Isolado pelo PL goiano, Vitor Hugo segue sendo o preferido de Bolsonaro
Vereador mais bem votado de Goiânia e que quase foi expulso do partido no final do ano passado, mantém uma relação estreita com o principal líder da direita no país. Nesta quarta-feira (22), ele recebeu uma chamada de vídeo de Bolsonaro
É verdade que, após as eleições municipais de 2024, houve um desgaste na relação entre o vereador Vitor Hugo e o seu partido, o PL, a nível estadual e municipal. De lá para cá, a direita – até então alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – se dividiu em Goiás. Ao que parece, o partido não tem buscado uma união entre seus filiados. Isso ficou evidente com o racha imposto pelo presidente estadual da sigla, o senador Wilder Morais e o deputado federal Gustavo Gayer, que isolaram o vereador mais bem votado de Goiânia. A crise teve origem quando Vitor Hugo acompanhou o vice-governador Daniel Vilela (MDB) em uma visita a Bolsonaro, em Brasília, no final do ano passado.
Mesmo com tudo isso, a relação do parlamentar com o ex-presidente parece ótima. Os dois mantêm contatos regulares, tanto é que, nesta quarta-feira (22), o vereador recebeu uma ligação em vídeo do próprio Bolsonaro, maior líder da direita no Brasil. Questionado pelo O Hoje sobre o teor da conversa, o parlamentar descreveu a ligação como uma conversa entre “amigos”, destacando o tom cordial e descontraído do diálogo. Vitor Hugo é um aliado de primeira hora do ex-presidente e foi o primeiro a apoiá-lo em Goiás.
Racha no PL goiano
A indisposição dentro do partido começou após o vereador intermediar uma visita do vice-governador, Daniel Vilela, a Jair Bolsonaro, em Brasília, no final do ano passado. O episódio provocou um racha no PL goiano, que chegou a divulgar uma nota oficial criticando a atitude do parlamentar. Na ocasião, o partido emitiu um comunicado dizendo que “atitudes como essa não representam os propósitos partidários da sigla, mas sim interesses pessoais de um filiado que possui pretensões claras de viabilizar sua candidatura ao Senado sem o aval da agremiação, de modo que não serão toleradas novas condutas de igual teor.”, sugerindo até mesmo a expulsão de Vitor Hugo. da sigla. No entanto, O Hoje apurou que a iniciativa do encontro partiu de Vilela e que foi bem recebida por Bolsonaro.
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Nos bastidores, a reação do PL foi considerada “um tiro no pé”, pois comprometeu a unidade do partido e expôs de forma “desnecessária” tanto o parlamentar quanto o ex-presidente. Avalia-se que o maior prejuízo recaiu sobre a própria cúpula estadual do PL, representada pelo senador Wilder Morais, que almeja o cargo de governador em 2026, e pelo deputado Gustavo Gayer. Um ponto, porém, é inegável: entre os três, Vitor Hugo é o mais próximo de Bolsonaro e parece desfrutar de sua total confiança. Líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Vitor Hugo continua sendo um dos mais obstinados defensores do ex-presidente e a ligação apenas evidencia isso.
Fontes da Câmara de Goiânia informaram ao O Hoje que, pelo menos entre os quatro vereadores do PL no parlamento municipal, o clima é de unidade em contraste com o clima de tensão gerado pela cúpula estadual. Segundo apurações, ainda persiste um ressentimento por parte de Wilder Morais e Gustavo Gayer em relação ao episódio envolvendo Vitor Hugo. Diante da polarização que já existe no país, a cúpula estadual do PL tem pouco a ganhar semeando divisão entre seus correligionários – essa estratégia pode, inclusive, enfraquecer o projeto político de Wilder Morais para 2026.
CEI da Saúde
O vereador Vitor Hugo solicitou ao presidente da Câmara de Goiânia, Romário Policarpo (PRD), para instaurar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) com o objetivo de investigar a crise na saúde da capital durante a gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (SD), especificamente nos anos de 2023 e 2024. Para que a CEI da Saúde seja instalada, são necessárias 13 assinaturas; até o momento, Vitor Hugo já conquistou seis e precisa de mais sete. Segundo o vereador, a expectativa é que as investigações tenham início logo após o retorno das atividades legislativas da Câmara, previsto para 4 de fevereiro.
Embora a CEI não atinja diretamente o atual prefeito Sandro Mabel (UB), O Hoje apurou que as investigações podem beneficiar sua gestão, ao expor as condições precárias da saúde na administração anterior e abrir espaço para a reconstrução do setor na capital.