dos escorpiões a ambientes urbanos.

A análise revela um padrão de alta sazonalidade nos meses mais quentes e chuvosos, o que reforça a necessidade de políticas preventivas eficazes e campanhas de conscientização pública sobre os riscos e as formas de prevenção. Comparando com 2023, quando 4.591 casos foram registrados até setembro, observa-se um aumento significativo. 

Muitos desses casos só foram possíveis de evitar fatalidades, graças ao soro antiescorpiônico que é a principal medida terapêutica para tratar. Sua produção envolve um processo, no qual o veneno dos escorpiões é extraído e, em seguida, utilizado para imunizar cavalos em condições controladas. Os anticorpos produzidos pelos cavalos são então coletados, purificados e transformados no soro, que é distribuído para hospitais e unidades de saúde em todo o Brasil.

Esse sistema de produção é coordenado por instituições especializadas, como o Instituto Butantan, garantindo um fornecimento adequado para atender à demanda nacional, especialmente nas regiões mais afetadas pelos acidentes escorpiônicos. Ele tem o poder de agir diretamente contra as toxinas presentes no organismo do paciente. Quanto mais cedo administrado, maior sua eficácia em prevenir complicações severas.

No Brasil, escorpiões como o amarelo (Tityus serrulatus) são os mais perigosos devido à alta toxicidade de seu veneno e à adaptação ao meio urbano. Dados de 2023 mostram que 89% dos casos de acidentes com escorpiões foram considerados leves, enquanto 6% foram moderados e 1% graves. A maior parte das picadas ocorre em membros inferiores e superiores, sendo os pés e mãos os locais mais frequentes.

Casos de acidentes com escorpiões no Brasil

Se tratando de casos em nível nacional as regiões Sudeste, Nordeste e Centro-oeste são as que lideram. Sendo a região Sudeste, com 93.369 acidentes com escorpiões, isso podendo estar atrelado a vários fatores, como maior densidade populacional, entre outros. Em seguida, estão o Nordeste, com 77.539; o Centro-Oeste, com 16.759; as outras regiões como Sul e Norte, com 7.573 e 7.084 respectivamente.

Dados revelam que 65,92% das notificações de acidentes com escorpiões são feitas em zonas urbanas; 30,43%, em áreas rurais; e 0,53%, em zonas periurbanas. Além disso, o histórico de dados mostra que regiões tropicais e subtropicais tendem a apresentar um crescimento nos números de ocorrências, devido às condições climáticas favoráveis para a reprodução e deslocamento desses animais.

Estados como São Paulo e Minas Gerais apresentam as maiores notificações. Para evitar danos maiores e de extrema importância que o tempo da picada até o atendimento médico seja em menor tempo possível, pois atrasos podem aumentar a gravidade e a taxa de letalidade.

Com a combinação de chuva e baixas temperaturas, escorpiões e outros animais peçonhentos buscam abrigo em locais quentes, como sapatos, camas e outros objetos domésticos. As picadas de escorpião representam mais da metade dos acidentes com animais peçonhentos no Brasil, e a falta de conhecimento pode transformar situações tratáveis em tragédias evitáveis.

Leia mais: Ao menos quatro cidades goianas estão tentando estado de calamidade pública 

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